quinta-feira, abril 05, 2007

O Pórtico do Mistério da Segunda Virtude

"Mas a Esperança, disse Deus
Isso sim admira-me,
admira até a Mim mesmo.

Que estes pobres filhos vejam como hoje caminham as coisas,
e creiam que amanhã tudo irá melhor,
isto sim que é assombroso e é, com muito,a maior maravilha da nossa graça.

E eu mesmo me assombro com isso.
Que será necessário que seja minha graça
(e qual a força dessa minha graça)
para que esta pequena Esperança,vacilante ante o sopro do pecado,
trêmula ante os ventos,agonizante ante o menor sopro,
siga estando viva,
impossível de apagar?

Esta pequena Esperança que parece coisa de nada,
esta pequena filha Esperança.
Imortal.
Pelo caminho escarpado, arenoso e estreito,
arrastada e braços dados
com suas duas irmãs maiores,
segue a pequena Esperança
como uma criança sem forças para caminhar.
Mas na realidade é ela
quem faz andar às outras duas,
e que as arrastae que faz andar o mundo inteiro,
e a que arrasta.

Porque, em verdade, não se trabalha senão pelos filhos,
E os dois maiores não avançam
Se não graças à pequena."
.
(Charles Péguy, Le Porche du Mystère de la Deuxième Vertu)

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