quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Uma Grande Paternidade

Faz hoje dois anos que morreu o Mons. Luigi Giussani, fundador do movimento Comunhão e Libertação e grande amigo meu.

Pode parecer esquisito dizer de Don Giussani que era um grande amigo quando a verdade é que nunca tive a graça de estar com ele. Mas a proposta que ele fazia, a experiência do movimento que Giussani propunha a todos, que me propôs a mim, correspondeu-me de tal forma que não pude deixar de pensar dele como um amigo. Aliás, mais que um amigo, um pai.

E não digo isto de forma sentimentalista. Não era nem é uma proposta teórica. Apesar de não a ter apreendido directamente da fonte, através dos meus amigos do movimento pude verificar de forma sensivel aquela proposta que não sendo nova, é a mais original que se pode encontrar, porque a mais Verdadeira: Cristo!

Agradeço portanto esta companhia, o meu GPS, e sobretudo agradeço esta experiência a Don Giussani.

Grazie Don Giuss

Contratações de luxo!

Desde que o Pinto da Costa contratou o Mourinho que o Porto não fazia uma contratação tão boa

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Bento XVI - As mulheres na História da Igreja.

Queridos irmãos e irmãs:

Chegamos hoje ao final de nosso percurso entre as testemunhas do cristianismo nascente, mencionados nos escritos do Novo Testamento. E aproveitamos a última etapa deste primeiro percurso para centralizar nossa atenção nas muitas figuras femininas que desempenharam um efetivo e precioso papel na difusão do Evangelho.

Seu testemunho não pode ser esquecido, segundo o que o próprio Jesus disse sobre a mulher que lhe ungiu a cabeça pouco antes da Paixão: «Eu vos asseguro: onde quer que se proclame esta Boa Nova no mundo inteiro, se falará também do que esta fez para memória sua» (Mateus 26, 13; Marcos 14, 9). O Senhor quer que estes testemunhos do Evangelho, estas figuras que deram sua contribuição para que crescera a fé n’Ele, sejam conhecidas e sua memória permaneça viva na Igreja.

Historicamente podemos distinguir o papel das mulheres no cristianismo primitivo, durante a vida terrena de Jesus e durante as vicissitudes da primeira geração cristã. Certamente, como sabemos, Jesus escolheu entre seus discípulos doze homens como pais do novo Israel, «para que estivessem com ele, e para enviá-los a pregar» (Marcos 3, 14-15). Este facto é evidente, mas, além dos doze, colunas da Igreja, pais do novo Povo de Deus, foram também escolhidas muitas mulheres no número dos discípulos.

Só posso mencionar brevemente aquelas que se encontraram no caminho do próprio Jesus, começando pela profetiza Ana (cf. Lucas 2, 36, 38) até chegar à samaritana (cf. João 4, 1-39), a mulher siro-fenícia (cf. Marcos 7, 24-30), a hemorroísa (cf. Mateus 9, 20-22) e a pecadora perdoada (cf. Lucas 7, 36-50). Tampouco mencionarei as protagonistas de algumas de suas eficazes parábolas, por exemplo, a mulher que faz o pão (Mateus 13, 33), a mulher que perde a dracma (Lucas 15, 8-10), a viúva inoportuna ante o juiz (Lucas 18, 1-8).

Para nosso argumento, são mais significativas as mulheres que desempenharam um papel activo no âmbito da missão de Jesus. Em primeiro lugar, o pensamento se dirige naturalmente à Virgem Maria, que com sua fé e sua obra materna colaborou de maneira única em nossa Redenção, até o ponto de que Isabel pôde chamá-la de «bendita entre as mulheres» (Lucas 1, 42), acrescentando: «feliz aquela que creu» (Lucas 1, 45). Convertida em discípula do Filho, Maria manifestou em Caná a confiança total n’Ele (cf. João 2, 5) e o seguiu até os pés da Cruz, onde recebeu d’Ele uma missão maternal para todos seus discípulos de todos os tempos, representados por João (cf. João 19, 25-27).

Há também várias mulheres, que de diferentes maneiras gravitaram em torno da figura de Jesus com funções de responsabilidade. São exemplos eloquentes as mulheres que seguiam Jesus para servi-lo com seus bens. Lucas oferece-nos alguns nomes: Maria de Magdala, Joana, Susana, e «muitas outras» (cf. Lucas 8, 2-3).

Depois, os Evangelhos dizem-nos que as mulheres, ao contrário dos Doze, não abandonaram Jesus na hora da Paixão (cf. Mateus 27, 56. 61; Marcos 15, 40). Entre elas, destaca-se em particular a Madalena, que não só esteve presente na Paixão, mas se converteu também na primeira testemunha e anunciadora do Ressuscitado (cf. João 20.1 11-18). Precisamente a Maria de Magdala, que São Tomás dedica o singular qualificativo de «apóstola dos apóstolos» («apostolorum apostola»), dedicando-lhe um belo comentário: «Assim como uma mulher havia anunciado ao primeiro homem palavras de morte, assim também uma mulher foi a primeira a anunciar aos apóstolos palavras de vida».

Também no âmbito da Igreja primitiva, a presença feminina não é secundária, muito pelo contrário. É o caso das quatro filhas do «diácono» Felipe, cujo nome não é mencionado, residentes em Cesaréia, dotadas, todas elas, como diz São Lucas, do «dom da profecia», ou seja, da faculdade de falar publicamente sob a acção do Espírito Santo (cf. Atos 21, 9). A brevidade da notícia não permite tirar deduções mais precisas.

Devemos a São Paulo uma documentação mais ampla sobre a dignidade e o papel eclesial da mulher. Começa pelo princípio fundamental, segundo o qual, para os batizados, «já não há judeu nem grego; nem escravo nem livre; nem homem nem mulher», «já que todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gálatas 3, 28), ou seja, unidos todos na mesma dignidade de fundo, ainda que cada um com funções específicas (cf. I Coríntios 12, 27-30). O apóstolo admite como algo normal que na comunidade cristã a mulher possa «profetizar» (1 Coríntios 11, 5), ou seja, pronunciar-se abertamente sob a influência do Espírito Santo, sob a condição de que seja para a edificação da comunidade e de uma maneira digna. Portanto, é preciso realizar a famosa exortação: «as mulheres estejam caladas nas assembléias» (1 Coríntios 14, 34). O problema, sumamente discutido, sobre a relação entre a primeira fase - as mulheres podem profetizar na assembléia - , e a outra - não podem falar -, ou seja, a relação entre estas duas indicações que aparentemente são contraditórias, nós deixaremos para os exegetas. Não é algo que seja necessário discutir aqui.

Na quarta-feira passada, já nos havíamos encontrado com Prisca ou Priscila, esposa de Áquila, que em dois casos é mencionada surpreendentemente antes do marido (cf. Atos 18, 18; Romanos 16, 3): ambos são qualificados explicitamente por Paulo como seus «sun-ergoús», «colaboradores» (Romanos 16, 3). Há outras observações que não deve se discutir. É necessário constatar, por exemplo, que a breve Carta a Filêmon é dirigida por Paulo também a uma mulher de nome «Ápia» (cf. Filêmon 2). Traduções latinas e sírias do texto grego acrescentam ao nome «Ápia» o qualificativo de «Sóror crissima» (ibidem), e deve-se dizer que na comunidade devia ocupar um papel de importância; em todo caso, é a única mulher mencionada por Paulo entre os destinatários de uma carta sua. Em outras passagens, o apóstolo menciona a uma certa «Febe», à que chama «diákonos» da Igreja Cêncris, a pequena cidade porto ao leste de Corinto (cf. Romanos 16, 1-2). Ainda que o título, naquele tempo, ainda não tinha um valor ministerial específico de caráter hierárquico, expressa um autêntico exercício de responsabilidade por parte desta mulher a favor dessa comunidade cristã. Paulo pede que seja recebida cordialmente e assistida «em qualquer coisa que precise de vós», e depois acrescenta: «pois ela foi protetora de muitos, inclusive de mim mesmo».

No mesmo contexto epistolar, o apóstolo, de forma delicada, recorda outros nomes de mulheres: uma certa Maria, e depois Trifena, Trifosa, e Pérside, «amada», assim como a Júlia, das quais escreve abertamente que «se fatigaram por vós» ou «se fatigaram no Senhor» (Romanos 16, 6. 12a. 12b. 15), sublinhando deste modo seu intenso compromisso eclesial. Na Igreja de Filipos se distinguiam, também, duas mulheres de nome Evódia e Síntique (Filipenses 4, 2): o chamado que Paulo faz à concórdia mútua dá a entender que as duas mulheres desempenhavam uma função importante dentro dessa comunidade.

Em síntese, a história do cristianismo teria tido um desenvolvimento muito diferente se não se tivesse dado a contribuição generosa de muitas mulheres. Por este motivo, como escreveu meu venerado e querido predecessor João Paulo II, na carta apostólica «Mulieris dignitatem», «a Igreja dá graças por todas as mulheres e por cada uma. A Igreja expressa seu agradecimento por todas as manifestações do ‘génio’ feminino aparecidas ao longo da história, no meio dos povos e das nações; dá graças por todos os carismas que o Espírito Santo outorga às mulheres na história do Povo de Deus, por todas as vitórias que deve à sua fé, esperança e caridade; manifesta sua gratidão por todos os frutos da santidade feminina» (n. 31).

Como se vê, o elogio se refere às mulheres no transcurso da história da Igreja e é expresso em nome de toda a comunidade eclesial. Nós também nos unimos a este apreço, dando graças ao Senhor porque Ele conduz a sua Igreja, de geração em geração, servindo-se indistintamente de homens e mulheres, que sabem tornar sua fé e seu batismo fecundos para o bem de todo o Corpo eclesial, para maior glória de Deus.


Semper Fidelis

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Homeward Bound

Im sittin in the railway station
Got a ticket for my destination
On a tour of one night stands
My suitcase and guitar in hand
And every stop is neatly planned
For a poet and a one man band

Homeward bound
I wish I was
Homeward bound
Home, where my thoughts escaping
Home, where my musics playing
Home, where my love lies waiting
Silently for me

Everydays an endless stream
Of cigarettes and magazines
And each town looks the same to me
The movies and the factories
And every strangers face I see
Reminds me that I long to be

Homeward boundI wish I was
Homeward bound
Home, where my thoughts escaping
Home, where my musics playing
Home, where my love lies waiting
Silently for me

Tonight Ill sing my songs again
Ill play the game and pretend
But all my words come back to me
In shades of mediocrity
Like emptyness in harmony
I need someone to comfort me

Homeward boundI wish I was
Homeward bound
Home, where my thoughts escaping
Home, where my musics playing
Home, where my love lies waiting
Silently for me
Silently for me
Silently for me


Depois de ter passado um belissimo fim-de-semana fora, não há nada como voltar a casa...

Beatos Francisco e Jacinta


Hoje, dia 20 de Fevereiro a Igreja celebra a festa litúrgica dos Beatos Francisco e Jacinta Marto.


Cantemos alegres a uma só voz

Francisco e Jacinta Rogai por nós

João César da Neves - A enorme derrota da Igreja

Agora que assentou a poeira à volta do referendo é possível ver com clareza: foi uma enorme derrota para a Igreja. É algo exagerado identificar o "não" com a Igreja católica, mas não muito. Ela foi a única grande entidade que se empenhou a fundo na luta desse lado e perdeu largamente.

Pode falar-se na parcialidade da imprensa e no poder do Governo, na manipulação da pergunta e nos enganos dos opositores, na subida dos votos do "não" e na elevação do debate. Pode dizer-se que foi uma derrota galharda e honrosa, mas indiscutivelmente uma enorme derrota da Igreja, da sua moral, cultura e forma de ver o mundo.

A Igreja está habituada a perder. Aliás a vitória de há oito anos é que foi uma extraordinária excepção numa longa sequência de importantes baixas. São tantas as derrotas históricas que surpreende até como a Igreja consegue sobreviver e manter tanta influência. Mas não é apenas desse modo que a derrota é normal. Trata-se de um elemento básico e inato. O cristianismo é a religião da cruz e dos mártires. O seu Deus foi flagelado, coroado de espinhos, pendurado num madeiro até morrer. A fé cristã é o reino dos pobres e dos humildes.

No dia do referendo em todas as missas do mundo foi lido: "Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir. Bem- -aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos expulsarem, vos insultarem e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, pois a vossa recompensa será grande no Céu. (...) Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas" (Lc 6, 21-26). Os cristãos não vivem da derrota. Mas também não vivem para a vitória. Vivem da ressurreição, que só acontece depois da morte. Três dias depois.

O pior é que, quando a Igreja perde, quase ninguém ganha. A Igreja está preparada para perder, mas Portugal perde mais quando ela perde. Muitos dos que votaram "sim" no referendo viverão o suficiente para virem a lamentar a sua escolha. Quando os números do aborto dispararem, quando se sofrerem as consequências psicológicas, familiares, médicas, sociológicas, económicas do aborto livre, nessa altura perceberão a futilidade dos argumentos que os convenceram no dia 11. O facilitismo e superficialidade com que pretenderam "arrumar a questão" virá a cair sobre os próprios. Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos.

O aborto a pedido e pago pelo Sistema Nacional de Saúde assolará sobretudo as classes mais pobres, onde a tentação será mais forte. Paradoxalmente, como noutros países, isso minará a base eleitoral dos partidos de Esquerda. Haverá menos crianças a correr nos bairros de lata; menos crianças a correr nos infantários. Haverá menos crianças em todo o lado. Haverá menos portugueses. O que aumentará é o número de gravidezes indesejadas. Iremos ver bem quão elástico é o conceito de "indesejado".

Outra característica das derrotas da Igreja é que depois ela continua sempre a lutar. Estas previsões catastróficas são ainda evitáveis. Certos da ressurreição e com os olhos fixos no Céu, os cristãos esperam contra toda a esperança. É só por isso que "sangue de mártires é semente de cristãos". Qualquer que seja a idade dos mártires.

Assim, a luta pela vida continuará, hoje como ontem. Se os defensores do aborto persistiram após 1998, ninguém negará agora o mesmo direito ao outro lado. A luta continuará até na frente jurídica. O embuste da pergunta e da campanha fez com que a única coisa realmente referendada fosse a despenalização. Alguns acham-se com legitimidade para aprovar uma lei de banalização do aborto, mas isso é claramente lateral ao referendo. Há ainda muitas instâncias capazes de defender o princípio constitucional de que "a vida humana é inviolável" (art. 24.º n.º 1).

Se essas leis vierem a passar, o drama do aborto cairá sobre o sector de saúde, acrescentando mais problemas aos que já tem. A luta pela vida passará então pelo apoio à dignidade ética da função médica.

Sobretudo a vida só se defende na vida. Na vida concreta de cada mãe abandonada, de cada criança indesejada. As dezenas de instituições específicas e os milhões de cristãos anónimos continuarão a trabalhar. Mesmo derrotada, a Igreja mostra sempre o caminho para a verdade e a vida.

Livro e filme do mês

A partir de hoje contamos com o aviso do livro e do filme do mês na coluna ao lado.

Papa fala sobre a vida!

Discurso do Papa Bento XVI aos participantes do Congresso sobre Direito Natural da Pontifícia Universidade Latranense

Segunda-Feira, 12 de Fevereiro de 2007

Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Estimados Professores
Ilustres Senhoras e Senhores

É com particular prazer que vos recebo no início dos trabalhos congressuais, que nos próximos dias vos verão comprometidos no debate sobre um tema de importância relevante para o actual momento histórico, o da lei moral natural. Agradeço a D. Rino Fisichella, Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, os sentimentos expressos no discurso com que desejou introduzir este encontro.

Não há dúvida de que nós estamos a viver um momento de desenvolvimento extraordinário na capacidade humana de decifrar as regras e as estruturas da matéria e no consequente domínio do homem sobre a natureza. Todos nós vemos as grandes vantagens deste progresso, e vemos cada vez mais também as ameaças de uma destruição da natureza pela força da nossa acção. Existe outro perigo menos visível, mas não menos preocupante: o método que nos permite conhecer cada vez mais profundamente as estruturas racionais da matéria torna-nos cada vez menos capazes de ver a fonte desta racionalidade, a Razão criadora. A capacidade de ver as leis do ser material torna-nos incapazes de ver a mensagem ética contida no ser, mensagem que a tradição denomina lex naturalis, lei moral natural. Trata-se de uma palavra que hoje para muitos é incompreensível, por causa de um conceito de natureza já não metafísico, mas somente empírico. O facto de que a natureza, o próprio ser, já não é transparente para uma mensagem moral, gera um sentido de desorientação que torna precárias e incertas as opções na vida de todos os dias. Naturalmente, a confusão atinge de modo particular as gerações mais jovens, que neste contexto devem encontrar as opções fundamentais para a sua vida.

É precisamente à luz destas verificações que se manifesta em toda a sua urgência a necessidade de reflectir sobre o tema da lei natural e de reencontrar a sua verdade, comum a todos os homens. Tal lei, à qual se refere também o Apóstolo Paulo (cf. Rm 2, 14-15), está inscrita no coração do homem e, por conseguinte, também hoje não é simplesmente inacessível. Esta lei tem como seu princípio primordial e generalíssimo o de "fazer o bem e evitar o mal". Trata-se de uma verdade cuja evidência se impõe imediatamente a cada um. Dela brotam os outros princípios mais particulares, que regulam o juízo ético sobre os direitos e os deveres de cada um. Trata-se do princípio do respeito pela vida humana, desde a sua concepção até ao seu termo natural, pois este bem da vida não é uma propriedade do homem, mas um dom gratuito de Deus. Trata-se também do dever de buscar a verdade, pressuposto necessário de toda o verdadeiro amadurecimento da pessoa.

Outra exigência fundamental do sujeito é a liberdade. Todavia, tendo em consideração o facto de que a liberdade humana é sempre uma liberdade compartilhada com os outros, é claro que a harmonia das liberdades só pode ser encontrada naquilo que é comum a todos: a verdade do ser humano, a mensagem fundamental do próprio ser, precisamente a lex naturalis. E como deixar de mencionar, por um lado, a exigência da justiça, que se manifesta em dar unicuique suum e, por outro, a expectativa da solidariedade, que alimenta em cada um, especialmente se estiver em dificuldade, a esperança de uma ajuda por parte daquele que teve uma sorte melhor? Nestes valores expressam-se normas inderrogáveis e inadiáveis, que não dependem da vontade do legislador e nem sequer do consenso que os Estados lhes podem conferir. Com efeito, trata-se de normas que precedem qualquer lei humana: como tais, não admitem intervenções em derrogação por parte de ninguém.

A lei natural é a nascente de onde brotam, juntamente com os direitos fundamentais, também imperativos éticos que é necessário respeitar. Na actual ética e filosofia do Direito são amplamente difundidos os postulados do positivismo jurídico. A consequência é que a legislação se torna com frequência somente um compromisso entre diversos interesses: procura-se transformar em direitos, interesses particulares ou desejos que contrastam com os deveres derivantes da responsabilidade social. Nesta situação, é oportuno recordar que cada ordenamento jurídico, tanto a nível interno como internacional, haure em última análise a sua legitimidade da radicação na lei natural, na mensagem ética inscrita no próprio ser humano. Em definitivo, a lei natural é o único baluarte válido contra o arbítrio do poder ou os enganos da manipulação ideológica. O conhecimento desta lei inscrita no coração do homem aumenta com o progredir da consciência moral. Portanto, a primeira preocupação para todos, e particularmente para quem tem responsabilidades públicas, deveria consistir em promover o amadurecimento da consciência moral. Este é o progresso fundamental, sem o qual todos os outros progressos terminam por ser não autênticos. A lei inscrita na nossa natureza é a verdadeira garantia oferecida a cada um, para poder viver livres e ser respeitado na própria dignidade.

O que dissemos até agora tem implicações muito concretas, se se faz referência à família, ou seja, àquela "íntima comunidade conjugal de vida e de amor... fundada e dotada de leis próprias pelo Criador" (Constituição pastoral Gaudium et spes, 48). A este propósito, o Concílio Vaticano II reiterou oportunamente que a instituição do matrimónio recebe a sua "estabilidade do ordenamento divino" e, por isso, "este vínculo sagrado, por causa do bem tanto dos esposos e da prole, como da sociedade, está fora do arbítrio humano" (Ibidem). Portanto, nenhuma lei feita pelos homens pode subverter a norma escrita pelo Criador, sem que a sociedade seja dramaticamente ferida naquilo que constitui o seu próprio fundamento basilar. Esquecê-lo significaria debilitar a família, penalizar os filhos e também tornar precário o futuro da sociedade.

Enfim, sinto o dever de afirmar mais uma vez que nem tudo o que é cientificamente realizável é também lícito sob o ponto de vista ético. Quando reduz o ser humano a um objecto de ensaio, a técnica termina por abandonar o sujeito frágil ao arbítrio do mais forte. Confiar cegamente na técnica como a única garantia de progresso, sem oferecer ao mesmo tempo um código ético que mergulhe as suas raízes na mesma realidade que é estudada e desenvolvida, equivaleria a causar violência à natureza humana, com consequências devastadoras para todos.

A contribuição dos homens de ciência é de importância primária. Juntamente com o progresso das nossas capacidades de domínio sobre a natureza, os cientistas devem contribuir também para nos ajudar a compreender profundamente a nossa responsabilidade pelo homem e pela natureza que lhe é confiada. Tendo isto como base, é possível desenvolver um diálogo fecundo entre crentes e não-crentes; entre filósofos, juristas e homens de ciência, que podem oferecer também ao legislador um material precioso para a vida pessoal e social. Por isso, faço votos a fim de que estes dias de estudo possam impelir não apenas a uma maior sensibilidade dos estudiosos em relação à lei natural, mas levem também a criar as condições para que, no que diz respeito a esta temática, se chegue a ter uma consciência cada vez mais plena do valor inalienável que a lex naturalis possui, para um progresso real e coerente da vida pessoal e da ordem social.

Com estes bons votos, asseguro a minha lembrança na oração por vós e pelo vosso compromisso académico de investigação e de reflexão, enquanto concedo a todos vós a minha afectuosa Bênção Apostólica.

Semper Fidelis

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Ainda o Aborto

"Certamente haverá menos crianças abandonadas, menos deficientes, menos criminosos. Só mais cadáveres pequeninos." - César das Neves, DN 19/02/07

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Nuno Álvares Pereira

Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.

Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.

Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!

Fernado Pessoa, Mensagem

Nota da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o referendo.

O NOVO CONTEXTO DA LUTA PELA VIDA
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Nota Pastoral
Reunida em Assembleia extraordinária, após o habitual retiro, a Conferência Episcopal Portuguesa, na sequência do referendo de 11 de Fevereiro, decidiu propor algumas reflexões pastorais aos cristãos e à sociedade em geral.
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1. Apesar de a maioria dos eleitores não se ter pronunciado, o resultado favorável ao “Sim” é sinal de uma acentuada mutação cultural no povo português, que temos de enfrentar com realismo, pois indicia o contexto em que a Igreja é chamada a exercer a sua missão. Manifestou-se uma cultura que não está impregnada de valores éticos fundamentais, que deveriam inspirar o sentido das leis, como é o do carácter inviolável da vida humana, aliás consagrado na nossa Constituição. Esta mutação cultural tem várias causas, nomeadamente: a mediatização globalizada das maneiras de pensar e das correntes de opinião; as lacunas na formação da inteligência, que o sistema educativo não prepara para se interrogar sobre o sentido da vida e as questões primordiais do ser humano; o individualismo no uso da liberdade e na busca da verdade, que influencia o conceito e o exercício da consciência pessoal; a relativização dos valores e princípios que afectam a vida das pessoas e da sociedade.
Reconhecemos, também, que esta realidade social, em muitas das suas manifestações, tem posto a descoberto, em vários aspectos, alguma fragilidade do processo evangelizador, mormente em relação aos jovens. A nossa missão pastoral, por todos os meios ao nosso alcance, tem de visar este fenómeno da mutação cultural, pois só assim ajudaremos a que os grandes valores éticos continuem presentes na compreensão e no exercício da liberdade.
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2. Congratulamo-nos com a vasta e qualificada mobilização, verificada nas últimas semanas, em volta da defesa do carácter inviolável da vida humana e da dignidade da maternidade. É um sinal positivo de esperança. É importante que permaneça activa, que encontre a estrutura organizativa necessária, para continuar a participar neste debate de civilização.
O debate do referendo esteve centrado na justeza de um projecto de lei que, ao procurar despenalizar, acaba por legalizar o aborto. A partir de agora o nosso combate pela vida humana tem de visar, com mais intensidade e novos meios, os objectivos de sempre: ajudar as pessoas, esclarecer as consciências, criar condições para evitar o recurso ao aborto, legal ou clandestino. Esta luta deveria empenhar, progressivamente, toda a sociedade portuguesa: Estado, Igrejas, movimentos e grupos e restante sociedade civil. E os caminhos para se chegar a resultados positivos são, a nosso ver: a alteração de mentalidades, a formação da consciência, a ajuda concreta às mães em dificuldade.
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3. A mudança de mentalidade interpela a nossa missão evangelizadora, de modo particular a evangelização dos jovens, das famílias e dos novos dinamismos sociais. Toda a missão da Igreja tem de ser, cada vez mais, pensada para um novo contexto da sociedade. São necessárias criatividade e ousadia, na fidelidade à missão da Igreja e às verdades evangélicas que a norteiam.
Faz parte dessa missão evangelizadora o esclarecimento das consciências. A Igreja respeita a consciência, o mais digno santuário da liberdade. Não a ameaça, nem atemoriza, mas quer ajudar a esclarecê-la com a verdade, pois só assim poderá exprimir a sua dignidade.
Esta verdade iluminadora das consciências provém de um sadio exercício da razão, no quadro da cultura; é-nos revelada por Deus, que vem ao encontro do ser humano; é património de uma comunidade, cuja tradição viva é fonte de verdade, enquadrando a dimensão individual da liberdade e da busca da verdade. Para os católicos, a verdade revelada, transmitida pela Igreja no quadro de uma tradição viva, é elemento fundamental no esclarecimento das consciências.
Aos católicos que, no aceso deste debate, se afastaram da verdade revelada e da doutrina da Igreja, convidamo-los a examinarem, no silêncio e tranquilidade do seu íntimo, as exigências de fidelidade à Igreja a que pertencem e às verdades fundamentais da sua doutrina.
Aos fiéis católicos lembramos, neste momento, que o facto de o aborto passar a ser legal, não o torna moralmente legítimo. Todo o aborto continua a ser um pecado grave, por não cumprimento do mandamento do Senhor, “não matarás”.
Apelamos aos médicos e profissionais de saúde para não hesitarem em recorrer ao estatuto de “objectores de consciência” que a Lei lhes garante.
Às mulheres grávidas que se sintam tentadas a recorrer ao aborto, aos pais dos seus filhos, pedimos que não se precipitem. A decisão de abortar é, na maior parte dos casos, tomada em grande solidão e sofrimento. Um filho que, no início, aparece como um problema, revela-se, tantas vezes, como a solução das suas vidas. Tantas mulheres que abortaram sentem, mais tarde, que se pudessem voltar atrás teriam evitado o acto errado. Abram-se com alguém, reflictam, em diálogo, na gravidade da sua decisão.
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4. Mas há uma resposta urgente a dar ao drama do aborto: criar ou reforçar estruturas de apoio eficaz e amigo às mulheres a braços com uma maternidade não desejada e que consideram impossível levar até ao seu termo. Estudos recentes mostram que a maior parte das mulheres nessas circunstâncias, se fossem ajudadas não recorreriam ao aborto. É um dever de todos nós, de toda a sociedade, criar essas estruturas de apoio.
Uma das novidades da campanha do referendo foi o facto de muitos defensores do “Sim” – a começar pelo Governo da Nação, que se quis comprometer numa questão que não é de natureza estritamente política – afirmarem ser contra o aborto, quererem acabar com o aborto clandestino e diminuir o número de abortos. Registamos esse objectivo, mas pensamos que o único caminho eficaz e verdadeiramente humano é avançarmos significativamente na formação da juventude e no apoio à maternidade e à família. Não poderemos esquecer que, no quadro social actual, a maternidade se tornou mais difícil. No actual contexto das nossas sociedades ocidentais só se chegará a uma política equilibrada de natalidade com um apoio eficaz à maternidade, com particular atenção à maternidade em circunstâncias difíceis e, por vezes, dramáticas.
No que à Igreja diz respeito, continuaremos a incluir esta acção de acolhimento e ajuda às mães entre as nossas prioridades. Mas para que esta acção seja eficaz, precisa-se da convergência de todos, Estado e sociedade civil. Demo-nos as mãos para acabar com o aborto e tornar a lei, que agora se vai fazer, numa lei inútil.
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5. A busca de uma solução, a médio e a longo prazo, tem de passar, também, por uma política de educação que forme para a liberdade, na responsabilidade, concretizada numa correcta educação da sexualidade. Esta constitui um dos dinamismos mais ricos e complexos do ser humano, onde se exprimem a dimensão relacional e a vocação para o amor e para a comunhão. Uma vivência desregrada da sexualidade é uma das principais causas das disfunções sociais e da infelicidade das pessoas. A sã educação da sexualidade há-de abrir para a gestão responsável da própria fecundidade, através de um planeamento familiar sadio, que respeite e integre as opções morais de cada um. Quando a geração de um filho não for fruto de irreflexão, mas de um acto responsável, estará resolvido, em grande parte, o problema do aborto.
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6. A luta pela vida, pela dignificação de toda a vida humana, é uma das mais nobres tarefas civilizacionais. Não será o novo contexto legal que nos enfraquecerá no prosseguimento desta luta. A Igreja continuará fiel à sua missão de anúncio do Evangelho da vida em plenitude e de denúncia dos atentados contra a vida.
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Fátima, 16 de Fevereiro de 2007
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Semper Fidelis

Aí dos vencidos!

O filme "Braveheart" começa com Robert Bruce a dizer qualquer coisa como "os ingleses dirão que eu minto, mas a história é feita por aqueles que enforcam os heróis".
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Quem estudou história no secundário poderá confirmar que os "bons" são sempre aqueles que ganham. Os "bons" que nós aprendemos na escola são: o Marquês de Pombal, os liberais, a primeira républica, os capitães de Abril. Já os maus são os jesuítas, os miguelistas, el-Rei Dom Carlos, Salazar, Marcello Caetano... Enfim, aqueles que foram derrotados.
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Longe de mim querer dizer que todos os miguelistas eram bons ou que Salazar era um herói. Contudo não posso deixar de dizer que:
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. o Marquês de Pombal destruiu a rede de colégios maioritariamente gratuitos dos jesuítas, substituindo-os pela escola dos nobres e por escolas profissionais, negando o ensino aos mais desfavorecidos;
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. os liberais perseguiram a Igreja, roubaram os seus bens e instalaram um regime onde governavam os "amigos" do regime. Podemos perceber isso ser lermos Almeida Garret, ele próprio liberal;
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. a primeira républica foi o caos e uma ditadura. Durante e primeira républica a Igreja foi perseguida: os padres deixaram de poder usar batina, as Igrejas passaram a ser controladas pelo Estado e as manifestações públicas de fé eram proibidas;
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. após o 25 de Abril tivemos as nacionalizações, os saneamentos, prisões políticas e as nossas colónias foram própriamente vendidas.
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Ao contrário dos que o programa de história do Ministério da Educação possa transparecer, os heróis portugueses desde o Marquês de Pombal até hoje, foram quase sempre os derrotados...

Afinal...

Durante meses dizeram que o que estava em causa neste referendo era apenas uma pequenissima alteração ao Código Penal, que era apenas uma desepenalização. Afinal a questão é outra. Fernanda Câncio dixit: "E mais: ia jurar que estamos todos - e todas, sobretudo -muito fartos que nos digam o que é bem e o que é mal. Foi sobre isso o referendo, sabiam?"
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Já percebemos que afinal o referendo era um afirmação política. Afinal era mesmo um cultura egoísta e de morte, contra uma cultura de vida.
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Ganhou a morte, perdemos nós.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Rádio Vaticana

Acrescentei hoje o link da Radio Váticana. Mais um site para se saber notícias sobre a Igreja.

Obrigado

Agradeço hoje, mais uma vez, a todos aqueles que estiveram empenhados na campanha, em defesa da Vida, no último referendo.

Todos foram prova de que o Sr. D. António dos Reis Rodrigues não se engana ao afirmar "Acredito sinceramente que uma nova geração de Portugueses está aí, rompendo para o futuro, trazendo consigo a segura esperança de um país redescoberto."

Como diz Ortega y Gasset, "Os homens não convivem por estarem juntos, mas para fazerem juntos alguma coisa."

A todos vocês, Obrigado!

«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram» (Jo 19, 37)

Queridos irmãos e irmãs!
«Hão-de olhar para Aquele que trespassaram» (Jo 19, 37). Este é o tema bíblico que guia este ano a nossa reflexão quaresmal. A Quaresma é tempo propício para aprender a deter-se com Maria e João, o discípulo predilecto, ao lado d’Aquele que, na Cruz, cumpre pela humanidade inteira o sacrifício da sua vida (cf. Jo 19, 25). Portanto, dirijamos o nosso olhar com participação mais viva, neste tempo de penitência e de oração, para Cristo crucificado que, morrendo no Calvário, nos revelou plenamente o amor de Deus. Detive-me sobre o tema do amor na Encíclica Deus caritas est, pondo em realce as suas duas formas fundamentais: o agape e o eros.
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Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2007 disponível aqui

"Quem não recorda os erros do passado está condenado a repeti-los"

Os concursos valem o que valem, ou seja, muito pouco. Parece-me bastante ridiculo retirar conclusões sociológicas de uma votação feita pela internet. Contudo, o facto de Salazar figurar quer nos dez maiores, quer no dez piores, portugueses de todos os tempos, não deixa de ser sintomático de um certo modo de olhar para a história. Para nós, na história, há os bons e os maus.
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Não conheço o suficiente da história do Estado Novo, para me atrever a fazer um juízo taxativo sobre Salazar. Mas do pouco que sei, posso dizer que ele teve, como todas as pessoas, coisas boas e coisas más.
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Não nos podemos limitar a dizer que Salazar, acabou com a perseguição à Igreja, estabilizou a ecónomia, evitou que entrassemos na Segunda Grande Guerra, evitou que o Comunismo que alastrou em Espanha e a conduziu a uma guerra civil se propagasse a Portugal. Também não podemos só falar da PIDE, das prisões políticas, da censura, etc...
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Salazar teve coisas boas e coisas más. De mim não merece o epiteto nem de pior, nem de maior português de todos os tempos. Mas acima de tudo, parece-me ridiculo ver pessoas sérias, académicos inclusive, praticar revisionismo histórico para fazer vale o seu ponto de vista. A história não se molda as vontades.
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"Quem não recorda os erros do passado está condenado a repeti-los"

Em consciência!

Os senhores que defenderam a possibilidade da mulher decidir em "consciência" (e deixai-me que vos diga que uma mulher que aborta em "consciência", ou seja, que conscientemente decida terminar com uma vida, deve ser presa) querem agora dificultar a possibilidade de um médico decida, em consciência, não cometer um acto através do qual quebram o juramento que fizeram quando se tornaram médicos.
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A consciência não é um bem absoluto, se eu em consciência decidir matar alguém (mesmo que só tenho 8 semanas) devo ser proibido. Contudo o aborto é sempre um acto moralmente reprovável. Por isso um médico, que jurou nunca atentar contra a vida humana, não pode ser coagido a fazer um aborto.
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Colocar obstáculos à objecção de consciência dos médico é mais um passo para a estatlização de Portugal.
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Esperemos que depois de aprovado a morte dos santos inocentes, não passemos ao martírio dos médicos...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

"É preciso que o heróico se torne quotidiano, para que o quotidiano se torne heróico"

Edimar era um miúdo de uma favela brasileira. Pertencia a um gang e converteu-se no encontro com uma professoar de Comunhão e Libertação. Foi morto por se recusar a matar. Podem conhecer a história aqui.

O que diz Pedro?

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 11 de fevereiro de 2007.

Sem o respeito da lei natural, a vida, a família e a sociedade se convertem em vítimas do relativismo ético, explicou Bento XVI nesta segunda-feira. Foi a mensagem que deixou ao receber em audiência cerca de 200 participantes no congresso internacional sobre o direito natural, convocado pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma.
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O discurso do Papa começou constatando as evidentes contradições do momento presente, caracterizado pelo progresso tecnológico. «Vemos todos as grandes vantagens deste progresso, mas vemos cada vez mais também as ameaças de destruição do dom da natureza», constatou. «E se dá outro perigo, menos visível, mas não menos inquietante -- acrescentou: o método, que nos permite conhecer cada vez mais as estruturas racionais da matéria, nos torna cada vez mais incapazes de ver a fonte dessa racionalidade, a Razão criadora.»
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Por este motivo, o bispo de Roma sublinhou a «urgência» de refletir sobre o tema da lei natural, como manancial de normas, que precedem qualquer lei humana e que não podem ser alteradas por ninguém.
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O número 1954 do Catecismo da Igreja Católica afirma que «a lei natural expressa o sentido moral original que permite ao homem discernir, mediante a razão, o que são o bem e o mal, a verdade e a mentira». Neste discernimento, o Papa destacou em particular «o princípio do respeito pela vida humana, desde sua concepção até seu ocaso natural, pois este bem da vida não é propriamente do homem, mas dom gratuito de Deus».
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Outro princípio fundamental, acrescentou, é «o dever de buscar a verdade, pressuposto necessário de toda maturidade autêntica da pessoa», acrescentou. Contra esta visão, como denunciou o Papa, atenta o «positivismo jurídico», segundo o qual, os «interesses privados» se transformam em «direitos».
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Pelo contrário, «a lei natural é, em definitiva, o único baluarte contra o arbítrio do poder ou dos enganos da manipulação ideológica», assinalou. Para a lei natural, explicou Bento XVI, a família é «essa comunidade íntima de vida e de amor conjugal, fundada pelo Criador» e, portanto, «vínculo sagrado», que «não depende do arbítrio humano». «Portanto, nenhuma lei feita pelos homens pode alterar a norma escrita pelo Criador sem que a sociedade fique dramaticamente ferida no que constitui seu próprio fundamento.» «Esquecê-lo significaria debilitar a família, penalizar os filhos e tornar precário o futuro da sociedade», indicou.
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Neste contexto, confessou: «sinto o dever de afirmar mais uma vez que não tudo o que é cientificamente factível é também eticamente lícito». «A tecnologia, quando reduz o ser humano a objecto de experimentação, acaba abandonando o fraco ao arbítrio do mais forte», concluiu.

in
Zenit

Velhos? Velhos são os trapos (e os católicos pelo SIM)

O Dr. Francisco Loução não se esqueceu de agradecer aos católicos que votaram "Sim". Elogiou-os, como se fossem grandes progressistas e o futuro da Igreja.
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O que o Dr. Francisco Louçã não reparou, é que todos os "católicos" que públicamente defenderam o aborto, não são o futuro de nada, porque já não devem ter mais dez anos de vida.
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Frei Bento Domingues, Padre Anselmo Borges, Mário de Oliveira, as senhoras do Nós Somos Igreja, só se podem juntar para abrir um lar de terceira idade, onde relebram os bons velhos tempos em que marchavam lado a lado com o Álvaro Cunhal e o Dr. Soares...

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Avisos

Hoje tivemos em Portugal o maior sismo dos últimos trinta anos. Como diria o Padre João: "Deus não castiga, mas dá os Seus avisos"

D. Afonso Henriques

Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dános o exemplo inteiro
E a tua inteira força!

Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como benção!

Fernando Pessoa, Mensagem

May it Be

May it be an evening star
Shines down upon you
May it be when darkness falls
Your heart will be true
You walk a lonely road

Oh! How far you are from home
Mornie utúlië (darkness has come)
Believe and you will find your way
Mornie alantië (darkness has fallen)
A promise lives within you now

May it be the shadows call
Will fly away
May it be you journey on
To light the day
When the night is overcome
You may rise to find the sun
Mornie utúlië (darkness has come)

Believe and you will find your way
Mornie alantië (darkness has fallen)
A promise lives within you now

A promise lives within you now

Ontem desceu a escuridão, mas uma promessa vive em nós. Sejamos fiéis ao impeto do nosso coração, que nos levou a lutar corajosamente pela vida!

"Cristo, a Esperança que não desilude"

"SAM: I know. It's all wrong. By rights, we shouldn't even be here. But we are. It's like in the great stories, Mr. Frodo. The ones that really mattered. Full of darkness and danger they were. And sometimes you didn't want to know the end.....because how could the end be happy? How could the world go backto the way it was...... when so much bad had happened?

But in the end, it's only a passing thing...... this shadow. Even darkness must pass. A new day will come. And when the sun shines, it will shine out the clearer. Those were the storiesthat stayed with you......that meant something. Even if you were too small to understand why. But I think, Mr. Frodo, I do understand. I know now.

Folk in those stories......had lots of chances of turning back, only they didn't. They kept going......because they were holding on to something.

FRODO: What are we holding on to, Sam?

SAM: That there's some good in this world, Mr. Frodo. And it's worth fighting for."


Even darkness must pass... esta foram as primeira palavra que me vieram a cabeça quando sairam as primeiras projecções do resultados do referendo. Até a escuridão tem que passar. Esta é a minha certeza. Não por ser um optimista ou um utópico, mas porque tenho a certeza, tal como diz Samwise no livro O Senhor dos Anéis: "Above all shadows rise the sun".
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A vitória do Sim não está certa e não conseguimos perceber como é que daqui nascerá algum bem. Resta-nos a certeza de que a última palavra não é do mundo, mas de Cristo ressucitado, que brilha acima de todas as sombras.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Can I live? - Nick Cannon

Sem Nome - Força Suprema

Porquê? Porque já bate um coração!

Porquê? Abortar não é solução!

"É preciso ir a batalha com fé para que Deus dê a vitória"

Nestas últimas semanas lutámos e lutámos bem. Fomos à batalha contra todas as possibilidades e com armas bem mais fracas.
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De um lado estavam o governo, os partidos, a comunicação social, os bem pensantes. Nós eramos apenas um punhado de gente com uma única certeza: "É preciso ir a batalha com fé para que Deus dê a vitória". Por isso não paramos para contar espadas, nem fizemos nenhuma cálculo de vitória, limitamo-nos a pergunta onde era a luta!
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Agora que nos aproxima-mos do fim, agora que já só falta um dia de campanha, entregamos todo o nosso trabalho Aquele que nos pode dar a vitória.
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Por isso amanhã, as 21h, reunimo-nos nos Jerónimos, ponto de partida para Envagelização do mundo, para mais uma vez nos confiarmos Aquele que é o Senhor da Vida, pedindo a Sua Benção, agradecendo a Sua Graça e pedindo que nos conceda a vitória. Entregamo-nos também a Maria, Senhora da Conceição, Rainha de Portugal, pedindo que não nos abandone nesta hora.
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Rainha de Portugal
Rogai por Nós

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Resposta do Padre António Vaz pinto a Frei Bento Domingues

Parece-me importante haver uma opinião esclarecida e com autoridade para falar sobre a posição de alguns católicos, que já referia em post anterior, sobre o aborto. Por isso passo a transcrever o artigo do Padre António Vaz Pinto.
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Resposta a Frei Bento Domingues
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Importante, para todos, é informar e formar a consciência para que cada um possa decidir e agir em conformidade com a recta razão que é a norma ética. E é aqui que nos devemos situar: o que é conforme à razão, às exigências de natureza humana individual e colectiva?Ao regressar ao Porto, domingo à noite, debrucei-me sobre a crónica de Frei Bento Domingues, O.P., "Por opção da mulher", como tantas vezes faço e tantas vezes com tanto gosto e proveito... Infelizmente, desta vez, brotou em mim a desilusão, a discordância e a necessidade imperiosa de lhe responder, no contexto de polémica instalada no país, mas muito para lá dela...Limitado pelo tempo e pelo espaço, irei cingir-me a três tópicos referidos na sua crónica, que considero os mais importantes:
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1. Consciência e norma ética. Pode ser útil referir Aristóteles, S. Tomás de Aquino ou J. Ratzinger, o actual Papa, para relembrar que a suprema instância de decisão ética para o cristão, acima da própria suprema autoridade eclesiástica, o Concílio ou o Papa, é a consciência individual. É doutrina mais que tradicional. Mas é bom ter presente que este princípio não vale apenas para a questão do aborto; se alguém se afirmar, cristão e simultaneamente, em consciência, defensor da escravatura, da pedofilia ou do racismo, que lhe dirá Frei Bento? Que lhe pode opor? Fica entregue a si próprio e a Deus... Importante, para todos, é informar e formar a consciência para que cada um possa decidir e agir em conformidade com a recta razão que é a norma ética. E é aqui que nos devemos situar: o que é conforme à razão, às exigências de natureza humana individual e colectiva?
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2. A problemática jurídica e penal e os limites da tolerância. Numa sociedade laica e plural como é a nossa - e estou muito contente que assim seja -, os cristãos ou a Igreja não devem nem podem impor a sua "visão" aos outros membros da sociedade. Mas, tal como os membros de outras confissões, agnósticos e ateus, têm todo o direito e até o dever de propor valores e princípios, na busca de um denominador comum que permita a convivência, nunca totalmente pacífica, em sociedade...É precisamente disso que se trata: o ordenamento jurídico de uma dada sociedade, incluindo o ordenamento penal, tem pressupostos e valores donde brotam as diversas normas. Por exemplo, em Portugal, é proibido o roubo, o homicídio, o racismo, a difamação, etc. Quer isto dizer que a sociedade portuguesa, através dos seus legítimos representantes, legisladores, assume como valores e pressupostos a propriedade, a vida humana, a igualdade racial, o bom nome, etc., consagrando-os como "bens jurídicos", a preservar e defender.Essa é que é a questão que se coloca a todos nós, no próximo referendo: independentemente da nossa religião (ou ausência dela) em que modelo de sociedade queremos viver? Que valor consideramos maior? A vida humana, raiz de toda a dignidade e de todos os direitos, "inviolável", como diz a nossa própria Constituição (Artº 24, n. 1), ou consideramos que outros valores, vg. saúde, segurança, não humilhação, valem mais do que a própria vida? Dir-se-á: mas ninguém é obrigado a abortar; proibir o aborto é impor aos outros as nossas convicções: proibir a escravatura, o racismo e a pedofilia também é impor as nossas convicções àqueles que pensam doutra maneira... ou será que essas proibições devem desaparecer do Código Penal? Em cada momento, cada sociedade faz escolhas de carácter ético e, embora possa e deva, nas nossas sociedades pluralistas, deixar largas margens de liberdade e não se intrometer na vida e moral privada de cada um, tem de assegurar as normas jurídicas mínimas de convivência social. Quando a liberdade de um colide com a vida e a liberdade de outro, a sociedade pode e deve fazer escolhas e estabelecer limites. E estas escolhas são feitas sabendo-se de antemão que haverá quem não concorde, que haverá sempre maioria e minoria....O pluralismo não pode ser ilimitado e a própria tolerância levada ao extremo autodestrói-se...
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3. "Por opção da mulher"Ao contrário da actual lei - com a qual não concordo, evidentemente (mas que tem o mérito de manter o princípio do respeito pela vida humana e da ilicitude do aborto, apenas abrindo excepções por razões ponderosas) - o que é proposto na pergunta agora colocada a referendo, embora se refira apenas a "despenalização do aborto", corresponde a uma realidade totalmente diferente: desde que praticado em estabelecimento de saúde autorizado e até às dez semanas, a prática do aborto, de facto e de direito, fica totalmente liberalizada e até financiada, dependendo apenas da vontade da mulher. Até às dez semanas, é o total arbítrio...Será isto justo, saudável, estará de acordo com os fundamentos do modelo de sociedade, defensora dos direitos humanos e da dignidade da vida humana, que demorou tantos séculos a construir? Se é certo que a mulher, na sociedade e na Igreja, foi e continua a ser injustamente discriminada, não parece sensato nem justo que se introduza agora uma discriminação positiva, em favor das mulheres, no campo jurídico e penal... O ser humano - homem e mulher - é capaz do pior e do melhor - sem distinção de sexo... Apesar de saber bem o rol de sofrimento da mulher que muitas vezes acompanha a prática do aborto, as pressões, sociais, familiares e afectivas a que está sujeita (muitas vezes do próprio homem que contribuiu para a concepção do feto), entregar à mulher, em total arbítrio, a decisão de vida ou de morte de um ser humano não é justo nem democrático. E diria exactamente o mesmo, é evidente, se o homem fosse o decisor...O combate ao aborto (que todos reconhecem como mal, incluindo os defensores do sim) não passa pela sua liberalização, mas pelo combate às suas raízes... Pais, escola, família, comunicação social, sociedade em geral, a Igreja e o Estado... todos temos culpas e todos temos muito a fazer... O apoio afectivo, psicológico, social e financeiro às mulheres - efectivo - é indispensável e urgente. Não sei qual será o resultado do referendo próximo. Mas sei que a luta pela vida continua e que o que tem futuro na história da humanidade não é o que destrói, mas o que fomenta a promoção integral da vida humana: o homem todo e todos os homens, sem excepção. Isso é que é ser universal, isto é, "católico"...
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Caro Frei Bento, espero encontrá-lo na próxima curva da nossa história, do mesmo lado, o lado da defesa dos direitos humanos, sem sim, nem mas...
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in Público, 7.2.2007

Gandalf

"Não nos é dado escolher o tempo em que vivemos. Tudo o que temos que decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado"
Gandalf in Lord of the Rings, the Fellowship of the Ring, by J.R.R. Tolkien
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Esta frase é central em “O Senhor dos Anéis”. É dita por Gandalf a Frodo, enquanto atravessam as minas de Moria.

É central, porque estará sempre presente nas decisões de Frodo: quando se separa do grupo, quando chega ao Portão Negro, quando atravessa Mordor. Nenhuma daquelas situações é que ele queria, mas ele só pode escolher desisitir ou continuar. E é limitando-se a fazer o que pode fazer que ele acaba por salvar a Terra Média.

Frodo nunca faz actos muito heróicos, nunca vence grande batalhas ou derrota grande adversários. Limita-se a caminhar até a Montanha da Condenação. É tudo o que tem que fazer.

Mas esta frase não é só central no livro, é central na minha vida. No meu dia-a-dia não costumam aparecer grande decisões dramáticas que mudaram o curso da história. Assim como as coisas não costumam acontecer como eu quero. Os meus dramas raramente são maiores do que decidir entre estudar ou não. Contudo é exactamente aí que se joga a minha existência.

A mim não me é dado escolher a minha circunstância, só me é dado escolher o que fazer com ela.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos, Tabacaria
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Com este versos começa um dos maiores poemas de Álvaro de Campos: Tabacaria. É um poema desesperante, como o são habitualmente os poemas de Álvaro de Campos. Contudo é um poema verdadeiro.
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É um poema verdadeiro porque a distância entre o que eu desejo e que eu sou capaz de fazer é esmagadora. Eu tenho em mim todos os sonhos do mundo, contudo não sou capaz de realizar nem um desses sonhos. É por isso que Álvaro de Campos acaba por ser um cínico. Percebe o drama humano, mas como não econtra resposta, resigna-se.
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Contudo, mesmo que a distância entre o meu desejo e a resposta seja incomensurável, a vida não é desesperante. Não porque eu tenha forças para alcançar o que desejo, não porque eu me possa satisfazer com menos do que aquilo que desejo, mas porque aquiLo que eu desejo fez-Se carne.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Porquê "Não"?

Existem variadas razões para eu votar "Não". Razões religiosas, éticas, cientifícas, jurídicas e políticas. Contudo nenhuma dessa é decisiva para meu voto no "Não".
Lembro-me de em 1997, aquando da primeira caminhada silenciosa contra a lei que o PS queria passar na Assembleia da Republica que liberalizava o aborto até as 12 semanas, ter ficado chocado por se saber que se podiam matar bebés dentro da barriga da mãe. Confesso que aos 11 anos eu não tinha nenhuma noção do desenvolvimento intra-uterino e não sabia que se podiam fazer abortos, mas era-me evidente que era um bebé que estava dentro da mãe.
No ano seguinte foi o referendo e a minha mãe tornou-se secretária do Juntos pela Vida. Vivi a campanha de forma intensa e com a certeza cada vez maior de que a vida começava no momento da concepção (nessa altura já tinha uns conhecimentos acrescidos de biologia).
Por fim, em 1999 a minha mãe fundou o Ponto de Apoio à Vida, uma instituição que tinha por objectivo ajudar as grávidas em dificuldade, qualquer que fosse o problema. Lembro-me que ao príncipio o PAV era a minha mãe munida do telemóvel e do carro a fazer tudo o que era preciso: desde arranjar alojamentos, até arranjar empregos, enfim o que era preciso fazer pela grávidas em dificuldade. Tornou-se óbvio para mim que as mulheres que abortam o fazem por motivos graves e que é possível ajudá-las a não abortar.
No fundo a razão que me leva a votar "Não" é a evidência de que matar um bebé nunca é solução. Pelo contrário, é possível ajudar as mulheres em dificuldade. Como ouvi desde sempre ao António Maria Pinheiro Torres, parafraseando Madre Teresa: "O nosso objectivo é que nenhuma mulher diga que abortou porque não tinha quem a ajudasse"

"By the Babe Unborn"

If trees were tall and grasses short,
As in some crazy tale,
If here and there a sea were blue
Beyond the breaking pale,

If a fixed fire hung in the air
To warm me one day through,
If deep green hair grew on great hills,
I know what I should do.

In dark I lie; dreaming that there
Are great eyes cold or kind,
And twisted streets and silent doors,
And living men behind.

Let storm clouds come: better an hour,
And leave to weep and fight,
Than all the ages I have ruled
The empires of the night.

I think that if they gave me leave
Within the world to stand,
I would be good through all the day
I spent in fairyland

They should not hear a word from me
Of selfishness or scorn,
If only I could find the door,
If only I were born.

G. K. Chesterton

Tradução:

Pela Criança Por Nascer

Se as árvores fossem altas e a erva baixa
Como em algum louco conto
Se aqui e ali o mar fosse azul
Para lá do pálido quebrar

Se um fogo fixo pairasse no ar
Para me aquecer de dia
Se cabelo verde crescesse em grandes montes
Eu sei o que faria.

Na escuridão eu estou; sonhando que ali
houvesse grandes olhos frios ou queridos,
E ruas curvas e portas silenciosas
com homens vivendo atrás.

Deixai vir as nuvens da tempestade: É melhor uma hora
E sair para chorar e lutar,
Que todas as eras em que eu governei
Os impérios da noite.

Eu acho que se me deixassem
Dentro do mundo ficar
eu ficaria bem todos os dias
Passados na Terra das Fadas

Ninguém ouviria uma palavra de mim
de egoismo ou desdém
Se apenas conseguisse encontrar a porta
Se apenas fosse nascido.



Este poema, do genial G. K. Chesterton, tem quase cem anos de idade, mas como a Verdade não envelhece considero este o texto que melhor descreve o cerne da questão que vamos decidir este Domingo.

Aqui Chesterton descreve os possiveis pensamentos de uma criança ainda no ventre materno, cheia de espectativas sobre as maravilhas que gostaria de encontrar quando nascesse.

Aquilo que nós estamos tão habituados a ver que nem reparamos são para aquela criança maravilhas dignas de contos.

Este é um ponto digno de interesse: a realidade é maravilhosa, se a olharmos com os olhos das crianças, sem preconceitos e habituismos.

A própria criança por nascer o afirma "Deixai vir as nuvens de tempestades", é melhor isso que todo o tempo que reinei na barriga de minha mãe. Independentemente das condições económico-sociais, as crianças vêem sempre a realidade como bela e benigna.

O protagonista deste poema é o protagonista deste referendo: A criança por nascer. E tem o direito a apreciar esta maravilha que nós todos já vemos mas não damos valor.

If only he is born... Para que tal possa acontecer, eu vou votar Não dia 11!

Carta de don Julian Carron ao movimento

Milão,30 de Janeiro de 2007
Caros amigos,
cheios de gratidão pelo imenso dom da audiência do Santo Padre a todo o
movimento - por ocasião do XXV aniversário do reconhecimento pontifício da
Fraternidade -, na Praça de S.Pedro,no próximo dia 24 de Março,desejamos de todo o
coração corresponder com uma preparação adequada à dimensão do evento.
Todos nós estamos bem conscientes da importância da figura do Sucessor de Pedro
para a vida da Igreja. N ’Ele temos o ponto de referência inabalável da nossa fé,sem o qual
ela decairia numa das tantas variantes ideológicas que dominam o mundo. A potência do
Espírito, ligada ao seu ministério, é a garantia da presença de Cristo na história. É esta
consciência que nos deve levar a todos ao Santo Padre, com aquela devoção de filhos na qual
fomos educados.
O nosso gesto quer ser um reconhecimento daquilo que o Papa representa para a nossa
vida e uma expressão do nosso desejo de o seguir. Ir a Roma é um sinal de adesão simples e
total à sua pessoa e ao seu magistério,do qual estamos todos tão gratos. Em quantas ocasiões
a nossa vida se sentiu sustentada pelas suas palavras!
Além disso o Papa Bento XVI teve e tem uma ligação tão singular com a nossa história
que o sentimos particularmente próximo. Conhece-nos bem, tal como conhecia bem don
Giussani: todos tivemos oportunidade de o ver no seu funeral. Este conhecimento permite-
nos ir ao Santo Padre com a esperança certa que ele nos dirija uma palavra que ilumine a
nossa estrada, neste momento tão decisivo da nossa história, da história da Igreja e do mundo.
Todos sabemos o que significou para a nossa experiência o mandato do Papa João Paulo II,
por ocasião da audiência pelos 30 anos do movimento, em 1984:“Ide por todo o mundo levar
a verdade, a beleza e a paz, que se encontram em Cristo Redentor ”.
Preparemo-nos para nos encontrarmos com Bento VXI pedindo a Nossa Senhora, no
Angelus quotidiano, e a don Giussani uma disponibilidade toda em tensão para o ouvir e para
o seguir.
Um abraço cheio de afecto para cada um de vocês
don Julián Carrón

Aragorn e Arwen


Tendo em conta a nossa paixão mútua pel'O Senhor dos Anéis o Marcos e eu decidimos dividir irmamente como cães os post's sobre o mesmo, de modo a evitar repetir temas.

Depis da belíssima introdução que o Marcos fez (por alguma razão ele está em literatura e eu não) decidi falar sober uma das histórias mais impressionantes e menos conhecidas de O Senhor dos Anéis: a história de Aragorn e de Arwen, como vêm contada nos apêndices do livro (obviamente não comento a xaropada que o Peter Jackson inventou para dar alguma colorido ao filme).


Conforme vêm dito no livro, Aragorn descobriu Arwen no dia em que Elrond, que até o educara como seu filho, lhe comunicou quem era: Aragorn, filho de Arathorn, capitão dos Dúnedain, descendente dos reis de Anor e Gondor. Este pareceu-lhe um título glorioso, a sua linhagem era a mais nobre que existia entre os homens. Contudo ao deparar-se com Arwen, por quem se apaixonou imediatamente, rapidamente lhe caiu o orgulho. Ela era nada mais nada menos do que filha de Elrond, neta de Galadriel, neta de Earendil, descendentes dos reis dos Noldor. Comparado com ela a sua linhagem era bastante irrisória (sem bem que ele descendia do irmao de Elrond, tendo portanto em comum parte da linhagem).


Rapidamente Elrond se apercebe da paixão de Aragorn e de Arwen. Mas comunica-lhe que eles só se podem casar no dia em que ele se tornar rei de Anor e de Gondor, sabendo que para isso ele teria que derrotar Sauron. Esta decisão pode parecer tiránica ou despótica, contudo demonstra um amor ao destino de Aragorn maior do que aquele que ele próprio tinha. Para Aragorn a sua linhagem era apenas um orgulho, mas Elrond sabia que o seu destino era defrontar Sauron, por isso não lhe permite viver abaixo do seu destino.


Por outro lado Aragorn, que era o maior guerreiro da Terra Média, segue completamente Elrond, que era como um pai para ele. Podia limitar-se a pegar em Arwen e fugir, mas decide cumprir o seu destino. E esta é grandeza do amor do Aragorn e de Arwen: o seu amor não é uma afirmação dos seus designios pessoais, mas do designio traçado por um Outro acima deles. Esta é a grandeza do amor entre o homem e uma mulher, cumprir sempre o designio de um outro.

Voltei!!

Também eu voltei aos Samurais!
Espero conseguir nesta segunda temporada colaborar mais que na primeira...

E começo falando sobre um dos assuntos que mais me agrada (perdoem-me aqueles que já estiverem fartos disto): O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien

Pode-se dizer que esta obra foi uma das principais culpadas de eu ter desistido do meu curso de Informática no Técnico e ter-me aventurado num curso de Literatura na Faculdade de Letras.
Foi O Senhor dos Anéis que me despertou o amor à leitura. Já tinha lido muita coisa, é verdade, sobretudo Enid Blyton. Desde pequeno que fui educado pelos meus pais no hábito saudável de ler. Mas com estes livros o meu pai elevou este hábito ao amor pela literatura!

Eu já li O Senhor dos Aneis várias vezes. E se há algo que acontece com todas as grandes obras de literatura, e para mim com O Senhor dos Aneis em particular, é que de cada vez que volto a ler encontro sempres coisas novas.

D. Giussani, falando sobre a Anunciação a Maria, de Claudel, dizia que se devia ler todos os anos. Se encontrassemos algo de novo no livro, era sinal que tinhamos crescido!

Para mim acontece o mesmo de cada vez que leio O Senhor dos Aneis. Como vou crescendo vou percebendo sempre um pouco mais da obra (já vai longe o meu sétimo ano, onde só me interessava pela parte das batalhas.)

Podem até achar esquisito, mas o facto é que nesta obra completamente ficcional, onde tudo é fantástico, encontram-se as mais fundamentais Verdades do Homem, expostas de maneira particularmente bela. (Hei-de com tempo falar sobre todas elas, mas não me quero alongar demais neste meu primeiro post).

É isto que torna o Senhor dos Anéis uma das maiores obras da Literatura do Século XX. Pois a Literatura, como toda a arte, tem como centro o Homem. Se a arte não fala daquelas exigências fundamentais do Homem, como o desejo de Verdade, de Justiça ou de Beleza, se a arte não fala ao cuore de cada um de nós então não me serve.

E poucas obras me falaram destas coisas com tanta clareza como aqueles três volumes cheios de elfos, feiticeiros e pequenos hobbits.

"Aqui o Verbo se fez carne"

Tenho ouvido nos últimos várias pessoas a apelarem no voto no "Sim" e que se dizem católicos. Pior ainda, tenho ouvido pessoas a dizerem que votam "Sim" porque são católicos.
Sobre o aborto o Código de Direito Canónico é bastante claro: "Can. 1398 - Chi procura l'aborto ottenendo l'effetto incorre nella scomunica latae sententiae." Não restam dúvidas sobre a gravidade do aborto.
Mas é preciso compreender que o Direito Canónico não é um puro acto arbirtrário. A proibição do aborto baseia-se no reconhecimento que a vida humana começa no momento da concepção. Isto é de tal maneira evidente para a Igreja que na Basílica da Anunciação em Nazaré está uma inscrição que diz: "Aqui o Verbo se fez carne".
Contudo, os supostos católicos que tem defendido o "Sim", mesmo contra a indicação clarissíma dos nossos bispos, dizem que o fazem porque Cristo não condenava ninguém. E isto é um facto inegável. Cristo não condena as mulheres que abortam, como não condena os ladrões, nem os assassinos, nem as prostitutas. Contudo não podemos liberalizar o roubo, nem o assasínio, nem a prostituição.
O papel do Estado é diferente do papel da Igreja. A Igreja deve levar o Homem a Cristo, por isso não exclui ninguém, nem condena, pelo contrário, todos acolhe com amor maternal. Mas o Estado tem por dever assegurar o bem comum, por isso não pode liberalizar o aborto.
Quem vota "Sim" no referendo não está em comunhão com a Igreja. Poder ser cristão, pode acreditar em Cristo, mas não é católico.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

"Pórtico do Mistério da Segunda Virtude"

(Charles Péguy)


É um atrevimento escrever sobre este livro. É um livro de tal maneira grande que é preciso muitos anos de estudo para lhe fazer uma crítica ou um comentário. Contudo arrisco-me a fazê-lo. Não porque confie muito nas minhas capacidades de crítico literário ou porque possua grandes conhecimentos sobre Péguy, mas simplesmente porque me tocou profundamente. Por isso este post não tem por fim ser uma crítica ou um ensaio sobre o livro, mas simplesmente um simples testemunho.


"Para esperar, ó minha filha, é preciso ser bem feliz, é preciso ter obtido, recebido uma grande graça"

Esta é sem dúvida a frase mais importante do livro para mim.

Desde de pequeno que me venderam a esperança como uma utopia sobre um futuro melhor, sem nenhuma razão aparente. Mas se a vida corre mal, porque raio é que há de correr melhor? Porque é que amanhã deverá ser diferente de hoje? Uma esperança assim é uma fuga para frente, é uma forma de não enfrentar os problemas do presente. Uma esperança assim não é razoável, não tem razão de ser.

Contudo, segundo ensinam Péguy e a Igreja, a esperança não nasce de um mera utopia sobre o futuro, mas de uma alegria presente. Eu tenho Esperança porque encontrei Cristo e esse encontro tem em sim uma promessa de algo ainda maior. A minha Esperança não nasce de um sonho, mas de uma promessa de Eternidade nascida de um encontro feito hoje.

Feel - Robbie Williams

Come on hold my hand,
I wanna contact the living.
Not sure I understand,
This role I’ve been given.

I sit and talk to god
And he just laughs at my plans,
My head speaks a language,
I don’t understand.

I just wanna feel real love,
Feel the home that I live in.
’cause I got too much life,
Running through my veins, going to waste.

I don’t wanna die,
But I ain’t keen on living either.
Before I fall in love,
I’m preparing to leave her.

I scare myself to death,
That’s why I keep on running.
Before I’ve arrived,
I can see myself coming.

I just wanna feel real love,
Feel the home that I live in.
’cause I got too much life,
Running through my veins, going to waste.

And I need to feel, real love
And a life ever after.
I cannot get enough.

I just wanna feel real love,
Feel the home that I live in,
I got too much love,
Running through my veins, going to waste.

I just wanna feel real love,
In a life ever after
There’s a hole in my soul,
You can see it in my face, it’s a real big place.

Come and hold my hand,
I wanna contact the living,
Not sure I understand,
This role I’ve been given

Not sure I understand.
Not sure I understand.
Not sure I understand.
Not sure I understand.

O Robbie Williams é uma besta, disto não tenho dúvidas. É conhecido por ser um tipo bastante nojento, com todos os vícios possíveis e imaginários e com dinheiro para os satisfazer a todos. Mas esse facto não tira nada à beleza e a grandeza desta música. Muito pelo contrário. Esta música é prova de que o desejo de ser amado, de ser infinitamente amado, é comum em todos os homens, até naqueles que têm dinheiro suficiente para atulhar o desejo.
O grito de Robbie Williams, no meio de toda a sua incoerência, é o meu grito: "I just wanna feel real love/In a life ever after/There’s a hole in my soul/You can see it in my face/it’s a real big place."

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Felicidade alheia

Um dos argumentos que mais tenha ouvido nesta campanha é o de que toda a criança tem o direito a nascer desejada, sob pena de não ser amada ou mesmo maltratada depois de nascer.
Este argumento é rídiculo. Não está claramente nas minha mãos decidir se eu sou ou não feliz, quanto mais os outros.
Se ser feliz é uma condição para se viver e se ser feliz depender de sermos desejados e termos condições económicas, então meus amigos, teremos que matar metade do mundo!
Ser desejado não é um direito fundamental! A vida é!