Está agora nas livrarias um livro chamado "O último anel" escrito por um senhor que tenciona contar a Guerra do Anel do ponto de vista orc, onde explica como esta raça são uns pobres coitados. Não li e não gostei.
À primeira vista pode parecer que é apenas um livro estúpido (e é, sem dúvida) e que não merece grandes comentários. Na verdade o que não faltam são gigg's que não compreendem que a Terra Média é um mundo imaginário e que se perdem em divagações profundas sobre o tamanho da barba do Gandalf. Contudo este livro parece-me uma perigosa deturpação da obra de Tolkien.
Os orcs são, na história de Tolkien, elfos que foram torturados por Melkor, que se transformaram em seres maus, sem qualquer liberdade. Os orcs são criaturas sem qualquer liberdade, são extensão da vontade de Melkor, que representa o demónio.
Em toda a mitologia que Tolkien escreveu há uma grande diferença entre os homens e todas as outras raças. Os homens são os únicos com um real livre arbitrío, todos os outros estão condenados, pela sua natureza, a serem bons ou maus. Mesmo os elfos, que podem fazer coisas más, são impedidos pela sua natureza de serem aliados de Melkor.
Pegar na deturpação que o demónio faz da natureza e dar-lhe um ar de pobres injustiçados é uma mentalidade new age, que através daquilo a que nós chamamos o anti-herói, tenta mostrar o mal como relativamente mal, ou seja, apenas é mal do ponto de vista da cultura dominante. Isto acontece não apenas no universo de tolkiano, mas em toda a cultura moderna, onde os bruxos e os ogres são heróis e os guerreiros e as princesas são vilões.
Fazer uma história da guerra do anel do ponto de vista orc é destruir a obra de Tolkien. É mais uma vez dizer que o mal afinal não existe, que é tudo uma questão de ponto de vista. Mas para J.R.R. Tolkien existe o mal, o demónio existe e os seus servos são maus. Graças a Deus, a ditadura do relativismo não chegou à Terra Média...
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