segunda-feira, novembro 09, 2009

Nos vinte anos da queda do Muro - II.




Faz hoje vinte anos que caiu o Muro de Berlim. Para a minha geração isto quer dizer muito pouco. Mas para a geração acima a queda do Muro é o símbolo da ruína do "Império do Mal".

Para a minha geração, que aprendemos a cartilha história do Marxismo, a União Soviética e o Comunismo são apenas mais um império e mais uma ideologia. Com algumas coisas más, mas também com coisas boas. Os livros de história do ministério preferem falar da resistência contra o nazismo de Estaline em vez das centenas de milhões de mortos que os vários regimes comunistas produziram.

A queda da U.R.S.S. têm vários protagonistas. Mas existem quatro que sobressaem, quanto mais não seja porque à luz dos critérios humanos nunca teriam sido protagonistas de nada.

Primeiro, um electricista dos estaleiros de Gdanks. Lech Walesa fundou o primeiro sindicato não estatal do bloco soviético. Resistindo as ameaças, as perseguições e a violência, seguido filialmente os conselho do grande papa João Paulo II, conseguiu derrubar com o Solidariedade a regime comunista.

Depois uma mulher. A primeira a ser primeiro-ministro de Inglaterra. Pró-América e anti-comunista, numa altura em que a Europa se encontrava dominada por uma dormência pacifista por uma elite cultural marxista. Margaret Tatcher acabou por ocupar o 10 de Downing Street por 12 anos, mais do qualquer outro inquilino.

Depois um velho republicano que chegou a presidente dos Estados Unidos quando, depois do escândalo de Nixom, todos davam o Partido Republicano como acabado. Acabando com tibieza da administração Carter, Ronald Reagan não teve medo de chamar à U.R.S.S. o "Império do Mal" e de combater por todos os meios o comunismo. Num mundo que o odiava (o Partido Comunista Português abandonou a sala quando Reagan falou no nosso parlamento) nunca recuou diante do perigo comunista.

E por fim, talvez aquele que mais fez pelo fim do comunismo soviético, o Servo de Deus João Paulo II. Um papa conservador, numa Igreja cada vez mais progressista e permeável ao marxismo. Um papa do leste, vindo de um país ocupado pelos russos. Com o seu carisma, a sua capacidade política, mas sobretudo com o testemunho da sua santidade foi essencial para o fim da U.R.S.S..

Esta quatro personagens, heróis improváveis da história moderna, apagados dos livros de história, são a prova de que, apesar de todos os planos do homem Cristo é Senhor da História. Pois se a nós nos parece que era evidente a queda do regime soviético, há 30 anos não o era.

Nos vinte anos da queda do Muro.



Discurso de Ronal Reagan na Porta de Bradenburgo, 12 de Junho de 1987.




When I met Pope John Paul II a year ago in Alaska, I thanked him for his life and his apostolate. And I dared to suggest to him the example of men like himself and in the prayers of simple people everywhere, simple people like the children of Fatima, there resides more power than in all the great armies and statesmen of the world.

Discurso de Ronal Reagan na Assembleia da Républica no dia 5 de Maio 1985. Discurso completo aqui.

quinta-feira, novembro 05, 2009

A Igreja Católica: Construtora da Civilização







Par os mais preguiçosos há um documentario feito pelo autor do livro que falei no post anterior chamado "The Catholic Church, Builder of Civilization". São ao todo 13 episódios. Encontrei no YouTube os três primeiro com legendas em brasileiro (embora existam mais episódios disponíveis ainda não tive tempo para pesquisar convenientemente).




Estou a acabar de ler o livro "O Que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica" editado pela Alêtheia (18€). Neste livro Thomas E. Woods Jr. aponta vários facto como prova de que a civilização ocidental é filha da Igreja Católica.

O livro não é muito extenso e o autor raramente se embrenha em teorias. Vai apontado factos, recorrendo ao máximo a citações da época ou de historiadores, para demonstrar a importância da Igreja na construção da civilização europeia.

Dividido em capítulos específicos (que vão desde os mosteiros à economia) Thomas E. Woods Jr. demonstra como foi a fé num só Deus, Criador de todas as coisas, que permitiu explorar a razão. Foram os monges católicos os primeiros a perceber que o universo estava organizado segundo regras imutáveis pois nada a ser Deus existia por si mesmo.

Isto permitiu compreender que o mundo podia ser explicado pela razão. Foi deste uso da razão que nasceram coisas a geologia, a astronomia, os primeiros passos da economia ou o direito internacional.

Destruindo o preconceito de que a Igreja é inimiga da Ciência o livro conta a história de dezenas de padres que foram também cientistas que permitiram o nascimento de diversos ramos da ciência como a geologia (Padre Nicolau Steno) ou dar os primeiros passos em ramos da medicina como a oftalmologia (Pedro Hispano mais tarde Papa João XXI).

Vale muito a pena ler este livro. Porque mesmo tendo a certeza que a fé nunca foi contra a ciência ou contra a razão é sempre bom saber os factos.

A Viela - letra de Guilherme Pereira da Rosa. Música, Fado Cravo, Alfredo Marceneiro



Fui de viela em viela
Numa delas dei com ela
E quedei-me enfeitiçado
Sob a luz dum candeeiro
Estava ali o Fado inteiro
Pois toda ela era fado

Arvorei um ar gingão
Um certo ar fadistão
Que qualquer homem assume
Pois confesso que aguardei,
Quando por ela passei,
O convite do costume

Em vez disso, no entanto,
No seu rosto só vi pranto
Só vi desgosto e descrença
Fui-me embora amargurado
Era fado, mas o fado
Não é sempre o que se pensa

Ainda recordo agora
A visão que ao ir-me embora
Guardei da mulher perdida
A pena que me desgarra
Só me lembra uma guitarra
A chorar penas da vida.



A beleza do fado é que não deixa de fora nada da humanidade. Tudo parece suscitar um espanto, uma pergunta, uma curiosidade. Desde de um namorico no Mercado da Ribeira até a uma prostituta numa rua.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Crucifixos nas escolas.

O Estado é e deve ser laico. Ou seja, o Estado não deve impor nem promover nenhuma religião.

O Estado deve assegurar ensino gratuito para as crianças. Isto poder fazer-se através de uma rede de escolas publicas, subsidiando escolas privadas para que recebem crianças gratuitamente ou criando escolas públicas cujo a administração esteja confiada à comunidade escolar.

Os pais devem ter liberdade para escolher como querem educar os filhos. A liberdade de educação só pode existir se os pais poderem de algum modo ou escolher livremente (sem terem que pensar no dinheiro) a escola onde colocam os filhos ou então poderem participar activamente na administração da escola dos filhos.

Serve isto para dizer que, mesmo respeitando o Estado Laico, se os pais querem ou não se importam que os filhos tenham uma cruz na sala de aula então o Estado não tem nada que mandar retira-la. Não cabe ao Estado decidir se os meninos são educados na fé, mas sim aos pais.

Se, entre uma maioria de pais que quer ou é indiferente à cruz na sala, houver algum que se sinta incomodado então o Estado deve assegurar que esse pai pode enviar o filho para outra escola onde não existam crucifixos nas paredes.

Digo isto porque ontem o Tribunal dos Direitos do Homem deu razão a um pai que protestou contra uma cruz que estava na sala de aula do filho. O que TDH não percebe é que o Estado tem que ser laico, as pessoas não.

quarta-feira, outubro 28, 2009

Lendo os outros.

O Público, sobre o novo livro de Saramago, publicou um longo artigo de um judeu agnóstico mas especialista em religiões comparadas. Sobre o artigo vale a pena ler este post do Cachimbo de Magritte:

"Tive um grande professor na Universidade. Chama-se João César das Neves. Não é só um grande professor de economia. É um grande professor. Ponto. Mesmo antes de ser meu professor, já eu o importunava, anos a fio, quase semanalmente com perguntas, umas mais comezinhas, do género de lhe pedir para comentar pela seiscentésima vez os 2,4% de inflação ou de aumento do consumo privado, outras menos. Era jornalista, e a profissão obrigava. E ele respondia sempre, com paciência. Aprendi imenso com ele. Além da inteligência e do saber, a ironia e a generosidade são os seus grandes dons.

Um dia, para explicar a não tão comezinha questão da relação entre o ponto de vista e o objecto visado, disse assim: «Até é possível analisar o fenómeno do beijo, ou um poema, do ponto de vista económico. O problema é que, desse ponto de vista, nada de essencial se aprende sobre o assunto.»

Assim com o ponto de vista estético sobre a Bíblia. Vem isto ainda a propósito da «brutalidade» de Richar Zimler. Aqui em baixo. "

O Anjo da Guarda do Papa



Morreu Camillo Cibin, conhecido como o Anjo da Guarda do Papa. Durante sessenta anos trabalhou na segurança do Vaticano. Durante mais de vinte anos acompanhou o Papa João Paulo II em todas as suas viagens. Foi ele que saltou para a multidão e apanhou Ali Agca depois de ele disparar sobre o Papa. Foi ele que deteve o padre Krohn em Fátima, quanto este avançou com uma faca para atacar Sua Santidade.

Nunca tinha ouvido falar de Camillo Cibin até hoje. Comoveu-me ler a sua história. A história de alguém que dedicou toda a sua vida defender o Papa. Que Deus o acolha junto dos Santos Pastores que ele guardou e defendeu.

sexta-feira, outubro 23, 2009

"O Estado e a Igreja em Portugal no início do séc. XX - A Lei da Separação de 1911", Padre João Seabra.

Estou neste momento a ler o livro “O Estado e a Igreja em Portugal no início do séc. XX - A Lei da Separação de 1911”, versão simplificada da tese de doutoramento que o Padre João Seabra apresentou na Faculdade de Direito da Universidade Pontifícia Urbaniana. O livro é editado pela Princípia e pode ser encontrado em qualquer livraria (custa 21,90€).

Nas páginas deste livro é bastante fácil reconhecer o estilo do Padre João Seabra. Por um lado todo o rigor cientifico e académico que uma tese requere, sem nunca se afastar ou manipular os factos a seu favor. Mas ao mesmo tempo, aplica todo o seu espírito critico, a sua capacidade de ironia, de sarcasmo e a sua velocidade de pensamento para desfazer o mito da confessionalidade da monarquia liberal e da laicidade republicana. Impressionante ver como o Padre João vai completando um puzzle com os factos dispersos. Não é que o autor tenha de repente descoberto um facto novo, que nenhum outro historiador conhecesse. Simplesmente encaixou-os. A capacidade de tornar algo de complicado numa exposição simples é apanágio dos grande mestres.

O primeiro capitulo é sobre a situação da Igreja durante a monarquia liberal. Este período tem sido alvo de muita propaganda, desde dos alvores do movimento republicano, para fazer crer que a Igreja teria sido beneficiada pelo Estado e que tinha sido a república a acabar com esta situação.

Contudo, desde 1833 até à república, a Igreja foi perseguida e submetida ao poder do Estado. Os bispos foram sendo imposto ao Papa pelo Rei, apoiado pelas cortes (estas nomeações eram sobretudo políticas), os párocos passaram a ser nomeados por concurso público e os padres passaram a ser funcionários públicos, estando por isso sobre a alçada do Estado. A somar a isto tudo está a expulsão da ordens religiosas, com o respectivo roubo de todos os seus bens.

Ora, embora o catolicismo fosse religião de Estado, os liberais moveram durante 80 anos uma guerra à Igreja. Já no último governo monárquico, Teixeira de Sousa tentou expulsar mais uma vez os jesuítas. O regalismo cartista tinha reduzido a Igreja Portuguesa a uma repartição estatal: padres que eram caciques eleitorais, bispos nomeados por amizades políticos e todo um clero cada vez mais mal preparado e em desunião com o Santo Padre.

Os capítulos seguintes tratam de enquadrar historicamente a Lei da Separação no contexto do 5 de Outubro e de explicar como esta lei foi utilizada para perseguir e oprimir a Igreja.

O que Padre João demonstra na sua tese é que, embora a lei de 20 de Abril de 1911 seja formalmente (para ser mais exacto, nominalmente, pois mesmo na forma a lei é discriminatoria) uma lei de separação do Estado da Igreja, materialmente limitou-se a submeter em quase todos os aspectos a Igreja ao Estado.

Na perseguição à Igreja durante a República existe uma primeira fase, mais desorganizada e menos sistemática, caracterizada por uma acção de rua (logo a 5 de Outubro dois padres foram mortos e nesse mesmo mês o bispo de Beja teve que fugir do país para não o ser) e por medidas legislativas avulsas.

A 8 de Outubro de 1910, Afonso Costa expulsa de Portugal todos os jesuítas portugueses e estrangeiros, expulsa também os religiosos estrangeiros de outras ordens e dissolve as todas as ordens religiosas. Obviamente, confisca os poucos bens que as ordens tinham conseguido readquirir após a expulsão por Dom Pedro IV.

Até à Lei da Separação Afonso Costa vai tomando várias medidas, das mais gerais (como a o Código do Registo Civil que legisla a necessidade do registo civil para a celebração dos sacramentos) até às mais concretas (a destituição do Bispo de Beja, para qual inventará leis).

Mas a obra-prima é a Lei da Separação. Aí, de modo sistemático, Afonso Costa vai submeter todos os aspectos da vida da Igreja, desde a caridade ao culto, ao Estado.

Para não me alongar ainda mais falarei só dos dois pontos principais: as cultuais e as pensões eclesiásticas. Pontos esses que originarão de facto a separa da Igreja do Estado.

Não há um momento na república em que formalmente os bens da Igreja passem para o Estado. Para a Lei da Separação esses bens são do Estado, como se sempre tivessem sido. Todas as Igrejas, catedrais, colégios, seminários, hospitais, paços episcopais, residências paroquiais, alfaias litúrgicas. Nem os quintais dos pobres priores de aldeia escapam.

Contudo, o Estado cede para utilização os templos e as alfaias na igrejas onde se constituam cultuais. Ou seja, congregações, nas quais os ministros de culto não podem fazer parte dos órgãos, que administram o culto. Serão por isso as cultuais que ficarão responsáveis pelo culto, independentemente dos priores e dos bispos.

Por outro lado, depois de acabar com todas as formas de sustento do clero a lei dispõem que podem receber uma pensão do Estado os bispos e os párocos dos templos que onde se constituam cultuais. Para além disso os padres que celebrem o culto nas suas paróquias podem usar, a titulo gratuito, a residência paroquial, na medida das suas necessidades.

Ou seja, por um lado submete a si a administração das Igrejas. Por outro só permite aos padres que se submeterem a autoridade do Estado e não a do Papa e dos bispos, obter meios de sustento. Ainda para mais, uma pensão paga pelo Estado à cultual para depois a cultual pagar ao padre. Ou seja, o total vexame e submissão dos padres, tratados como funcionários de uma qualquer repartição estatal.

Os bispos recusam estas condições e instam os padres a recusa-las também. Ou seja, abdicam todos os bens, submetem-se a todos os vexames para defender a Libertas Ecclesiae. Recusam-se a trocar a comunhão com o Papa pela salvação dos bens. O resultado disto será que a Igreja perderá todo o seu património.

Contudo, e aqui chegamos ao ponto central da tese do Padre João, ao recusar qualquer controle do Estado sobre a Igreja, ao recusar qualquer dependência do Estado, os bispos e os padres na prática separam totalmente a Igreja do Estado.

Este livro é de facto muito importante. Primeiro para combater o mito que se instalou de que a Igreja teria sido benefeciada pela monarquia e que portanto mesmo os excessos da república que se reconhecem têm um pouco de justiça, como se fosse uma luta contra um opressor. Este é um mito no qual acreditam muitos católicos.

Depois é importante porque quem não recorda os erros do passado está condenado a repeti-los. É preciso perceber que muitos dos ataques que hoje vemos à Igreja, supostamente novo e frutos da liberdade actual, têm de facto 100, 170 e às vezes 260 anos.

Por fim, nos tempos que avizinham é sempre importante olhar para o testemunho daqueles que vieram antes de nós, que por amor a Cristo, ao Papa e a Libertas Ecclesiae, passaram por vexames, perseguições, prisões e viveram na pobreza.

É de facto uma graça que o Padre João tenha publicado a sua tese. Fazem falta padre que não tenham medo de afirmar a glória da história da Igreja em Portugal: uma história com falhas e pecados, mas sobretudo uma história de missão, santidade e coragem da qual nós, pela Graça de Deus e pela paternidade de sacerdotes como este autor, somos herdeiros.

P.S.: Já agora, fale a pena ouvir as declarações do Padre João na R.R., aqui.

O Filho Pródigo




Foi ontem anunciado que o Santo Padre vai publicar uma Constituição Apostólica que irá facilitar a entra na Igreja aos anglicano que o queiram.

Nas últimas décadas a Igreja Anglicana têm-se divido cada vez mais. Não tendo grandes diferença doutrinais com a Santa Madre Igreja, até à pouco tempo a grande diferença entre a Igreja de Inglaterra e a Igreja Católica era a comunhão com o Papa.

Contudo a admissão de mulheres ao sacerdócio e ao episcopado, assim como posteriormente a admissão de clérigos homossexuais começou a provocar cisões entres os que se mantinham fiéis a doutrina cristã e aqueles que se deixaram levar pelas novas tendências.

O resultado foi que cada vez mais padres e bispos anglicanos se converteram. Para facilitar a conversão, o Santo Padre na sua paternidade, decidiu publicar esta Constituição Apostólica que permitirá a muitos anglicanos regressar a casa.

SEMPER FIDELIS!

Arcebispo Português nomeado secretário do Colégio dos Cadeais.

O Santo Padre Bento XVI nomeou D. Manuel Monteiro de Castro secretário do Colégio dos Cardeais.

O Senhor Arcebispo, que tem exercido a sua missão pastoral ao serviço da diplomacia da Santa Sé, foi durante nove anos Núncio Apostólico em Madrid. Há um mês foi chamado por Sua Santidade a Roma para servir como secretário da Congregação dos Bispos que decidiu agora nomea-lo secretário do Colégio dos Cardeais.

Rezemos por D. Manuel Monteiro de Castro para que o Senhor o ajude nesta nova missão.

SEMPER FIDELIS!

Que Deus lhe conceda a Salvação.

Saramago bem tentou, mas não conseguiu. O nosso Nobel queria uma polémica sobre o seu livro e bem se esforçou, dizendo disparate atrás de disparate a ver se irritava alguém. Os media, sempre pronto a satisfazer os nosso intelectuais, bem que se esforçou, pressionando padres e bispos a comentar os dislates de José Saramago. A resposta foi sempre a mesma: num tom afectuoso, de caridade para com um velho ateu, os padres e bispos limitaram-se a explicar que Saramago não conhecia bem a Bíblia.

Contudo, não contente com resultado, o escritor explicou hoje que o seu livro causou muitos anti-corpos e reacções adversas na Igreja por parte de pessoas que não o leram. Confesso que a única pessoa que eu ouvi comentar com ar mais irritado, comparado o Nobel aos Gato Fedorento, foi o padre Carreira das Neves que estava a ler o livro. José Saramago começa a parecer-se com aquelas crianças pequenas que chateiam os mais velhos para desatar a chorar quando eles pedem para parar.

No fim desta falsa polémica, criada para vender livro, fiquei com pena. Pena de um homem velho, com a morte à espreita, que orgulhosamente prefere a sua razão à salvação. Que o Senhor o ilumine e lhe conceda a Graça do arrependimento antes de passar ao outro mundo.

quinta-feira, outubro 15, 2009

Roubados, perseguido e oprimidos. No fim paguem a conta.

Li hoje no Público que um qualquer instituto do Estado, alertado por um grupo de cidadãos cheios de consciência cívica, mandou parar as obras para substituir um grade lateral da Sé que estava em riscos de ruir.

Sendo a Sé propriedade do Estado, para além de Património da Cultura, não se pode lá fazer obras sem autorização estatal. Ou seja, não tendo ficado satisfeitos por roubar a Sé o Estado português prefere ainda deixa-la cair do que tomar ou deixar alguém conta dela. Isto aliás é um acontecimento recorrente em todas as Igrejas que são propriedade do Estado. Veja-se a fachada dos Jerónimos ou o tecto de Santo António de Campolide.

Perante isto, ainda existem grupos de cidadãos que zelam pelo direito do Estado ao património espoliado à Igreja. Fomos roubados, perseguidos, oprimidos e no fim ainda vamos ter que pagar a conta dos restauros. Mas Deus nos livre de impedir um tecto de cair sem autorização do estado!

segunda-feira, outubro 12, 2009

"Caminha o Homem quando sabe bem para onde ir"

"Porém, aquilo que mais me toca e tocará, que mais me afecta e afectará, é o empenho dos excelentes e a miséria dos medíocres"

Lembrei-me desta frase, posta na boca de César no livro "O Primeiro Homem de Roma: as Mulheres de César" por causa da eleições de ontem em Lisboa.

Antes de mais, antes de qualquer conclusão ou explicação, é preciso dizer que perdemos porque tivemos menos votos. Eu sei que este pensamento assim parece apenas uma observação básica e tonta. Mas é preciso não nos esquecermos que acima de qualquer teoria ou ideia ergue-se a realidade. Nas eleições autárquicas ganha quem tem mais um voto. Indiferentemente de quem é melhor Homem, de quem trabalhou mais, de quem é mais competente ou mais honesto, no fim ganha quem o povo escolhe.

Dito isto, existe um facto muito relevante que ditou a derrota de Pedro Santana Lopes ontem à noite. A deslocação maciça de votos do Bloco e do P.C. (a diferença entre os votos para a Assembleia Municipal e os votos para a Câmara deste dois partidos foi de 11.000) para a "açorda" de António Costa foi fatal para a coligação "Lisboa com Sentido". Se a estes votos somarmos todos os monárquicos patetas que se recusaram a votar numa coligação onde estivesse o PPM, os moralistas que fazem gala em não votar PSL em nome de valores morais elevados e alguma dispersão do voto católico pelo MEP (quase dois mil votos), a derrota de ontem parece fácil de explicar.

Contudo, não é verdade que a derrota de ontem seja só por causa destes factos. Tendo estado um mês empenhado na campanha, juntamente com alguns dos meus amigos, percebi que havia muita gente dentro do CDS e do PSD que variavam entre uma indiferença em relação ao resultado e uma clara má-fé para com PSL.

Contra toda uma máquina partidária, fundos infindos e uma comunicação social amigável Santana só dispunha de algumas pessoas do PSD e de um punhado de pessoas de Comunhão e Libertação. Muitas vezes nas campanhas de rua os universtiários do CL foram mais do que os jovens dos partidos.

Durante o último mês vi o empenho pessoal que poucas dezenas de pessoas puseram ao serviço de um projecto e de um homem em que acreditavam. Pessoas que se desdobravam em mil para fazer tudo: telefonemas, panfletagem, organização, arruadas. Com cinco ou seis pessoas assegurou-se uma exposição permanentemente aberta durante dez dias em Belém. Com a disponibilidade de alguns universitários, que entre aulas deram o seu tempo para esta campanha, assegurou-se um autocarro que vez campanha todo o dia durante 21 dias.

Mas perante este entusiasmo de quem luta pelo que acredita esbarramos no pequeno calculo politico-partidário, na mesquinhez de quem está mais interessado no partido do que na cidade, na sofreguidão de quem já se imagina a ser assessor de uma nova direcção do PSD, para a qual dava muito jeito uma derrota em Lisboa.

Perante isto, ou uma pessoa têm claro a razão por que faz as coisas ou desespera face à derrota e à pequenez. De que valeram estes dias de trabalho intenso se no fim fomos derrotados? Serviram para aquilo de que toda a nossa vida deve ser sinal: da presença de Cristo!

Nós, os de Comunhão e Libertação que participaram na campanha, demos testemunho de uma outra forma de fazer política fruto de uma outra forma de viver: certos daquilo que encontramos, desejosos de o anunciar, movidos por uma paixão pelo humano nascida do encontro com Cristo.

Por isso mesmo na tristeza da derrota, na dor da injustiça de ver eleito alguém que nada fez e nada fará por Lisboa, permanecemos certos de que tudo é e será para a nossa felicidade.

O Nobel da Ilusão

Antes de mais é preciso dizer que o Nobel vale o que vale. A opinião de cinco pessoas nomeadas pelo parlamento norueguês não é equivalente a uma eleição universal.

Contudo a vitória de Obama é sintomática do nosso tempo, onde a fantasia vale mais do que a realidade.

Todas as promessas emblemáticas que o presidente americano fez durante a campanha não foram cumpridas. Não fechou Guantanamo, a retirada do Iraque será decidida em 2012 e já enviou mais 20.000 homens para o Afeganistão, estando neste momento a pensar enviar mais 40.000.

Mesmo os dois exemplos de actos de paz referidos pela comissão do Nobel são apenas realpolitik. A aproximação à Rússia foi feita sacrificando a Geórgia em prol do apoio russo em relação ao Irão. Em relação à China, o Nobel da Paz ignorou os atropelos aos direitos do homem (na visita que o Dalai Lama fez agora aos E.U.A. Barack não o recebeu) de modo a garantir boas relações com aquela que é a maior potência económica do mundo.

Mas estes factos não são acusações contra o presidente dos E.U.A.. Não há muito que ele pudesse fazer em relação a estes assuntos, alguns herdados da anterior administração. O problema é que as circunstâncias, ao contrário do que a Obamamania pensa, não podem ser mudados por palavra bonitas e pensamentos positivos.

E este é um dos grande problemas de Obama. Conseguiu criar uma fantasia à sua volta, que lhe confere uma aura de salvador da humanidade. Mas realidade irá encarregar-se de desmentir esta fantasia. Como dizia o Honest Abe: "É possível enganar algumas pessoa todo o tempo, é possível enganar todas as pessoas por algum tempo, mas não é possível enganar todas as pessoas todo o tempos".

terça-feira, outubro 06, 2009

A Republica

Eu sou monárquico. Penso que a monarquia é o melhor regime para o país. É preciso não confundir o regime com a forma de governo. Acredito num regime monárquico e num governo democrático (preferencialmente à Inglesa, com círculos uninominais, onde os deputados não respondem ao partido mas aos seus eleitores.

Sou monárquico porque o Rei é um verdadeiro símbolo do país, que se encontra acima das pequenas questões partidárias. Alguém ensinado desde criança para ser Chefe de Estado. Veja-se a importância que o rei teve na Bélgica, quando esta teve mais de um ano sem governo. Ou em Espanha, na resistência ao terrorismo e na defesa da democracia. Ou, recuando mais no tempo, o papel do Rei de Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas independentemente da questão do regime, ontem celebrou-se um dia negro para Portugal. O 5 de Outubro foi uma revolução da Carbonária e da Maçonaria, sem apoio popular. Foi o culminar do processo iniciado com a morte do Rei e do Príncipe dois anos antes.

Com o 5/10 instalou-se uma ditadura popular, onde os formigas branca e a polícia garantiam o poder do Partido Democrático. Jornais foram fechados, sindicatos perseguido, mas sobretudo, a Igreja foi continuamente e metodicamente alvo de uma tentativa de destruição.

Por isso é uma vergonha nacional que se festeje o 5 de Outubro. Porque nesse dia não foi a republica como regime que foi instaurada, mas sim um regime totalitária e anti-clerical, que permitiu o caos, a destruição e a morte durante 16 anos.

quinta-feira, setembro 24, 2009

domingo, setembro 20, 2009

"A pianista que comoveu Estaline"

Maria Yudina, a maior pianista russa do século passado, não podia gravar discos por causa da sua oposição ao regime comunista. Profundamente cristã dizia que primeiro procurava tocar para encontrar Deus mas que com o tempo procurava Deus para encontrar a música.

Uma vez, enquanto a telefonia transmitia ao vivo um concerto onde tocava o concerto nº 23 de Mozart para piano, Estaline ouvi-a e disse que queria o disco. Incapazes de dizerem ao ditador que não existiam discos de Maria Yudina, os seus subordinados arrancaram-na de sua casa e gravaram o disco durante a noite. Diz-se que Estaline começou a chorar mal ouviu as primeiras notas. Quando morreu, em 1953 estava a ouvir esse disco.

Para além do concerto deixo a carta que Maria Yudina escreveu a Estaline a agradecer o donativo que este lhe fez depois de ouvir o disco.

"Dear Josef Vissairyonovich,

I wish to thank you for your most generous gift and express to you how much it touched my heart. I will continue to pray for you and your soul every day and every night for the rest of my life. Please remember that
God's love for you is as infinite as His mercy, and if you but confess and repent He will forgive your many sins against our homeland and our countrymen.

Once again, I wish to thank you for your gift. I have donated it in its entirity to the church which I regularly attend.

Most sincerly,
Maria V. Yudina"








É comovente e ao mesmo tempo arrepiante perceber que mesmo no peito de um homem que parece um demónio está um coração como o nosso, capaz de se comover diante da beleza.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Trans-espécie.

Em tempos um dos escribas deste blog teve a gloriosa ideia de fundar um partido, de seu nome "Esquerda Moderna". Este partido estaria, no espectro político, situado à esquerda do PNR. Defendia então o BGC que era necessário a despenalização da fuga ao fisco (pois são milhares os pais de família pobres que fogem ao fisco em vãos de escada, enquanto os ricos o fazem em segurança na Suíça) e um Chinês em cada casa para aumentar a produção nacional.

Contudo o tempo foi destruindo este entusiasmo de juventude do meu amigo e ele acabou por desistir do seu projecto político (que hoje, com a distância que só o tempo permite ter, me parece que poderia ter tido um papel fundamental na nossa política).

Contudo, hoje, li num blog que há um grupo que luta para que a transgenia (ou seja tentar mudar de sexo através da mudança de genitais) deixasse de ser considerada uma doença mental. Mas só isto não basta. Eu também penso que a genitália e as hormonas não definem uma pessoa, como aliás o seu próprio corpo. É preciso lutar para que a trans-espécie deixe de ser considerada uma doença mental.

Porque é que alguém que nasceu pássaro num corpo de homem há-de ser considerado louco? Como pode o Estado discriminar assim milhares de cidadãos que se sentem estranhos no seu próprio corpo?

E este caso é ainda mais grave do que o dos transsexuais. Pois estes quanto muito têm de ir ao psiquiatra, enquanto os trans-especiais são muitas vezes fechados em hospitais psiquiátricos.

Ainda no outro dia uma amiga me contava que na terra da sua família paterna há um homem que é um carro. Anda na estrada como os carros, buzina como os carros, sente-se carro. Contudo já foi muitas vezes enclausurado em autênticas prisões simplesmente por ser um carro no corpo de um homem.
O Estado deve não só não considerar este homem como um doente, mas conceder-lhe todas as possibilidades para que possa ser um carro não só de espírito, mas também de corpo. Deve ter direito a uma operação de mudança de espécie grátis no SNS, a mudar de documentos (do BI para um livrete) e a uma matrícula.

Amigos, preciso que apoiem a Esquerda Moderna nesta sua nova luta contra a discriminação da trans-espécie, que permanece como uma nódoa sobre a nossa sociedade!

Portugal e a Europa

Nos nosso dias é importante que a Europa esteja unida. Não só do ponto de vista económico, mas também do ponto de vista de politica externa.

Contudo, não me parece que esta unidade passe por um estado federal ou pela obrigatoriedade de uma politica externa comum. Seria ridículo não aproveitar as particularidades de cada um dos países da UE do ponto de vista das relações com outros países. Basta pensar na relação de Portugal com os PALOPS.

Ora esta unidade deve ser assegurada pelos órgãos próprios da União Europeia. A UE não existe para uma ideia abstracta de Europa, mas para fortalecer os Estados-membros. Para alcançar estes objectivos esses Estados cederam alguma da sua soberania, mas não toda.

Para zelar pelo bem particular de cada país existem os órgãos de soberania próprios de cada nação. Não cabe ao governo português zelar pela unidade da Europa contra os interesses de Portugal. Muito pelo contrário, cabe ao governo português tentar assegurar uma melhoria de vida ao nosso país dentro da UE.

Por isso, acusar Manuela Ferreira Leite de ser anti-europeísta ou anti-integração por dizer que não tenciona defender os interesses de Espanha é ridículo. A União Europeia não existe para que Portugal sacrifique os seus direitos e a sua soberania em favor de Espanha. Mas para que Portugal possa fazer face a um mundo onde cada vez mais potências isoladas detêm tanto poder como a Europa toda junta.

sexta-feira, setembro 11, 2009

"Então dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus."

Esta frase de Nosso Senhor é uma das frase preferidas dos pensadores modernos. Usam-na sempre que a Igreja diz qualquer coisa sobre política. Fazendo uma interpretação muito livre e muito própria usam esta frase para tentar justificar a opinião de que a Igreja se deve limitar à sacristia.

Ora é preciso distinguir duas coisas. Primeiro, a Igreja não é política e não deve fazer política. Sempre que a Igreja foi metida em políticas acabou sempre com a sua liberdade ameaçada e submetida ao Estado. Relembro só que pelo menos dois chanceleres de Inglaterra são santos mártires (São Tomás Moro e São Tomás Becket) exactamente por darem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (ou como diria São Tomás Moro "morro fiel súbdito do Rei, mas primeiro Deus").

Contudo, a Igreja está no mundo: "Eu não peço que os tires do mundo mas que os salve do maligno. Eles não pertencem ao mundo tal como eu não pertenço ao mundo. Consagra-os na verdade. A Tua palavra é a Verdade. Como Vós me enviastes ao mundo, também Eu os envio ao mundo". A Igreja está no mundo para testemunhar Cristo, a todo o mundo, em todo o mundo. Não há áreas da vida onde Jesus possa ser excluído ou onde a Igreja não o deva anunciar presente. E isto, em relação à política reveste dois aspectos:

1) A hierarquia da Igreja, que tem o dever de guiar o povo cristão não pode deixar de ajuizar e aconselhar o seu rebanho nas questões sociais. Dar testemunho da Verdade é também desmascarar a mentira e corrigir o erro. É também indicar o caminho melhor para uma sociedade justa.

2) O povo cristão tem o dever de se empenhar na sociedade. O amor a Cristo impele-nos a dar testemunho dele em todas as circunstâncias. Esse testemunho traduz-se num amor ao homem, à justiça e ao bem comum. Por isso um católico não se pode não empenhar na política, na condição em que chamado a vivê-la. Quer seja fazer campanha, ser candidato, ou simplesmente votando.

Não devemos cair na tentação de dizer "eu sou católico, mas isso não interessa para a política". Ser católico interessa para a vida inteira, porque ser católico é entregar toda a vida a Cristo, em cada uma da circunstâncias em que Ele nos coloca.

Família

Ontem foi discutido no parlamento o veto do presidente da republica à nova lei das uniões de facto. Toda a esquerda considerou que Cavaco Silva tem uma visão conservadora do casamento e da família. Para a esquerda qualquer coisa que more debaixo do mesmo tecto e tenha um pouco de afeição é uma família e deve como tal ser reconhecida pela lei.

Contudo a família não é um mero punhado de pessoas que gostam uns dos outros. A família, embora se deva amar, não está sujeita a sentimentos e a sensações, mas ergue-se acima disso. "É ela a sociedade natural em que o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A autoridade, a estabilidade e a vida de relações no seio da família constituem os fundamentos da liberdade, da segurança, da fraternidade no seio da sociedade. A família é a comunidade em que, desde a infância, se podem aprender os valores morais, começar a honrar a Deus e a fazer bom uso da liberdade. A vida da família é iniciação à vida em sociedade." (cfr. Catecismo da Igreja Católica).

Ou seja, antes de mais, a família só pode nascer da comunhão de vida de duas pessoas. De uma mulher e de um homem que prometem partilhar toda a sua vida um com o outro até ao fim. A família não pode nascer de uma relação fortuita, de uma relação onde os intervenientes estão junto porque e enquanto lhes apetece.

Depois, a família não pode nascer de uma relação estéril, que não tem em si a potencialidade de gerar. E não vale a pena argumentar que há casais que não podem ter filhos ou que se casam já idosos. Embora não possam fisicamente ter filhos, podem adoptar, recriando assim o laço da paternidade.

Dois homens, mesmo que tomem conta de uma criança, não podem recriar a maternidade e a paternidade. Podem amar a criança, educar a criança, mas não podem ser pai e mãe. É impossível da união de pessoas do mesmo sexo gerar-se uma família, pois uma família precisa de uma pai e de uma mãe.

Por fim, a família partilha uma história, uma herança, a pertença a uma comunidade. Essa pertença só é superada pela pertença a Cristo. Ora, esta pertença não pode estar dependente de um sentimento. Os meus irmãos não deixam de o ser mesmo que eu já não os ame. Aquilo que partilhamos é mais forte e mais importante que qualquer sentimento. Por isso o Estado não pode mudar aquilo que é a família, porque não foi o Estado que a criou. Por isso, mesmo que toda a esquerda diga o contrário, mesmo que o presidente da republica defenda um novo "modelo de família" esta continuara a ser um homem e uma mulher, unidos em matrimónio, com os seus filhos.

domingo, setembro 06, 2009

Porque vou votar PSD.

Conforme se vai aproximando o dia 27 de Setembro vou me apercebendo da urgência de votar no PSD. Não acho que Manuela Ferreira Leite seja a panaceia para todos os males do país. Acho que é melhor do que a maioria dos barões do partido. É uma mulher séria, honesta, com um currículo fora da política e que encara a política como um serviço e não como sustento ou trampolim. Enfim, o contrário de José Sócrates.

Também é verdade que MFL tem cultivado esta imagem. Parte da sua campanha passa por se mostrar como o oposto de Sócrates. Enquanto o primeiro-ministro aposta tudo no espectáculo, nos media, na imagem, MFL dá uma imagem de quem lá está para trabalhar. Enquanto o primeiro ministro tem atrás de si uma aura de suspeição (caso da U. Independente, caso Freeport, caso das casas na Covilhã) a líder do PSD passa uma imagem de honestidade e seriedade. Mesmo nas questões dos "valores" Sócrates apresenta-se como um progressista, sedente de agradar as minorias, enquanto MFL mostra-se "conservadora". Não digo que MFL não seja estas coisas todas, mas não tenho dúvidas que as tem usado para marcar bem a diferença entre si e JS.

Mas é injusto reduzir o voto no PSD apenas ao voto útil. A verdade é que este programa do PSD (embora os programas costumem valer apenas o papel em que estão escritos) é bastante razoável. Curto, sem grandes promessas, aposta no apoio às PME, consagra a família como célula base da sociedade e tem um primeiro ensaio de liberdade de educação (escolha da escola, adaptação dos currículos pelas escolas).

Para além disso, embora se rodeie mal, Manuela Ferreira Leite é de facto a melhor de entre os candidatos. Portas, embora tenha um bom programa, é um homem demasiado tortuoso. Acha que vale tudo para chegar ao poder, na lógica de que é melhor um governo com o CDS do que um governo entregue ao PSD ou ao PS. Já MFL têm tido a coragem de defender ideias que não são populares e tem um passado político como pessoa séria e sem medo de defender aquilo que acha melhor.

Mas confesso que a grande urgência em votar no PSD vêm da urgência de derrubar este governo. Ao longo de quatro anos e meio José Sócrates tem promovido uma guerra sem quartel à família. Primeiro a lei da PMA que permite a utilização de embriões para experiências. Depois a lei do aborto a pedido, que já vitimou milhares de bebés em Portugal. A lei do divórcio, que alterou a natureza do próprio casamento, esvaziando os deveres que lhe são próprios até o transformar no reconhecimento jurídico de um sentimentalismo que têm a duração de uma sensação. As uniões de facto equiparadas ao casamento, que Cavaco Silva vetou, que era uma forma não só de esvaziar ainda mais o casamento, mas de criar a ideia de uma igualdade entre a união entre homem e mulher e a união de duas pessoas do mesmo sexo. Por fim, a promessa de tornar legal o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Na educação assistimos a tentativa de estatalizar mais a educação com uma avaliação dos professores baseada não em critérios de qualidade, mas nas notas dos alunos. Cortes nos apoios ao ensino privado. Um facilitismo cada vez maior nos exames a nível nacional. A nova lei de educação sexual, que é simplesmente vergonhosa, tirando aos pais a possibilidade de educarem os seus filhos nos valores que consideram melhores.

Mas, mais grave do que tudo isto, o ambiente de, para usar as palavras de Manuela Ferreira Leite, asfixia democrática em que vivemos. Estamos perante um governo fez pressão junto de directores de jornais para não criticas o governo. Que paga anúncios em forma de noticia no JN. Que acha normal a polícia ir aos sindicatos verificar quem participou em manifestações contra o governo. Que insulta e ameaça meios de comunicação social. Que têm a maior parte dos media a fazer-lhe publicidade. Um primeiro-ministro que impunemente aprovou grande obras que alteravam reservas ambientais quando estava num governo de gestão, que se licenciou a um Domingo. Um partido que, depois de colocar boys na Caixa Geral de Depósitos, conseguiu dominar o maior banco privado português. Enfim, o que torna mais urgente a derrota do PS dia 27 é a impunidade com que eles controlam o país, não para o bem deste, mas para seu proveito.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Asfixia.

Ontem e hoje, a noticia que domina é a suspensão do jornal apresentado por Manuela Moura Guedes nas sextas-feiras à noite. Todos os opinadores que não do PS apontam o dedo a Sócrates. Os socialistas defendem-se e dizem que isto foi feito para os atacar.

Eu acho que assuntos deste tipo são demasiado importantes para se escrever um opinião que não seja fundamentada em provas. Acusar o primeiro-ministro de afastar uma jornalista incomoda é algo de muito grave.

Contudo, é sintomático do estado do país que, quando um canal de televisão cancela um programa que diz mal do governo, todos pensem imediatamente que o partido que governa está por detrás desse facto.

Esta normalidade com que nós enfrentamos um facto que pode ser gravíssimo, prova que em Portugal há um clima de medo e desconfiança em relação ao poder. Até pode ser que não tenha sido o PS, mas ninguém duvida que podia ter sido. Aliás, a defesa dos socialista não é "nós nunca faríamos isso" mas sim "seria um disparate ter feito isso agora".

As reacções a este acontecimento vêm mais uma vez demonstrar a tal "asfixia" de que a Dra. Manuela Ferreira Leite têm falado tanto.

Lírismos.

Hoje o DN tinha como destaque na capa um título que dizia qualquer coisa como "Padres italianos contra o Papa". A noticia falava de 41 párocos de Itália que tinham assinado um artigo a defender a eutanásia.

Eu percebo que o jornalismo deva ter uma certa liberdade lírica, para dar algum interesse às noticias. Mas num país onde existem 383 bispos, 25.000 paróquias e um número infindo de padres, pegar num disparate de 41 padres e falar dele como se fosse um crítica geral do clero ao Santo Padre parece-me um pouco para lá do aceitável.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Katyn



Vi nas férias de Comunhão e Libertação o filme Katyn, sobre o massacre de 15 mil oficiais polacos em 1940 na floresta com o mesmo nome. Lembrei-me dele porque ontem o Público trazia uma reportagem sobre o assunto, fruto do pedido de desculpa de Putin pelas mortes destes polacos.

O filme é, antes de mais, um filme histórico. Ou seja, as histórias que conta não são factos romanceados ou condensados para caber no filme, mas são consequência dos acontecimentos históricos narrados.

E é importante recordar a história. Não por um ajuste de contas, que este filme não faz, mas porque quem não recorda os erros do passado está condenado a repeti-los. Como dizia num post anterior, a historia oficial tenta reduzir as atrocidades da Segunda Guerra Mundial a uma loucura momentania de alguns alemães. Mas a verdade é que os horrores não foram só do lado NAZI. São fruto da crueldade humana, que não se deixa tocar pela Graça de Deus.

Por outro lado este filme é muito interessante porque é muito humano. Durante o mesmo vamos vendo várias histórias de pessoas que têm algum parente que foi morto em Katyn. E todos eles reagem de maneira diferente a esse facto, mas muito humana.

Neste filme não há um héroi, não há uma personagem perfeita. Mas simplesmente a liberdade do homem que se joga diante da crueldade das circunstâncias.

Não sendo um filme fácil de encontrar, vale a pena tentar arranjar uma cópia e vê-lo. Porque nos coloca a nós diante de algumas das circunstâncias que ditaram a história do nosso tempo. Ao mesmo tempo, testemunha-nos a vida de alguns que souberem viver esses momentos tormentosos sem se deixarem esmagar por eles.

terça-feira, setembro 01, 2009

II GG

Faz hoje 70 anos que começou a a Segunda Guerra Mundial. A invasão da Polónia foi o culminar de 20 anos de vinganças mesquinha, cobardia e hipocrisia de vários países. Como dizia o Marechal Foch após o tratado de Versalhes: "Isto não é a paz, é um armisticio por vinte anos".

Desde a imposição da Républica aos alemães até ao tratado de Munique, que abandonou a Checoslováquia à sua sorte, a França e a Inglaterra fizeram todos os erros imaginaveis, que tornaram possível a ascensão de Hitler e a recuperação do poderio alemão.


E assim, a 1 de Setembro de 1939 as tropas do III Reich invadiram a Polónia. Dezasseis dias mais tarde os Soviéticos, ao abrigo do pacto Molotov-Ribbentrop, entraram pela fronteira a leste.

Depois o resto é conhecido: a ocupação da Dinamarca e da Noruega, a guerra relâmpago que só parou em Paris. A tentativa Italiana de invadir os Balcãs, que obrigou Hitler a abrir mais uma frente. A guerra no norte de África. O fim do pacto de não agressão entre soviéticos e alemães, que levou as tropas de Hitler até à Russia.

Tudo isto acompanhado por histórias de terror como o mundo ainda não tinha conhecido. A perseguição aos judeus, as experiência cientificas em deficientes, a destruição de cidades inteiras através de bombardeamentos.

E aqui vale a pena parar um pouco. A história moderna tentar sempre que esta violência pareça uma loucura momentania, de meia dúzia de pessoas que enganaram o povo alemão. Daí que, quando se fala da II GG, regra geral se fale sempre do exército alemão dizendo os nazis. Mas a verdade é que não foram os nazis que fizeram a guerra, foram os alemães. E tambem não é verdade que as atrocidades tenham sido exclusivas destes.

Os soviéticos por todos os sítios que passaram deixaram tambem um rasto de crueldade. Na Polónia prenderam e mataram 22 mil oficiais do exército e professores universitários. Na Ucrania os judeus foram perseguidos e mortos. Após o fim da Guerra, aprisionaram milhares de alemães e italianos que nunca mais foram vistos.

Mas mesmo os aliados não estão isentos de culpa. Foram muitas as cidades, como Dresden ou Colónia, vítimas dos bombordeamentos tapete. Ou seja, a destruição total de uma cidade, de uma ponta à outra. Estamos a falar de alvos cívis, cuja a única relevância para a guerra é o desencorajar o adversário através da crueldade.

Por isso não vale a pena pensarmos que a crueldade daqueles anos foi fruto de uma loucura momentania de um povo. Não vale a pena convencermo-nos que nunca mais será possível tal bárbarie. Porque depois disso já os comunistas mataram milhões de pessoas. Depois disso já assistimos a novos regimes totalitários tão sanguinários como o Nazi, embora numa escala mais pequena.

A malvadez que se revelou na II GG foi fruto de uma sociedade sem Deus, onde o homem se esqueceu de que existe o bem e o mal. De um tempo onde os homens deixaram de ser irmão em Jesus Cristo e passaram a ser descendentes comuns dos macacos. Animais como os outros, selvagens como os outros.



Io suonavo il violino ad Auschwitz mentre morivano gli altri ebrei,
io suonavo il violino ad Auschwitz mentre uccidevano i fratelli miei,
mentre uccidevano i fratelli miei, mentre uccidevano i fratelli miei...
ci dicevano di suonare, suonare forte e non fermarci mai,
per coprire l’urlo della morte, suonare forte e non fermarci mai,
suonare forte e non fermarci mai, suonare forte e non fermarci mai...
Non è possibile essere come loro,
non è possibile essere come loro...

Nel mondo nuovo che ora abbiamo creato
c’è la miseria, c’è l’odio ed il peccato,
c’è l’odio ed il peccato, c’è l’odio ed il peccato...
Ora siamo tornati ad Auschwitz dove c’è stato fatto tanto male,
ma non è morto il male nel mondo e noi tutti lo possiamo fare
e noi tutti lo possiamo fare e noi tutti lo possiamo fare...

Non è difficile essere come loro
non è difficile essere come loro...

Ora suono il violino al mondo mentre muoiono i nuovi ebrei,
ora suono il violino al mondo mentre uccidono i fratelli miei,
mentre uccidono i fratelli miei, mentre uccidono i fratelli miei...

segunda-feira, agosto 31, 2009

Martino e l'Imperatore - Claudio Chieffo

Hoje, enquanto ouvia esta música que Claudio Chieffo escreveu para o seu filho Martino, pensava como ela é importante neste momento de eleições. Porque é sempre tentador depositar a nossa esperança num facto humano: na derrota de alguém, na vitória de um político, na eleição de um certo deputado.

Chieffo recorda-nos que a nossa esperança está toda em Nosso Senhor. Não está na sociedade, nem na honra, nem sequer no amor que pode ser outra forma de redução do desejo do nosso coração a uma ideia nossa. Todos este factos, que podem ser bons, tornam-se asfixiantes se os transformamos na nossa esperança. "Crê só em Nosso Pai, que veio e que virá, a trazer a justiça contra a maldade".



La, la ,la ,la ,la...

Ti diranno che tuo padre
era un personaggio strano
un poeta fallito, un illuso di un cristiano.

Ti diranno che tua madre
era una sentimentale
che pregava ancora Dio mentre si dovrebbe urlare.

Tu non credere mai all’imperatore
anche se il suo nome è società
anche se si chiama onore
anche se il suo nome è popolo
anche se si chiama amore.

Credi solo in nostro Padre
che è venuto e che verrà
a portare la giustizia contro la malvagità.

No non credere mai all’imperatore...
anche se il suo nome è società
anche se si chiama onore
anche se il suo nome è popolo
anche se si chiama amore.

No non credere alla scimmia
e alla sua casualità,
tieniti stretto alla mia mano
anche se non ci sarà.

La, la, la, la, la...

Dir-te-ão que o teu pai era uma personagem estranha, um poeta falido, um cristão iludido. Dir-te-ão que a tua mãe era uma sentimental, que rezava a Deus nos momentos em que se deveria berrar. Tu, não acredites nunca no imperador, mesmo que o seu nome seja sociedade, mesmo que se chame honra, mesmo que o seu nome seja povo, mesmo que se chame amor. Acredita só no nosso Pai, que veio, e que virá, trazer a justiça contra a maldade. Não, não acredites nunca no imperador, mesmo que o seu nome seja sociedade, mesmo que se chame honra, mesmo que o seu nome seja povo, mesmo que se chame amor. Não, não acredites no macaco e na sua casualidade, agarra-te à minha mão, mesmo que ela não exista.

domingo, agosto 30, 2009

Chega de Saudade - Caetano Veloso



Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai

Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim

Letra: Vinicius de Moraes, Música: Tom Jobim

Eu Não Existo Sem Vocês - Leila Pinheiro e Rui Veloso




Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você


Letra: Vínicius de Moraes, Música: Tom Jobim.


P.S: Das versões que encontrei no YouTube esta era a melhor.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Concordata.

Corre por aí há uns tempos uma petição on-line, embora só agora me tenha chamado à atenção, contra a Concordata. Os proponentes da mesma falam de laicidade, escondendo atrás destas belas palavra o seu anti-clericalismo.

Antes de mais cabe dar aqui um argumento puramente jurídico. A razão pela qual é impossível haver um tratado internacional entre o Estado Português e outra religião é o facto só a Santa Sé ser pessoa de direito internacional público. Ou seja, para simplificar, é impossível o Estado fazer um tratado com o Islão, porque não há nenhuma autoridade que represente o Islão.

Mas este argumento é menor nesta questão. De facto não é possível o Estado acordar um tratado com mais nenhuma religião, mas isso não é razão para ter um com a Santa Sé.

Convém também estabelecer outro ponto antes de explicar porque razão se justifica a Concordata. Quase todos os direitos concedidos à Igreja pela Concordata são também atribuídos às outras religiões pela lei portuguesa.

Mas também este argumento não é suficiente para justifica a concordata, muito pelo contrário. Porque se a lei já reconhece certos direitos a todas as religiões aparentemente não haveria necessidade de um tratado especial com a Igreja Católica.

O que justifica a Concordata é o facto de a Igreja Católica é a sua presença ímpar na sociedade portuguesa. Existem inúmeras circunstâncias onde a Igreja se cruza com o Estado. Na educação, na saúde, na caridade, na cultura. Basta pensar que mais de metade das instituições de solidariedade social são católicas (sem contar com aquelas onde os fundadores ou membros são católico, mas que institucionalmente são laicas e abertas a todas as pessoas, como por exemplo o Banco Alimentar Contra a Fome).

Para além disso, Portugal é um país com raízes católicas, um país onde grande parte da população é baptizada, onde a maioria se diz católica e onde existem pelo menos milhão e meio de praticantes.

Ora, a igualdade é tratar de maneira igual o que é igual e de maneira desigual o que não é igual. Existe de facto uma necessidade de regular as relações entre a Igreja e o Estado, que não existe com as outra religiões. Seria ridículo em nome de uma suposta igualdade, não regular situações específicas da relação entre a Igreja e o Estado.

Por isso quem quer tratar Igreja da mesma maneira que os outros credos está a lutar pela desigualdade.

in memoriam

Fez dia 19 dois anos sobre o a morte do cantor Claudio Chieffo. Deixo as palavra de don Julian Carron sobre a sua partida para a casa do Pai:

"Caros amigos, rezamos por Claudio Chieffo, que agora vê cara a cara o rosto bom do Mistério que faz todas as coisas e que ele desejou e cantou por toda a vida.

A poesia das suas canções exprimiu a paixão pela presença de Cristo como Aquele que revela a cada um de nós o significado do drama da vida, fazendo-se companheiro do caminho para o Destino.

O nosso povo, educado nos seu canto, continua a caminhar na certeza que «é a bela a estrada que leva a casa», onde agora don Giussani e don Ricci acolhem Claudio"



Io vorrei volerti bene come ti ama Dio
con la stessa passione, con la stessa forza
con la stessa fedeltà che non ho io.

Mentre l'amore mio
è piccolo come un bambino
solo senza la madre
sperduto in un giardino.

Io vorrei volerti bene come ti ama Dio
con la stessa tenerezza, con la stessa fede
con la stessa libertà che non ho io.

Mentre l'amore mio
è fragile come un fiore
ha sete della pioggia
muore se non c'è il sole.

Io ti voglio bene e ne ringrazio Dio
che mi dà la tenerezza, che mi dà la forza
che mi dà la libertà che non ho io.

Mas que Deus se tenha feito homem é uma coisa do outro mundo!

Vi hoje no público uma pequena entrevista de quatro minutos a José Saramago por causa do seu novo livro. Parece que o nosso Nobel vai lançar um livro sobre Caim.

Na entrevista o escritor diz que Deus é uma invenção do homem e que a fé nasce do medo. Estes dois disparates não são novos, há séculos que dizem isto. Mas o que mais me espanta é que este senhores, que falam tanto de razão e experiência, nunca tenham perdido tempo suficiente a testemunhar o fenómenos religioso.

Digo isto, porque se o tivessem feito saberiam que a fé não nasce do medo. Desde de sempre os homens adoraram aquilo que era bom e que os espantava e demonizaram o que era mau. Os egipicios adoravam os gatos porque caçavam os ratos, as íbis porque comiam os insectos, as vacas porque davam leite e carne. Os azetecas adoravam o sol porque lhes dava luz.

A fé nasce do espanto por algo que nos é dado e que vai para além da nossa compreensão. Um facto inteiramente novo, uma presença excepcional. Ninguém segue a Cristo por medo do inferno, mas por desejar o reino dos Céus e o cêntuplo aqui na terra.

Por outro lado dizer que Deus é uma invenção do homem é não conhecer o cristianismo. Existiram no tempo diversas coincidências que possibilitaram a vida na terra. Do espanto por essas coincidências nasce no homem a consciência de que é provável que alguém tenha criado a terra. As coisas estão tão bem feitas que é difícil acreditar que foi um mero acaso. É assim que nasce a consciência de que deve existir um Deus.

Mas eu percebo que isto possa parecer uma invenção. Mas que esse Deus que criou todo o mundo e tudo submeteu ao homem, se tenha feito um de nós é demasiado absurdo. É totalmente impossível que um homem possa ser Deus Todo o Poderoso Criador do Céu e da Terra. Para além disso é completamente ridículo dizer que Deus são três pessoas mas um Só Deus.

Estude-se toda a mitologia, toda a história das religiões comparadas e veja-se como é impossível que o homem tenha inventado uma história assim. Vai contra toda a lógica, toda a razão até mesmo contra toda a imaginação.

Por isso Cristo, Deus feito Homem, é a prova que Deus não é uma invenção do homem. Se não pelo simples facto da sua presença, pelo menos pela impossibilidade de alguém inventar tal história.

quinta-feira, agosto 27, 2009

Ditadura na Bolívia.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que a Igreja é um símbolo do colonialismo europeu e que portanto deve desaparecer da Bolívia. Acrescenta que com o seu programa de governo, mesmo que não desapareça deve ficar submetida ao Estado porque todas as instituições devem ficar submetidas ao Estado.

Pretende este discípulo de Chavéz acabar com a disciplina de moral das escolas pública e privadas (sendo que 93% dos bolivianos se dizem católicos) e substitui-la por uma cadeira obrigatória onde se ensine as línguas nativas aos jovens.

Este é o exemplo perfeito que uma democracia não são só eleições. Há um limite para o poder democrático, existem certos direitos que não estão disponíveis. Direitos tal como a liberdade de ensino e a liberdade de religiosa.

Um Estado que elimina estes direitos é um Estado totalitário. Mesmo que tenha 50% + 1 dos votos.

Veto às uniões de facto.

O Presidente da Republica vetou a nova lei das uniões de facto.

Antes de mais devo dizer que sou contra qualquer lei das uniões de facto. Se duas pessoas não querem vincular-se perante o Estado, se acham que o Estado não têm nada a ver com o que eles fazem ou deixam de fazer, se não querem os deveres que os Estado impõem as pessoas casada então o Estado não têm nada que lhes conceder direitos. Aliás o Estado não têm que lhes reconhecer nada, porque é isso que eles querem.

Quem quer que o Estado reconheça a sua união com outra pessoa tem um instituto muito simpático, com alguns milhares de anos, que se chama casamento. Se não querem assumir esse compromisso, então não devem ter as regalias do mesmo. Não pode haver direito sem deveres.

Em relação a este diploma em concreto, que quase que equipara as uniões de facto ao casamento têm dois objectivos claros. O primeiro é esvaziar o casamento. Se é possível ter todos os privilégios do mesmo, sem a burocracia, então porque é que alguém se há de casar? Se já era tão fácil acabar com um casamento, com a nova lei do divórcio, com um união de facto ainda é mais. Esta lei é mais um ataque à família. Porque não há família sem casamento. A união de facto, por definição, são duas pessoas que não se comprometem a viver em comunhão de casa, mesa e leito para o resto da vida. Ora, uma família é para a vida, não apenas para o momento em que dura o sentimento.

O segundo objectivo é, enquanto não conseguem aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, equiparar já a união de duas pessoas do mesmo sexo ao casamento. Mais do que um paliativo para os grupos de maricas, este documento cria uma ideia de que é igual a união de duas pessoas de sexo diferente a de duas pessoas do mesmo sexo. De um certo modo é dar a impressão, falsa, de que a sociedade olha de maneira igual para as duas coisas.

Não há dúvida que o PS trava uma guerra sem quartel contra o casamento e a família. Esperemos que sofram uma derrota dia 27 de Setembro.

terça-feira, agosto 25, 2009

Harry Potter




Estou agora a acabar de reler a saga de Harry Potter. Fiz o percurso ao contrário, não por um qualquer método, mas simplesmente porque comecei a ler o sétimo (que é sem dúvida o meu preferido) e fui lendo os outros com o entusiasmo, estando a agora a ler a Pedra Filosofal.

De cada vez que leio a história de Harry Potter gosto mais dela. Não apenas por causa de um ou outro pormenor. Claro que gosto de ver defendida a liberdade de educação, como acontece em "A Ordem de Fénix" ou da constante promoção que J.K. Rowling faz à família nos livros (é brilhante a discussão entre Lupin e Harry no último livro, quando o herói explica ao seu professor que mais importante que ir com eles lutar contra Voldemort é tomar conta da mulher e do filho).

Também não é apenas por os livros serem bem escritos. Com uma história emocionante, que vai amadurecendo, tal como as personagens. É aliás das coisas mais bem feitas da série é a maneira como as personagens vão de facto crescendo com o tempo. Não é que fiquem apenas mais poderosas ou aprendam novos feitiços. Vão de facto crescendo, com todos os dramas e todas as felicidade.

O que realmente me comove na saga de Harry Potter é a sua humanidade. Porque o ponto da história não é a magia. O mundo dos feiticeiros é um mundo imaginário, como Narnia ou a Terra Média, mas o que conta é a história das personagens, especialmente de Harry. E toda a história é feita para a escolha final entre a dar ou perder a sua vida.

Mas para esta escolha final, há todo um caminho feito pelo protagonista. O encontro com Albus Dumbledore, a amizade com Ron, Hermione, Hagrid, Sirius, Lupin e a descoberta de Hogwarts como o lugar onde está o seu coração ("Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração").

De todos estes pontos o que mais me impressiona é a relação de Harry com Dumbledore. Harry segue Dumbledore porque descobriu nele algo de grande. O momento essencial desta amizade é no último livro, quando se descobre que em tempos o director tinha sido amigo de um feiticeiro negro. No momento crucial, quando Harry têm que escolher entre o seu impulso ou seguir Dumbledore, quando todas as evidências exteriores apontam contra o seu mestre, Hermione confronta-o: "Tu conheceste-o". O instinto, o impulso, até a razão podem-se enganar. Mas o coração é o critério que não engana. Por isso Harry escolhe seguir Dumbledore, apesar de todos os defeitos deste. Porque o conheceu.

J.K. Rowling não está ao nível de C.S. Lewis ou de Tolkien. Mas a verdade é que os seus livros seguem a tradição dos mitos destes autores. Ela própria admite que Lewis é uma das suas inspirações. Apesar de alguns disparates que diz, a verdade é que a história que conta têm uma moral cristã: "aquele que quiser ganhar a sua vida há de perdê-la, mas a aquele que a der há de a ganhar".

quarta-feira, agosto 12, 2009

May the Force be with you



As reacções a este vídeo vieram provar uma coisa: os portugueses não têm sentido de humor. Lembro-me de há uns tempos estar a participar num torneio de futebol entre amigos e olhando para a quantidade de discussões ter dito que eles levavam aquilo demasiado a sério. Um amigo respondeu-me: "levam a vida a sério". Mas o problema, tanto naquele momento como agora, não é que levem a vida a sério, é que se levam a eles próprios demasiado a sério.

Prova disto é o artigo de Rui Tavares hoje no Público, que tenta disfarça o seu ultraje com alguma ironia. Diz ele que os Monárquicos prestaram vassalagem à Republica porque trocaram a bandeira monárquica pela bandeira municipal.

Ora se Rui Tavares levasse a vida a sério não fingiria não saber que a razão porque os Vaders fizeram a troca de bandeira nos Paços do Concelho é porque foi ali que foi proclamada a Republica. Se não se levasse tão a sério não dedicaria toda uma coluna a uma graçola!

terça-feira, agosto 11, 2009

"Uma aventura para Mim"

Voltei ontem das férias dos Universitários de Comunhão e Libertação em Vilarinho das Furnas. Após ter estado onze dias no Minho (primeiro na zona de Cerveira, depois Gerês) não posso deixar de reconhecer que é a região mais bela de Portugal. As montanhas, os rios, o mar, as Igrejas, os mosteiros. Não sendo essencial, toda esta beleza faz-nos sempre pensar no Autor da Criação, que nos concedeu tudo isto.

Os cinco dias que passei na companhia dos meus amigos de Comunhão e Libertação foram mais um momento de provocação e, sobretudo, de misericordia de Cristo que assim se oferece de maneira ainda mais clara a um pecador como eu. Olhando para a beleza dos cantos, para a grandeza dos testemunhos de cada um daqueles que viveu estes dias comigo, para o divertimento dos jogos, é impossível não reconhecer Cristo.

De todas as coisas que aconteceram nestes dias o que mais me impressionou foi o testemunho que o Nuno Santos, um amigo nosso que está na Alemanha a doutorar-se nos Instituto Max Planck, nos deu. Impressionou-me sobretudo a certeza com que ele falava da presença de Cristo. Como se nada fosse mais evidente que a Sua Presença na loiça que ele tem que lavar no fim do jantar.

Mas enquanto pensava nisto, ocorreu-me um segundo pensamento: como é que posso dizer que Ele está presente e depois falar dele de outra maneira? Eu quando falo da minha namorada não tenho dúvidas, não falo com cuidado. Digo ela é assim, chama-se assado, estuda isto. Quem de facto reconhece que aquela presença extraordinária que encontrámos na Igreja e que corresponde ao nosso coração é Cristo não pode falar dele de outra maneira.

Foram muito boas e sobretudo muito úteis estas férias. Foi um chamada de atenção para relembra que Cristo está sempre presente, eu é que nem sempre estou.

quarta-feira, julho 29, 2009

Férias.

Parto hoje para férias e, como tudo parece indicar, também este blog.

Primeiro alto Minho. Comer bem, fumar bem, dormir bem e sobretudo, estudar bem porque os exames de Setembro não perdoam.

Depois, féria do C.L. em Vilarinho das Furnas. Momento alto do ano, em que fazemos memória daquilo que encontramos e nos relançamos para o ano que aí vêm, descansados e reconfortados pela Graça que é passar uma semana numa companhia que constantemente nos provoca a encontrar Cristo.

P.S. cada vez mais assumido.

O Partido Socialista convidou para as suas listas à Assembleia da Republica o Professor Miguel Vale de Almeida. Trata-se de um homossexual assumido e um dos líderes dos movimentos que se auto-denominam L.G.B.T.. O Professor Vale de Almeida será assim provavelmente o primeiro maricas assumido a tornar-se deputado em Portugal.

Num momento em que o P.S. já prometeu o chamado casamento entre pessoas do mesmo sexo este convite é mais um sinal do que poderemos esperar dos socialistas na próxima legislatura: mais causas fracturantes, mais politica de morte.

Começa a tornar-se urgente fazer tudo o que for possível para que o P.S. (sozinho ou coligado) não volte a formar governo depois de 11 de Outubro.

P.S.: Coicidência ou não, outro dos convidados para as listas do PS foi João Galamba. Ambos partilham o facto de serem colegas de blog de Fernanda Câncio no Jugular, o blog por excelência da esquerda caviar, anti-católica e supostamente progressista.

Libertas ecclesiae.



Tenho visto desde ontem diversos comentários em blogs e jornais ao apoio dos priores da Baixa-Chiado a Santana Lopes. A maior parte dos opinidores diz que os padres não deviam falar sobre política.

Não consigo perceber porque razão estes defensores da laicidade, que dizem que os padres devem ser tratados como todos os cidadãos, de repente reconhecem aos sacerdotes uma tal importância que já não podem emitir sua opinião num boletim de paróquia.

E este é o problema deste ateísmo moderno, que se acha livre de vexar e gozar com todas as religiões: é que no fundo são o velho anti-clericalismo. No que lhe interessa os padres devem ser tratados como os outros, quando não lhe interessa devem ter tratamento especial.

Estes supostos laicistas enervam-me solenemente. Não percebem o que é a laicidade e nem sequer percebem que antes do Estado se querer separar da Igreja, já a Igreja se tinha querido separar do Estado. Porque quando a Igreja se confunde com o Estado acaba submetida a este. Aquilo que a Igreja quer é liberdade de testemunhar Cristo em todas as circunstâncias.

O que o Iluminismo e a Revolução Francesa trouxeram de novo não foi a laicidade, mas sim o anti-clericalismo. Este laicismo não quer simplesmente a Igreja separada do Estado, quer os católicos fechados em casa ou na sacristia, sem se atreverem a falar publicamente daquilo que nos é mais querido: Cristo.

A laicidade é o Estado sem religião, mas protagonizado por pessoas que podem ser religiosas. Um Estado sem religião mas que reconhece e agradece aquilo que as religiões e muito especialmente a Igreja, fazem pela sociedade. Um Estado sem religião mas que não ignora, no caso da Europa, a sua matriz cristã e a relevância que a Igreja têm na educação, na saúde, na cultura e na caridade. Um Estado sem religião mas onde qualquer religioso pode falar onde quiser sobre o que quiser. Ou seja, um Estado livre, com homens livres.

segunda-feira, julho 27, 2009

Ao Largo


Vale a pena ler o artigo que o Cónego Armando Duarte, prior da Basílica dos Mártires, escreve neste número do boletim Ao Largo onde apoia a candidatura de Pedro Santana Lopes.

Como pastor que é, e em unidade com os restantes priores da Baixa-Chiado, o Cónego Armando faz um juízo sério sobre a obra de Pedro Santana Lopes na Baixa de Lisboa e transmite o seu juízo ao povo cristão daquelas paróquias.

Já li vários comentários que criticam esta tomada de posição dos priores da Baixa. Este é um problema dos nossos dias: os padres podem ter opinião sobre tudo desde que não a digam. Ainda bem que ainda há pastores que se recusam a ser encerrados na sacristia e dizem publicamente aquilo que lhes parece melhor para o seu rebanho.

Gripe A


Há uma semana a Pastoral da Saúde publicou uma nota sobre os cuidados a ter com a Gripe A. A nota, que sublinhava o facto de o seu conteúdo não alterar as regras da liturgia sendo apenas uma recomendação, é um documento neutro que transporta para o campo da liturgia os conselhos que as diversas autoridades do campo da saúde têm transmitido sobre esta nova "pandemia".

O Senhor Patriarca entendeu esclarecer os sacerdotes e o povo de Lisboa, escrevendo uma carta no qual relembrava o aspecto de a nota ser uma mera recomendação e sublinhando dois outros pontos, que a meu ver tornam a carta muito interessante.

O primeiro foi o do rigor e da qualidade da liturgia. Explica o Senhor Patriarca que se nas celebrações a liturgia for observada com rigor, não há de facto risco de contágio, pois não há grande contacto físico. Ou seja, o nosso Bispo não dá como adquirido que o abraço da paz tenha que ser um circo com beijinho para a direita, para a esquerda, para a frente e para trás. Em vez de recomendar uma medida extraordinária, limita-se a recordar o modo como deve ser vivida a liturgia. Ou seja, educa.

O segundo ponto foi o esclarecer que só o bispo, a Conferência Episcopal e a Santa Sé têm o poder de alterar a liturgia. Ou seja, relembra que as liturgias "alternativas", que não sigam as indicações da hierarquia, vão contra a unidade com o bispo e com a Igreja.

Ao contrário dos que os media deram a entender, não há nenhuma "guerra" entre o Patriarca e a Pastoral da Saúde. Cada um cumpriu o seu dever: a Pastoral da Saúde aconselha, o bispo educa.

SEMPER FIDELIS!