quarta-feira, setembro 16, 2009

Trans-espécie.

Em tempos um dos escribas deste blog teve a gloriosa ideia de fundar um partido, de seu nome "Esquerda Moderna". Este partido estaria, no espectro político, situado à esquerda do PNR. Defendia então o BGC que era necessário a despenalização da fuga ao fisco (pois são milhares os pais de família pobres que fogem ao fisco em vãos de escada, enquanto os ricos o fazem em segurança na Suíça) e um Chinês em cada casa para aumentar a produção nacional.

Contudo o tempo foi destruindo este entusiasmo de juventude do meu amigo e ele acabou por desistir do seu projecto político (que hoje, com a distância que só o tempo permite ter, me parece que poderia ter tido um papel fundamental na nossa política).

Contudo, hoje, li num blog que há um grupo que luta para que a transgenia (ou seja tentar mudar de sexo através da mudança de genitais) deixasse de ser considerada uma doença mental. Mas só isto não basta. Eu também penso que a genitália e as hormonas não definem uma pessoa, como aliás o seu próprio corpo. É preciso lutar para que a trans-espécie deixe de ser considerada uma doença mental.

Porque é que alguém que nasceu pássaro num corpo de homem há-de ser considerado louco? Como pode o Estado discriminar assim milhares de cidadãos que se sentem estranhos no seu próprio corpo?

E este caso é ainda mais grave do que o dos transsexuais. Pois estes quanto muito têm de ir ao psiquiatra, enquanto os trans-especiais são muitas vezes fechados em hospitais psiquiátricos.

Ainda no outro dia uma amiga me contava que na terra da sua família paterna há um homem que é um carro. Anda na estrada como os carros, buzina como os carros, sente-se carro. Contudo já foi muitas vezes enclausurado em autênticas prisões simplesmente por ser um carro no corpo de um homem.
O Estado deve não só não considerar este homem como um doente, mas conceder-lhe todas as possibilidades para que possa ser um carro não só de espírito, mas também de corpo. Deve ter direito a uma operação de mudança de espécie grátis no SNS, a mudar de documentos (do BI para um livrete) e a uma matrícula.

Amigos, preciso que apoiem a Esquerda Moderna nesta sua nova luta contra a discriminação da trans-espécie, que permanece como uma nódoa sobre a nossa sociedade!

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