Ontem à noite vi o filme "Mr. Magorium's Wonder Emporium". Confesso que ia preparado para, no máximo, achar o filme indiferente. Quando acabei de ver o filme estava bastante surpreendido.
A história do filme é bastante surreal. Mr. Magorium é um inventor de brinquedos com 243 anos e é dono do "Mr. Magorium's Wonder Emporium", uma loja de brinquedos mágica, onde os brinquedos e a própria loja têm vida. Percebendo que está próximo o dia da sua morte Mr. Magorium contrata um contabilista (um "accountant" uma mistura entre um "account" e um "mutant" segundo Mr. Magorium, que daí para diante falará dele chamando-lhe simplesmente mutante) para pôr as suas contas em dia e assim deixar a loja em testamento à sua gerente.
Para perceber este filme é preciso perceber as personagens. O que realmente importa nesta história não são as circunstâncias, mas o modo como cada personagem se coloca diante destas.
Antes de mais temos o Mr. Magorium, um homem que parece viver completamente for do mundo mas que ao mesmo tempo é mais realista do que todos os outros. Impressionou-me sobretudo a sua serenidade perante a morte. No seu último dia de vida a sua herdeira leva-o a passar um dia fantástico, para no fim lhe dizer: "a vida é tão boa, porque razão há de morrer?". A isto Mr. Magorium responde que sabe que a vida é boa, que gostou de muito do dia, mas que simplesmente chegou a sua hora. Dito isto, vai para a sua loja de brinquedos e morre.
A seguir temos Eric, um excêntrico rapaz de nove anos, coleccionador de chapéus e narrador da história. Eric vê as coisas como só as crianças vêm: como elas são. Para ele é simples. Se a loja faz magia é porque é mágica. Para ele não há um dualismo entre o que acontece e a razão. As coisas são como são.
Chegando a um ponto fulcral da história, quando a loja está a venda, Eric vai oferece-se para a comprar. Se bem que o faz de modo infantil, é ao mesmo tempo profundamente realista e razoável. Oferece-se o cheque que a avó lhe deu no Natal, a sua semanada e um percentagem do lucro da loja.
Ainda dentro das personagens surreais temos Molly Mahoney, compositora, gerente da loja e herdeira de Mr. Magorium. Molly é uma personagem curiosa. Se por um lado se espanta com a Loja e reconheça a magia daqueles brinquedos, reduz toda aquela beleza à pessoa do Mr. Magorium. É como se olhasse para aquele velho excêntrico (mas no fundo mais realista que todos os outros) e dissesse: "isto é bonito, mas para ti. Eu não consigo viver isto". Por isso para ela a morte do inventor de brinquedos é como que o fim daquela bonita história. Como se tivesse tido uma tempo de brincadeira, mas agora fosse preciso viver.
Depois do enterro de Mr. Magorium, Eric encontra Molly a tocar piano num hotel para ganhar a vida. Quando ele lhe diz que ela não pode vender a loja, Molly responde simplesmente que têm que ganhar a vida. Que não pode fazer o mesmo que Mr. Magorium porque ele era mágico.
Por fim temos a personagem "séria": Harry Weston, o Mutante responsável por pôr as contas de Mr. Magorium em dia. O Mutante é o protótipo do homem moderno. Posto diante de todos os "milagres" ignora-os. Não o faz de forma consciente. Simplesmente não repara. Não perde cinco segundos a espantar-se com a realidade.
Mas a verdade é que Harry é um bom homem, só lhe falta uma companhia que lhe ajude a ver. Por isso, só quando Eric e Mahoney se tornam seus amigos é que ele começa a reparar na magia da Loja.
A história do filme é bastante surreal. Mr. Magorium é um inventor de brinquedos com 243 anos e é dono do "Mr. Magorium's Wonder Emporium", uma loja de brinquedos mágica, onde os brinquedos e a própria loja têm vida. Percebendo que está próximo o dia da sua morte Mr. Magorium contrata um contabilista (um "accountant" uma mistura entre um "account" e um "mutant" segundo Mr. Magorium, que daí para diante falará dele chamando-lhe simplesmente mutante) para pôr as suas contas em dia e assim deixar a loja em testamento à sua gerente.
Para perceber este filme é preciso perceber as personagens. O que realmente importa nesta história não são as circunstâncias, mas o modo como cada personagem se coloca diante destas.
Antes de mais temos o Mr. Magorium, um homem que parece viver completamente for do mundo mas que ao mesmo tempo é mais realista do que todos os outros. Impressionou-me sobretudo a sua serenidade perante a morte. No seu último dia de vida a sua herdeira leva-o a passar um dia fantástico, para no fim lhe dizer: "a vida é tão boa, porque razão há de morrer?". A isto Mr. Magorium responde que sabe que a vida é boa, que gostou de muito do dia, mas que simplesmente chegou a sua hora. Dito isto, vai para a sua loja de brinquedos e morre.
A seguir temos Eric, um excêntrico rapaz de nove anos, coleccionador de chapéus e narrador da história. Eric vê as coisas como só as crianças vêm: como elas são. Para ele é simples. Se a loja faz magia é porque é mágica. Para ele não há um dualismo entre o que acontece e a razão. As coisas são como são.
Chegando a um ponto fulcral da história, quando a loja está a venda, Eric vai oferece-se para a comprar. Se bem que o faz de modo infantil, é ao mesmo tempo profundamente realista e razoável. Oferece-se o cheque que a avó lhe deu no Natal, a sua semanada e um percentagem do lucro da loja.
Ainda dentro das personagens surreais temos Molly Mahoney, compositora, gerente da loja e herdeira de Mr. Magorium. Molly é uma personagem curiosa. Se por um lado se espanta com a Loja e reconheça a magia daqueles brinquedos, reduz toda aquela beleza à pessoa do Mr. Magorium. É como se olhasse para aquele velho excêntrico (mas no fundo mais realista que todos os outros) e dissesse: "isto é bonito, mas para ti. Eu não consigo viver isto". Por isso para ela a morte do inventor de brinquedos é como que o fim daquela bonita história. Como se tivesse tido uma tempo de brincadeira, mas agora fosse preciso viver.
Depois do enterro de Mr. Magorium, Eric encontra Molly a tocar piano num hotel para ganhar a vida. Quando ele lhe diz que ela não pode vender a loja, Molly responde simplesmente que têm que ganhar a vida. Que não pode fazer o mesmo que Mr. Magorium porque ele era mágico.
Por fim temos a personagem "séria": Harry Weston, o Mutante responsável por pôr as contas de Mr. Magorium em dia. O Mutante é o protótipo do homem moderno. Posto diante de todos os "milagres" ignora-os. Não o faz de forma consciente. Simplesmente não repara. Não perde cinco segundos a espantar-se com a realidade.
Mas a verdade é que Harry é um bom homem, só lhe falta uma companhia que lhe ajude a ver. Por isso, só quando Eric e Mahoney se tornam seus amigos é que ele começa a reparar na magia da Loja.
Já Mahoney, tambem por causa da presença dos seus amigos, percebe que aquilo que fazia aquela loja espantosa não dependia do Mr. Magorium. A Loja era mágica, o ponto é se ela o reconhecia ou não. É neste ponto que ela percebe que a sua atracção pelo velho inventor de brinquendo não vinha apenas dele, mas daquilo que de que ele era sinal.
De um modo estranho este filme fez-me lembrar os romances de Chesterton, onde nos cenários mais inverosímeis, acontecem os dramas mais realistas. Embora com algumas cedências (mas poucas) ao "new age" vale a pena ver este filme, pois ele conta-nos como o impossível se faz possível através do testemunho de pessoas reais. Não é um método novo, Nosso Senhor já o usa há 2000 anos.
De um modo estranho este filme fez-me lembrar os romances de Chesterton, onde nos cenários mais inverosímeis, acontecem os dramas mais realistas. Embora com algumas cedências (mas poucas) ao "new age" vale a pena ver este filme, pois ele conta-nos como o impossível se faz possível através do testemunho de pessoas reais. Não é um método novo, Nosso Senhor já o usa há 2000 anos.
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