sexta-feira, maio 29, 2009

Afinal o Provedor é útil.

Nascimento Rodrigues arrasa proposta de venda de igreja de Campolide
29.05.2009 - 18h36 Carlos Filipe


O Provedor de Justiça acusa o Governo de procurar um meio de enriquecimento “indevido, injusto, imoral” com a proposta de alienar à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, por 1,26 milhões de euros, a Igreja Paroquial de Santo António de Campolide.

Nascimento Rodrigues sublinha o “indisfarçável processo de ruína” do imóvel classificado e diz ser incompreensível “por que motivo o Estado o mantém em seu poder e não o restitui aos paroquianos”. Numa carta enviada ao ministro de Estado e das Finanças no fim de Abril, o provedor lembra que a igreja foi confiscada há quase 100 anos pelo Estado, que “nunca cuidou de conservar o imóvel, muito menos de o beneficiar, sem prejuízo de o ter vindo a classificar em 1993 como imóvel de interesse público pela sua valia arquitectónica e histórica”. Assim sendo, aprecia Nascimento Rodrigues, “impor como condição à comunidade paroquial a sua aquisição a preço de mercado é algo que ninguém dará como solução equilibrada”.

O Provedor de Justiça já tinha defendido esta posição em Junho de 2008, altura em que recomendou ao ministro “a adopção, pelo Governo, de providências legislativas adequadas, que permitam ceder à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e Senhor Jesus dos Paços da Santa Via Sacra, a título gratuito e definitivo, sem outros ónus nem encargos que os resultantes da Concordata com a Santa Sé, a Igreja de Santo António da Campolide”.

O teor desta recomendação foi, segundo Nascimento Rodrigues, “largamente controvertido” com a Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças, que lhe comunicou a disposição de alienar o imóvel por 1,26 milhões de euros. Isto porque, argumentou na ocasião o responsável pelo organismo do ministério das Finanças, a Concordata com a Santa Sé que reconhece à Igreja Católica a propriedade dos bens que lhe foram confiscados não se aplica a este caso porque em 1910 este imóvel era da Companhia de Jesus e não literalmente da Igreja Católica.

O director-geral, Carlos Durães da Conceição, alegou ainda que a norma concordatária não era aplicável porque o uso da igreja encontra-se cedido à referida irmandade. Nascimento Rodrigues diz que “não vale nenhum dos argumentos apresentados”, porque está de facto em causa a Igreja Católica, “como o conjunto das pessoas regularmente constituídas e erectas segundo o direito canónico”, e porque a cedência do imóvel “não retira ao Estado a qualidade e estatuto de possuidor”.

O provedor conclui que propor uma alienação por 1,26 milhões de euros lhe parece “um locupletamento verdadeiramente injusto da parte do Estado” e frisa que o impedimento legal de o Governo alienar bens seus de forma gratuita “deveria circunscrever-se ao património legítimo do Estado e não também aos imóveis 'conservados’ em seu poder contra disposições concordatárias”.

Eutanásia travestida

Foi ontem aprovado na generalidade o projecto-lei apresentado pelo Partido Socialista sobre os "Direitos dos doentes à informação e ao consentimento informado". Esta lei, muito tipicamente socialista, descreve ao pormenor como deve o médico informar o paciente (quem deve estar ou não presente, que assina a folha, quando se pode omitir) da sua condição física. Parece um pouco demais uma lei que explica aos médicos como devem agir. Penso que existe uma Ordem dos Médicos com regulamentos e um código deontológico. Pelos vistos os PS pensa que o Estado é quem deve decidir tudo.

Mas o mais importante não é este excesso de zelo do Estado que não nos abandona às mãos de médicos burros e maus. A grande novidade desta lei é a criação do chamado testamento vital. O testamento vital consiste, muito basicamente, em uma pessoa declarar, estando plenamente consciente, que tratamento deseja ou não receber em caso de doença.

Isto assim, por si só, não traz grande mal. Também acho que uma adulto consciente deve poder escolher se quer ou não certo tratamentos agressivos ou que lhe prolonguem a vida de maneira completamente artificial.

Mas o problema é que não é claro que o são "tratamentos". A alimentação é um tratamento? A hidratação? Tubo respiratório? É que se forem então já estamos perante algo completamente diferente. Já não estamos perante a liberdade de alguém em não ser tratada de uma doença mas diante da decisão de uma pessoa por termo à sua vida. Transformando-se assim este testamento vital numa eutanásia disfarçada.

Ainda falta alguns passos até que esta proposta seja lei. Contudo tudo indica que o PS abriu a guerra da "eutanásia". Pela porta dos curros, como lhes é próprio.

quinta-feira, maio 28, 2009

Lobbys

O Público dá conta do nascimento de um movimento para apoiar essa inexistência jurídica que é o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Com ou sem referendo (provavelmente sem) o lobby gay lá se vai organizando para apoiar mais um progresso da civilização por cá. Com o patrocínio de pseudo-intelectuais, de artistas de segunda linha, mais esse milagre da tradução que é o Nobel Saramago, o lobby começa já a marcar pontos.

Já perceberam que esta causa não é apoiada pela maioria da população. Por isso vão lançar mais uma bela campanha de desinformação e de vitimização , até conseguiram acabar de passar a ideia de que quem é contra a aberração jurídica que é chamar casamento a um união entre pessoas do mesmo sexo é intolerante e retrógrada.

Voto nas Europeias.

Nestas eleições vou pela primeira vez na minha curta vida como eleitor votar no CDS-PP. Faço-o não porque goste muito dos candidatos do CDS ao Parlamento Europeu, mas por me parece ser um mal menor.

Na esquerda (e aqui incluo o PS) não voto seguramente porque cada vez mais na Europa se vão criando, através de Regulamentos e Directivas, novos direitos fundamentais, inspirados numa ideologia anti-cristã e não no Direito Natural. É preciso não esquecer que o Direito proveniente da União Europeia têm supremacia sobre o direito estadual. Assim sendo, o BE ou o PS poderão aprovar medidas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou a eutanásia sem que os eleitores portugueses se apercebam.

Por outro lado não voto nos pequenos partido porque votar é uma responsabilidade e não um apoio moral. Por muito que ache graça ao MPT ou que pense que a Laurinda Alves é melhor pessoa e com quem me identifico mais de todos os candidatos não vou gastar o meu voto numa tentativa inconsequente de alternar com os grande partidos.

Por fim não voto no PSD por causa do Dr. Paulo Rangel. O cabeça-de-lista do PSD, em entrevista ao jornal i, explicou que a Igreja tinha que mudar em certos pontos, especificamente a posição sobre os homossexuais, a ordenação das mulheres e o preservativo. Ora o candidato social-democrata disse isto enquanto candidato ao Parlamento Europeu, sem fazer nenhuma ressalva. Sabendo que o Parlamento Europeu têm insistido cada vez mais naquilo que considera ser a não discriminação com base no sexo ou na orientação sexual (o quer que isso seja) não dou o meu voto a uma pessoa que pode votar a favor de sanções contra as instituições que não aceitem trabalhadores homossexuais ou que não tenham uma estreita igualdade entre os sexos (não baseado numa igual dignidade de acordo com as especificifidades de cada sexo mas em iguais direitos).

Bem sei que o PSD se encontra no mesmo grupo parlamentar no PE que o CDS. Contudo, o Dr. Paulo Rangel terá provavelmente liberdade de voto nestas matérias. Mesmo que não proponha nenhum documento com este teor não estou disposto a votar em que vote contra a Igreja.

Por isso resta-me o CDS. Mesmo não confiando em Nuno Melo e sabendo que Teresa Caeiro é aquilo a que chamamos liberal nos costumes, os centristas são a solução menos má nas eleições de 7 de Junho.

quarta-feira, maio 27, 2009

Conversas.

Ontem participei numa conversa com uns amigos meus, orientados por amigo nosso mais velho, sobre a homossexualidade. Foi bom falar sobre este tema não só num meio católico, como ainda por cima orientados por alguém que sabia bem do que falava.

A verdade é que hoje em dia não há tema nenhum mais inquinado para discutir que a homossexualidade. É neste tema que se repara de forma mais clara que a nossa sociedade já não é cristã. De tal maneira que discutir este assunto com os nossos amigos na universidade, por exemplo, é sempre uma questão de paninhos quentes, onde temos que escolher todas as palavras com cuidado para não sermos logo taxados como homofóbicos ou intolerantes.

E tudo isto porque as pessoas hoje em dia não percebem a frase de Santo Agostinho que distingue o pecado do pecador. Com o pecado não se tem compaixão, mas com o pecador toda. O nosso tempo funciona ao contrário. Perdoam-se todos os pecados, mas nunca se perdoa um pecador. E isto vê-se na obsessão da nossa sociedade por todos os escândalos da vida privada dos "notáveis".

Mas, retomando o fio à meada, é bom ao falarmos da homossexualidade termos toda a caridade e respeito por quem sofre com este drama, mas ao mesmo tempo chamar os nomes às coisas. A homossexualidade é uma doença, é um desvio do normal desenvolvimento sexual de uma pessoa. Para além disso é um pecado grave, que vai contra as leis de Deus. Sobre isto não devemos ter nenhuma dúvida.

E isto não é uma "invenção" do cristianismo ou da cultura judaico-cristã. Embora na antiguidade clássica a homossexualidade fosse banal (como aliás toda a vida sexual o era, de forma algo desenfreada) sempre foi condenada pelos grandes pensadores. Uma vida sexual desenfreada sempre foi considerada como um obstáculo à realização humana. Desde Sócrates a Aristóteles, de Cícero a Marco Aurélio. Todos eles perceberam que a homossexualidade era uma coisa má que era redutora da humanidade.

Contudo a novidade do cristianismo nesta matéria é introduzir o conceito de comunhão na relação sexual. Ou seja, a acto sexual não era só uma maneira do homem satisfazer as hormonas, era antes de mais um acto de relação com um outro. Esta ideia é a base da igualdade no casamento, da igualdade entre o homem e a mulher dentro do casamento. Também esta ideia exclui qualquer relação que seja fruto apenas de um instinto. Porque se consideramos que o outro é igual a mim, então não o posso reduzir a um mero instrumento de prazer.

Foi uma conversa muito útil, que serviu para aprender ou re-aprender muitas coisas importantes, não só sobre o problema da homossexualidade, mas sobretudo sobre a posição mais humana diante da sexualidade.

terça-feira, maio 26, 2009

Sobre a despenalização das drogas leves e mentiras associadas.

Exmo. Sr. Director

Publicou a Visão nos seus dois últimos números, um estudo de um escritor-advogado americano, Glenn Greenwald, colaborador do até agora desconhecido Cato Institute, que considera um “retumbante sucesso” o sistema português que descriminalizou a posse, o consumo e a aquisição para o consumo da droga, à revelia de toda a Europa e das Convenções Internacionais das Nações Unidas de que Portugal é signatário, convidando o presidente Barak Obama e o mundo a seguir o nosso exemplo.
Como em ambas as edições surgem notícias (estranhamente omissas em relação às fontes) repletas de falsidades apresentadas como factos que podem aproveitar politicamente quem está em campanha eleitoral, o respeito pela verdade da informação, bem como a ética, a deontologia e a promoção duma cultura de cidadania, obrigam-me, a bem da democracia, a convidar a Visão a publicar esta carta-resposta de forma a, restabelecendo a verdade, esclarecer correctamente os seus leitores.

Assim, ao contrário do que é afirmado, 150% de toxicodependentes aderiram em Portugal, entre 2001 e 2006, não a programas de desabituação mas de substituição (com outras drogas) o que como se facilmente se percebe é bem diferente. (INA, 2004).
Quando é referido que “em 2006 o total de mortes por overdose desceu a pique em relação a 2000 enquanto a percentagem de toxicodependentes com sida diminuiu de 57% para 43%”, falseia-se mais uma vez a verdade, pois o que aconteceu é que “Com 219 mortes de “overdose” por ano, Portugal apresenta um dos piores resultados, com uma morte a cada dois dias”... e... “Portugal continua a ser o país com maior incidência de sida relacionada com o consumo de droga injectada ( 85 novos casos por milhão de habitantes em 2005, quando a maioria não ultrapassa os cinco casos) e o único que registou um aumento recente, com 36 novos casos estimados por milhão de habitantes em 2005 quando em 2004 referia apenas 30” (OEDT, 2007).

Por último, quando o estudo do Cato Institute revela que a descriminalização em Portugal fez diminuir os níveis de consumo, referindo que em relação à cocaína o consumo regular é de menos de 1%, na verdade o que se passa é que “o consumo de droga em Portugal aumentou consideravelmente, sendo que a percentagem de pessoas que alguma vez na vida consumiram drogas passou de 7,8% em 2001 para 12% em 2007, (IDT, 2008) e no que se refere ao consumo de cocaína”:“ Os novos dados (inquéritos de 2005-2007) confirmam a tendência crescente registada no último ano em trança, Irlanda, Espanha, Reino Unido, Itália, Dinamarca e Portugal” (OEDT, 2008).

Infelizmente a realidade portuguesa é bem diferente daquela que, seja por razões politico-partidárias ou quaisquer outras, o instituto americano nos quer dar. Se já não bastassem os dados apresentados, um relatório recentemente encomendado pelo IDT ao Centro de Estudos e Sondagens de Opinião/Universidade Católica Portuguesa (CESOP), baseado em entrevistas directas, sobre as atitudes dos portugueses relativamente à toxicodependência (estranhamente nunca vindas a público), revelando que 83,7% dos respondentes considera que o nº de toxicodependentes em Portugal tinha aumentado nos últimos 4 anos, que 66,8% considera que a acessibilidade de drogas nos seus bairros foi fácil ou muito fácil, e que 77,3% sente que o crime relacionado com a droga tinha aumentado ("Toxicodependências" nº 3 de 2007), estes números atestam, infelizmente a realidade.

Depois de tudo isto, uma vez verificadas as infelizmente tristes mas verdadeiras consequências da nossa política de combate à toxicodependência, espero bem que Portugal consiga mesmo inspirar Obama... em não seguir o seu exemplo e nunca descriminalizar as drogas nos Estados Unidos da América.

Manuel Pinto Coelho ( presidente da APLD – Associação para um Portugal Livre de Drogas)

sexta-feira, maio 22, 2009

Ainda Obama e Notre Dame

Ao ler o post do ZMD - que é sempre uma alegria, agora que estou longe fisicamente, manter o contacto com os samurais portugueses - sobre a detenção de um sacerdote durante uma manifestação, fiquei a pensar...

Mas o problema do convite feito pela Universidade ao Obama, que espécie de desacordo provoca em nós? Tenho-me dado conta que cada vez mais corremos o risco de ser ideológicos na modalidade como "reagimos" às circunstâncias. Por isso proponho o manifesto que a comunidade de CL da Universidade de Notre Dame escreveu (a tradução é minha e peço desculpa pelas imprecisões e erros); o que mais me impressionou foi a novidade humana que este juízo trazia sobre a questão em que parece que ou se é a favor do aborto e portanto do convite ao Obama, ou se é contra o aborto e portanto o Obama não é benvindo...

Saudades,

Kate

Um novo início


O convite feito pela Universidade de Notre Dame ao Presidente Obama para pronunciar o discurso na cerimónia de entrega dos diplomas e receber uma laurea ad honorem desencadeou uma ampla controvérsia. Provocou igualmente reacções firmemente contrárias entre aqueles que consideram esta universidade um símbolo do ideal de instrução superior católico. A comunidade encontra-se dividida e confusa; a integridade da missão educativa da Universidade foi posta em causa. Numa circunstância deste tipo sentimos, com grande urgência, a necessidade e compreender as razões da existência de tal instituição.

Qual é o sentido da educação cristã e – questão ainda mais fundamental – o que é, actualmente, a vida cristã? Como vivemos hoje a fé fecunda que conduziu uma fileira de missionários franceses, há cento e cinquenta anos atrás, com a convicção inabalável que aquela escola «seria um dos instrumentos mais potentes para fazer o Bem neste País?». Em que medida está presente aquela relação entre fé e vida quotidiana, no ímpeto do nosso trabalho na universidade e na sociedade?

Para nós a fé não é um código ético, nem sequer uma ideologia; é uma experiência: um encontro com Cristo, presente aqui e agora, na comunidade cristã. A fé cristã dá-nos uma liberdade e uma paixão pela vida que se exprimem sobretudo na forma de perguntas diante da realidade, bem como uma inexaurível abertura à humanidade. Nós não somos definidos por categorias políticas e éticas; a nossa vida surge dentro da pertença a um facto, a uma história já começada e continuada por uma Presença excepcional na história humana. Durante dois milénios, essa mesma Presença inspirou inúmeras iniciativas que educaram homens e mulheres, incluída a Universidade de Notre Dame. Não podemos limitar a nossa sede de verdade e o nosso desejo de entrar numa relação autência com a realidade; queremos a certeza do seu significado total. Necessitamos de um lugar onde fé e razão não sejam inimigas, onde a sua unidade nos projecte num caminho corgajoso de conhecimento, aberto e livre.

O convite de uma Universidade católica – qualquer convite, especialmente o que foi dirigido ao Presidente dos EUA – deveria ser um convite ao encontro com aquela história, aquele método de relacionamento com a realidade e com aquela experiência de vida e de liberdade.

Então, qual é a questão em causa nesta cerimónia? É muito mais de uma simples defesa de valores – mesmo os mais sagrados valores – ou de uma manifestação de “abertura” de uma instituição católica ao mundo. Coloca-se em jogo a nossa esperança no futuro da Universidade e no futuro da sociedade.

Para nós a esperança começa com o reconhecimento que com Cristo descobrimos uma modalidade nova de viver a vida, de estudar, de investigar, de nos envolvermos na política e na economia, de agir no mundo. Partindo desta Presença, vivemos a esperança não como um mero sentimento, um sonho ou um projecto de poder, mas sim como uma certeza no futuro que nasce de uma experiência que acontece agora.

Com a certeza da fé que o Padre Sorin possuía depois do incêndio que arrasou Notre Dame em 1879, pedimos que seja possível reconhecer todos os dias que «construimo-la pequena demais... assim, amanhã, assim que as pedras arrefecerem, construi-la-emos ainda maior e melhor».


quinta-feira, maio 21, 2009

Cartas na Mesa

Ontem Constança Cunha e Sá entrevistou o Padre João Seabra no seu programa na TVI24, cartas da mesa. Deixo aqui alguns apontamentos da entrevista, tentado ser tão fiel ao que o Padre João disse quanto a minha memória me permite.

O primeiro assunto da entrevista foi a Educação Sexual. Sobre este assunto o Padre João explicou que a educação para os afectos, para o amor, da qual fazia parte a sexualidade, era importante. Contudo, tinha sempre que partir dos pais. O papel das escola neste assunto deveria sempre estar dependente da vontade dos pais. Afirmou-se contra esta educação sexual imposta pelo Estado.

Ainda no tema da sexualidade, Constança Cunha e Sá puxou o tema da distribuição de preservativos nas escolas. O Padre João disse que um adulto que entrega um preservativo a um adolescente ou a um jovem parte do principio que ele é, fatalmente, sexualmente activo. Ou seja, um agente educativo assumia que era uma assunto sobre o qual ele não podia fazer nada ou então, que não devia fazer nada. Por isso era obviamente contra essa medida.

Ainda neste tema, falou-se das declarações do Papa na viagem a Angola e da posição da Igreja sobre o preservativo. Sobre isto o Padre João relembrou as declarações do Papa e acrescentou que estava à vista que a distribuição massiva de preservativos não funcionava.

Deu como exemplo a comparação entre o Uganda, onde a SIDA diminuiu graças ao programa ABC, que aposta antes de mais na educação e só por fim no preservativo, contra o exemplo da África do Sul, onde as campanhas de distribuição maciça de preservativo não têm tido qualquer êxito.

Por fim dizia ainda que sobre toda a moral sexual da Igreja as pessoas só falavam do preservativo. De tal modo que já tinha tido um rapaz a confessar-se que tinha tido relações sexuais com a namorada usando preservativo (como se o pecado fosse preservativo e não o ter ido para a cama com uma rapariga sem ser casado com ela).

Ainda sobre a educação falou-se das crianças passarem cada vez mais tempos nas escolas. Embora a Constança Cunha e Sá tenha dito que se tratava de uma resposta ao facto dos pais se demitirem da educação dos filhos, o Padre João argumentou que lhe parecia antes tratar-se de uma tentativa clara de ocupar os quadros do ministério. Ou seja, que o sistema escolar funcionava não para os alunos, mas para os professores. Falou de várias outras soluções para o problema dos pais terem que ter um sitio para deixar os filhos (ATL’s, clubes, actividades).

Outro dos temas que a entrevistadora quis abordar foi a do ecumenismo. Como era possível um dialogo se a Igreja se afirmava como dona da verdade.

A isto o Pare João respondeu que a Igreja não tem a pretensão de ser dona da verdade. Está segura de ser possuída pela Verdade. Só deste amor pela verdade pode nascer um verdadeiro dialogo. Porque se alguém ama a verdade procura o resquício de verdade que há em cada uma das pessoas.

Dialogo em abstracto é uma mera questão de cedências. Duas pessoas usam a mesma palavra, sabendo que cada um quer dizer uma coisa diferente. O dialogo concreto, com pessoas concretas permite uma aproximação concreta a todas as pessoas.

Outras das questões abordadas foi a de a sociedade não compreender a Igreja. Focou-se sobretudo a questão do pecado. Cada vez mais, mesmo dentro da Igreja, as pessoas acham que o mal é o que se faz a si mesmo ou aos outros. Pede-se perdão a si mesmo ou aos outros pelo mal que se fez.

Mas o pecado é, antes de mais nada, uma ofensa a Deus. As leis da Igreja são só para os católicos, mas o Direito Divino, inscrito no coração de cada homem, é para todos. Por isso aqueles que vão contra a lei de Deus ofendem antes de mais a Deus.

Ainda sobre este tema, Constança Cunha e Sá dizia que a Igreja era muito proibitiva, parecia que havia muitos “não”. O Padre João explicou que é o contrário. A Igreja o que quer a felicidade plena de cada homem. Essa felicidade só é possível no encontro com Cristo na sua Igreja.

Por fim veio a relação da Igreja sobre o poder. O Padre João explicou antes de mais que a Igreja não se impõem a ninguém. A Igreja não tem nenhum poder. O que os bispos fazem é, como pastores que são, guiar a consciência dos cristãos na vida pública. E que isto era um direito.

Sobre a relação com o governo actual, o Padre João afirmou que a maioria PS tem dificultado a vida à Igreja. Talvez não propositadamente. Mas o efeito prático é que se tornava cada vez mais difícil a presença pública da Igreja. Falou da lei do aborto (que descreveu como um crime horroroso) e na questão dos ATL’S como exemplo.

Falou-se ainda que o aumento de direitos fundamentais, que não vêm do direito natural, mas que são meramente ideológicos, coloca a Igreja cada vez mais à margem da sociedade e qualquer dia à margem da Lei. Deu como exemplo a Dinamarca, onde já se começa a exigir que as Igrejas celebrem casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

O último assunto foi a democracia. O Padre João explicou que a democracia era uma coisa estranha porque obrigava a reconhecer alguma coisa anterior ao próprio Estado. O limite da democracia não pode ser o voto popular, se não 50% + 1 podiam decidir matar 50% - 1. Mas actualmente os estados não querem reconhecer esse algo que vêm antes, esse limite à própria democracia e que isto iria levar a uma crise nas democracias.

A entrevista terminou com o Padre João a explicar que a Igreja não era uma democracia porque quem a guiava era Cristo que não tinha sido eleito.

quarta-feira, maio 20, 2009

Principio Casablanca



You must remember this
A kiss is still a kiss
A sigh is still (just) a sigh
The fundamental things apply
As time goes by


And when two lovers woo
They still say: "i love you"
On that you can rely
No matter what the future brings
As time goes by

Moonlight and love songs - never out of date
Hearts full of passion - jealousy and hate
Woman needs man - and man must have his mate
That no one can deny

It's still the same old story
A fight for love and glory
A case of do or die
The world will always welcome lovers
As time goes by

A Igreja não é o PSD...


Ontem Paulo Rangel, líder parlamentar do PSD e cabeça de lista do mesmo partido nas eleição para o Parlamento Europeu, deu uma entrevista ao jornal I. Nessa entrevista este ilustre deputado afirmava-se católico, mas explica que era incompreensível a posição da Igreja sobre o preservativo, o celibato, a ordenação sacerdotal das mulheres e os homossexuais.


Ora se a questão do celibato e da ordenação as mulheres está na fronteira, a questão dos homossexuais e da moral cristã sobre a sexualidade está muito além.

Uma pessoa para ser verdadeiramente católica têm que estar em comunhão com a Santa Igreja, cujo o pastor é Pedro. Por isso uma coisa é dizer que acha que as mulheres até podiam ser sacerdotes (uma opinião errada) não está ainda fora da comunhão com o Papa. Não está a defender nenhum pecado, apenas uma opinião tonta.

Que diga que um pecado não é pecado. Chamar bem ao mal. Dizer que a Santa Madre Igreja está errada no seu ensino moral é estar fora da comunhão com a Igreja.

Eu percebo a confusão do Dr. Paulo Rangel. Ele encontra-se num partido onde a única coisa em que têm que acreditar é no partido, de resto pode-se achar o que quiser e apoiar o candidato que lhe apetece. Mas na Igreja não é assim. Não há os que são pelo Papa, os que são pelo Hans-Kung e os que são por Lefebvre. Há os que são católico e os que não o são.

O problema

Está em discussão na especialidade as propostas de lei do PS e do PCP sobre a educação sexual. Esta lei parte do principio de que os jovens em idade escolar praticam sexo, logo é obrigatório ter acesso a toda a informação assim como a meios contraceptivos.

Ora este principio encontra-se espalhado um pouco por toda a sociedade. A maior parte das pessoas afirma com um ar muito sério que os jovens estão todos a viver a sua sexualidade e que ainda bem, que é natural e que sempre foi assim.

Ao mesmo tempo todos os estudo que saem dizem que os jovens começam a sua actividade sexual cada vez mais cedo, que há cada vez mais gravidezes na adolescências, mais doenças venéreas, etc.

Por isso parece-me que não estamos diante de um facto natural, ou seja, não é que os jovens pratiquem mais sexo porque sempre foi assim e é suposto que seja, mas porque há cada vez mais incentivos a que se comece cedo a fazer sexo.

E este facto é indesmentível. Todas as séries, filmes, anúncios incluem sexo, ou referências a sexo. É hoje em dia normal passar cenas de cama na televisão durante todo o dia. As revistas com meninas semi-despidas estão hoje nos escaparates ao lado dos jornais e das revistas cor-de-rosa.

Hoje em dia parte-se do principio que um miúdo de quinze já é sexualmente activo e que um jovem de vinte seguramente faz sexo com a sua namorada. Transformou-se o sexo antes do casamento numa banalidade.

Ainda a provar que este facto indiscutível que é “os adolescentes e jovem fazem todos sexo” é uma falácia introduzida pela descristianização da sociedade é o facto de haver muitos jovens normais, que namoram, que tem amigos e amigas, que saem à noite e que são virgens.

São virgens, não por falta de oportunidade (oportunidades é o que não faltam) mas por uma clara opção por uma forma de relacionamento mais profunda e mais humana.

Explicam-nos que o sexo é uma coisa normal e natural. E nós sabemos que é verdade. Mas mesmo as coisas normais e naturais têm um tempo e um lugar. Eu não quero reduzir o amor que tenho pela minha namorada a um momento de hormonas aos saltos. É natural eu querer ir para cama com ela? Claro que é. Mas eu sei que o meu amor por ela é maior do que esse instinto. Por isso prefiro esperar pelo dia em que me possa entregar-me completamente a ela. Não só fisicamente, totalmente.

Por isso, quando falam deste fenómeno do sexo na adolescência e juventude a que é preciso reagir, eu pergunto-me sempre se a sociedade se dá conta que está a reagir a problema que ela própria cria.

A solução mais fácil? Não criar o problema...

segunda-feira, maio 18, 2009



No dia 15 de Maio o Padre Norman Weslin de 80 anos participava numa manifestação não autorizada pela Universidade de Notre Dame contra o aborto e contra o convite daquela universidade católica ao presidente Obama (que é favor do aborto, incluindo o aborto parcial, que consiste em matar o bebé quando a cabeça já está fora da mãe).

Durante essa manifestação, claramente não violenta e encabeçada por um padre vestido de batina, que se realizava numa Universidade Católica, o Padre Norman foi detido e algemado enquanto cantava cânticos a Nossa Senhora, incluindo o Avé de Fátima.

No dia seguinte o Padre Norman voltou a ser detido pelos mesmo motivos, enquanto rezava o terço na Universidade. Com ele foram detido mais 21 pessoas, incluindo Norma McCorvey, conhecida por ter dado origem à decisão do Supremo Tribunal que permitiu o aborto livre nos EUA, que se converteu em 1995 sendo hoje em dia uma ardorosa militante pro-life.

Não tenho muito para dizer, as imagens falam por si. Um sacerdote da Santa Igreja, algemado de joelhos numa universidade católica, enquanto canta cânticos a Nossa Senhora, sem oferecer qualquer resistência.

Confesso que ainda estou chocado e enojado com as imagens. Não consigo acreditar naquilo que vi.

Viva Cristo Rei! Viva Nossa Senhora, Rainha de Portugal!



Neste fim-de-semana foram centenas de milhares de pessoas aquelas que se juntaram a Nossa Senhora de Fátima para festejar os cinquenta anos do Santuário que os católicos de Portugal erigiram ao seu filho em Almada.

Desde o Hospital da Estefânia até ao Cristo-Rei, Nossa Senhora foi sempre acompanhada por multidões que recordam que Ela é Rainha de Portugal, assim como o Seu Filho é do Mundo e da História.

Neste tempo em que os ataques à fé e à Igreja vão aumentado Nossa Senhora é cada vez mais caminho para Seu Filho.

terça-feira, maio 12, 2009

Viva os toiros!

O Campo Pequeno abriu na semana passada a temporada. De um lado estiveram (como têm sempre estado, abusando deturpando e abusando do direito à manifestação, transformando-o em direito à provocação) meia dúzia de defensores dos animais. Do outro muitos aficionados que encheram mais uma vez a catedral do toreio a cavalo.

Este ano têm sido marcado por várias iniciativas da ANIMAL juntamente com o BE para proibir as corridas de toiros em várias cidade. Por outro lado, na última temporada aumentou a afluência as praças e as toiradas foram o espectáculo com maior assistência a seguir ao futebol.

Esperemos que este ano o nível dos toiros apresentados no Campo Pequeno melhore, para que lá se possa ir sem ser por obrigação. Tem sido uma vergonha o nível dos animais apresentados na maior e mais antiga praça do país.

Deixo aqui dois vídeos, que mostram o melhor de dois mundos (a corrida à portuguesa e a corrida a pé).



segunda-feira, maio 11, 2009

O Papa na Terra Santa

O Papa está de visita à Terra Santa. Sobre a visita do Santo Padre já se começaram a ouvir os disparates do costume: que vai a Israel por causa do bispo que nega o holocausto, porque foi obrigado a pertencer à juventude hitleriana (da qual fugiu com perigo de vida) ou para melhorar as relações com os islâmicos depois do grande discurso de Ratisbona (do qual os media só guardam memória de um frase de um imperador bizantino).

Mas o que Bispo de Roma foi fazer à terra onde Nosso Senhor viveu é simplesmente peregrinar. O Papa não cumpre a agenda do mundo, limita-se a ser fiel à missão que Deus lhe confiou. O Papa está acima dos jogos políticos e mediáticos, pois a única coisa que tem que fazer é apascentar o rebanho que Cristo lhe confiou. Por isso vai em peregrinação a terra onde Jesus nasceu.

Rezemos pelo nosso Papa, para que Deus lhe conceda força para permanecer firme na sua missão.

SEMPER FIDELIS!

Impossível

Estreia esta quinta-feira mais um filme baseado num livro de Dan Brown. Um pouco por toda a cidade já aparecem cartazes a anunciar este evento.

Confesso que não conheço a história, mas o anúncio que tem passado nos cinemas mostra túneis secretos debaixo do Vaticano, cardeais à pancada e explosões na Praça de São Pedro. Posso simplesmente adivinhar o resto dos disparates do filme.

A mim o que me impressiona neste género de livros e filme é que há quem acredito neles. Pessoas que por um lado dizem que não é razoável acreditar em Cristo, acham credível que a Igreja tenha um qualquer plano para dominar o mundo.

As pessoas recusam-se a acreditar em coisas que acham impossíveis, mesmo que razoáveis (por exemplo, que uma pessoa fique cega de um olho e recupere a visão) mas acreditam nas coisas mais improváveis do mundo.

Já eu, prefiro parafrasear Chesterton de memória: eu acredito no impossível, só não acredito no improvável.

quarta-feira, maio 06, 2009

Gostos.

O pânico com a nova gripe fez-me ter mais consciência de um facto. Hoje em dia a saúde substituiu Deus. Não há dia que passe que não se oiça alguém dizer "o que é preciso é saúde" ou "sem saúde não se faz nada".

Todos nós já ouvimos pessoas a dizer que a abstinência ou o jejum não fazem sentido. Isto ao mesmo tempo que só comem saladas, natas de soja e eliminam qualquer prato frito da ementa para serem saudáveis.

Por outro lado, ao mundo modernos os sacrifícios corporais parecem bárbaros. "Como é possível sofrer para agradar a Deus?". Mas se o sacrifício for passar uma hora num ginásio ou ir correr metade da cidade então isso é normal e bom. Faz bem à saúde.

De facto, mais do que o dinheiro ou o poder, o Deus moderno é a saúde. Sinal de que no nosso tempo já ninguém pensa ou acredita na Vida Eterna. Eu, pela parte que me toca, prefiro todas as doenças que possa a ter a passar um dia no purgatório. Gostos.