quarta-feira, julho 29, 2009

Libertas ecclesiae.



Tenho visto desde ontem diversos comentários em blogs e jornais ao apoio dos priores da Baixa-Chiado a Santana Lopes. A maior parte dos opinidores diz que os padres não deviam falar sobre política.

Não consigo perceber porque razão estes defensores da laicidade, que dizem que os padres devem ser tratados como todos os cidadãos, de repente reconhecem aos sacerdotes uma tal importância que já não podem emitir sua opinião num boletim de paróquia.

E este é o problema deste ateísmo moderno, que se acha livre de vexar e gozar com todas as religiões: é que no fundo são o velho anti-clericalismo. No que lhe interessa os padres devem ser tratados como os outros, quando não lhe interessa devem ter tratamento especial.

Estes supostos laicistas enervam-me solenemente. Não percebem o que é a laicidade e nem sequer percebem que antes do Estado se querer separar da Igreja, já a Igreja se tinha querido separar do Estado. Porque quando a Igreja se confunde com o Estado acaba submetida a este. Aquilo que a Igreja quer é liberdade de testemunhar Cristo em todas as circunstâncias.

O que o Iluminismo e a Revolução Francesa trouxeram de novo não foi a laicidade, mas sim o anti-clericalismo. Este laicismo não quer simplesmente a Igreja separada do Estado, quer os católicos fechados em casa ou na sacristia, sem se atreverem a falar publicamente daquilo que nos é mais querido: Cristo.

A laicidade é o Estado sem religião, mas protagonizado por pessoas que podem ser religiosas. Um Estado sem religião mas que reconhece e agradece aquilo que as religiões e muito especialmente a Igreja, fazem pela sociedade. Um Estado sem religião mas que não ignora, no caso da Europa, a sua matriz cristã e a relevância que a Igreja têm na educação, na saúde, na cultura e na caridade. Um Estado sem religião mas onde qualquer religioso pode falar onde quiser sobre o que quiser. Ou seja, um Estado livre, com homens livres.

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