Cristo ressuscitou. Esta evidência é nos ditada, não pela história, mas pelo nosso Coração que o reconhece no encontro com os santos e na Sua Presença na Eucarístia. A História confima esta evidência, mas a certeza na ressurreição é anterior ao nosso conhecimento histórico.
Por isso não nos perturbamos com pseudo-documentário ou com romances históricos que negam o facto central da nossa existência. Porque para negar a ressurreição teriamos que nos negar a nós próprios.
Os ataques à Verdade hão de continuar. O documentário que fez furor nesta Páscoa é apenas a continuação do “Envagelho de Judas” ou do “Código de da Vinci” e tem por único fim semear a confusão no Coração dos homens. O autor deste ataque é o mesmo que há dois mil anos pagou aos soldados para dizerem que os discípulos tinham roubado o corpo de Cristo: o Demónio.
Mas o nosso Coração não se perturba, porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente!
Cristo ressuscitou, Aleluia, Aleluia!
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31 comentários:
Que significa "comecemos a ajuizar, este é o princípio da libertação"?
Significa perceber a razão pelas quais fazemos as coisas.
De outro modo somos escravos da circunstância. Fazemos as coisas porque sim, porque são assim, sem aderimos livremente com a razão.
Mas, como é que essa percepção é o princípio da libertação?
Não vos parece essa proposição muito racionalista?
Bem sei quão importante é ajuizar. Mas, não será o princípio da libertação cumprir o que Deus manda, mesmo que, por vezes, tal seja inexplicável e, com isso, insusceptível de juízo?
Parece-me que esta espécie de lema é mais racionalista e modernista do que católica, porque, em última instância, entrega ao "eu" o absoluto poder decisório.
Sim, cumprir o designio de Deus é a verdadeira liberdade
Mas essa adesão tem que ser feita de forma livre, tem que ser o "Eu" a dizer que sim.
A Fé é uma graça, é a resposta aquilo que o Coração realmente deseja. Mas não há nada mais inutil do que uma resposta a uma pergunta que não foi colocada.
Para dizer "Eu preciso realmente de Cristo" precisamos primeiro de ajuizar seriamente a nossa humanidade. Se não corremos o risco de termos uma fé formal.
Por isso é que ajuizar é o principio da libertação.
«Mas essa adesão tem que ser feita de forma livre, tem que ser o "Eu" a dizer que sim.»
Parece-me que qualquer adesão, pelo simples facto de o ser, implica a liberdade. Depois, poderemos questionar se o objecto da adesão liberta ou não. Mas sem liberdade, sem livre-arbítrio, como nos ensina a teologia católica, não há possibilidade de escolher e, com isso, de aderir. Parece-me claro que ajuizar é uma tarefa fundamental. Porém, a adesão a Cristo começa não com um juízo, mas com o Baptismo. Começa talvez até pelo simples facto de nascermos, de Ele nos ter dado a vida! Aí Ele é o protagonista, e não nós, criados e redimidos pela Sua graça infinita.
«Mas não há nada mais inutil do que uma resposta a uma pergunta que não foi colocada.»
Discordo. Considera o Baptismo inútil? Julgo mesmo que Deus nos concede grandes graças e frutos sem que coloquemos quaisquer perguntas. O bebé, que no colo da mãe é revestido de Cristo, salvo do pecado original, não pergunta nada. Deus faz tudo.
Aliás, Deus faz tudo. Com certeza que as perguntas são importantes e sérias, mas valerá a pena empenhar o nosso esforço em fazer perguntas? «Ora et Labora», diz São Bento. Não diz «Pergunta e Ajuiza».
«Para dizer "Eu preciso realmente de Cristo" precisamos primeiro de ajuizar seriamente a nossa humanidade»
O que entende por ajuizar seriamente a nossa humanidade?
Aceite os cumprimentos deste desconhecido que ousa perguntar.
Luís de Rebello Valente
Ajuizar a própria humanidade quer dizer comparar toda a nossa experiência com as exigências do nosso coração.
Se eu viver toda a vida de modo superficial, se de cada vez que uma coisa má acontece eu simplesmente fingir que não aconteceu, então posso viver n ilusão de que não preciso de nada.
Se, por outro lado, levar a sério a minha humanidade percebo claramente que eu não me chego a mim próprio, que tenho uma necessidade a que nenhum homem do mundo pode responder.
Assim Cristo já não é um nome que aprendi dos meus pais, mas uma necessidade, a maior necessidade da minha vida.
Mas, obviamente, a fé é uma Graça. Não basta a razão. O homem pode compreender que existe um Deus só com a razão, mas só O pode conhecer com a Graça (como diz o Catecismo da Igreja Católica). Por isso os sacramentos, como Graças sensiveis concedidas por Deus ao Homem, são insenciais.
É Deus que faz tudo, mas pede-nos uma única coisa, a nossa total adesão ao Seu Designio. Isso só é possivel se nós aderirmos com a razão.
Percebo o que diz.
Mas, pergunto-lhe, depois de o ter feito várias vezes a mim mesmo: será que é ajuizando a nossa humanidade que encontramos Cristo ou será antes Cristo que ajuiza plenamente e ultimamente a nossa humanidade?
Tenho tendência para achar que, sem Ele, andaríamos à deriva, perdidos no que a mentira do mundo nos quer impingir. Parece-me, por isso, que é Ele, Juiz Perfeito, quem nos julga a nós. Há muito que não sei viver sem que o meu dia esteja em relação com Jesus, sem que o meu dia, pelo menos como intenção, seja para Ele. Mas isto só me acontece porque Ele desvenda a minha vida, desvenda quem eu sou!
Por isso, mais uma vez discordo da sua ordem. Não leve a mal. Mas, antes de eu ter capacidade para ajuizar a minha vida, já Jesus era Senhor dela mesma. «Antes que Abraão existisse, Eu Sou».
Daí que, ao ler os seus posts, que faço sempre e atentamente, denoto talvez uma certa tendência modernista, na medida em que o centro da vida religiosa é a própria experiência. Quase como se tratasse de uma imanência vital. E este subjectivismo, infelizmente, conduz à equiparação de todas as religiões e credos, porque, se o critério último pertence ao absoluto poder decisório do eu, então quem decide, se for sincero, sério e coerente, decide bem. E aí tenho de discordar de si.
Mas isto fica para depois.
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente da Silva e Menezes
Ainda sobre esta carta dos universitários do Movimento de Comunhão e Libertação.
«Cristo ressuscitou. Esta evidência é nos ditada, não pela história, mas pelo nosso Coração que o reconhece no encontro com os santos e na Sua Presença na Eucarístia. A História confima esta evidência, mas a certeza na ressurreição é anterior ao nosso conhecimento histórico.»
Este parágrafo, perdoe-se-me o atrevimento, é contrário à doutrina da Santa Igreja.
Repare, o que diz a vossa carta, indirectamente, é que a religião nasce de um sentimento religioso.
Até mesmo a religião sobrenatural, segundo o que está exposto, não passa de um desenvolvimento deste sentimento ou sentido religioso (expressão muito querida de Monsenhor Giussani). Não se trata aqui do velho erro que atribuía à natureza humana uma espécie de direito à ordem sobrenatural. Vai-se ainda mais longe. Chega-se até ao ponto de afirmar que a nossa santíssima religião, no homem Cristo assim como em nós, é emanação inteiramente espontânea da natureza. Certamente não há nada de mais destruidor da ordem sobrenatural.
O Concílio Vaticano (II)definiu: «Se alguém disser que o homem não pode ser por Deus elevado a um conhecimento e perfeição que supere as forças da natureza, mas por si mesmo pode e deve, com incessante progresso, chegar finalmente a possuir toda a verdade e todo o bem, seja anátema»
Por isso, o problema da religião não é um problema de experiência interior, mas um problema da história, da realidade dos factos.
Que Deus não pode ser de maneira nenhuma objecto directo da ciência; e também, em relação à história, que não pode ser considerado assunto histórico, é um dos aspectos da heresia modernista, amplamente condenada da Encíclica «Pascendi»
Aquele sentimento religioso, que se manifesta na consciência, não será talvez já a própria revelação ou, pelo menos, princípio da revelação? Ou ainda, não será revelação o próprio Deus, ao manifestar-se à alma, embora um tanto indistintamente, neste mesmo sentimento religioso? Sendo Deus ao mesmo tempo objecto e causa da fé, essa revelação é de Deus como objecto e também provém de Deus como causa: isto é, tem Deus ao mesmo tempo como revelante e revelado.
Que Jesus ressuscitou, que Jesus é o Verbo de Deus feito carne, é um dado da história. É um facto, aconteceu! Por isso, de maneira alguma esta evidência nasce primeiramente do coração. Nasce da história e a Fé consiste na adesão da nossa inteligência a essa verdade revelada.
Cumprimentos,
Luís Froes
Para que não haja confusões, sou tio do Luís Froes vosso amigo, membro do CL e antigo membro deste blog.
Assino tanto Luís Froes como Luís Rebello Valente. Ambos nomes de família.
Cumprimentos
Aliás, se o meu sobrinho escrevesse, também o corrigiria, se me parecesse necessário.
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Aliás, se o meu sobrinho escrevesse, também o corrigiria, se me parecesse necessário.
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Não é isso que nós dissemos, porque o desejo do nosso coração que o lá pôs foi Deus, disso não temos duvida.
O nosso desejo de Cristo, é o próprio Cristo que o gravou no nosso Coração. Não falamos de um sentimento, mas de um juizo que fazemos.
O desejo de cada homem é igual, pois Deus gravou esse desejo no coração de cada um. Depois concede-nos a liberdade de seguir ou não seguir esse desejo. Mas o nosso único "trabalho" é aderir. Mas esta adesão tem que ser feita através da razão, se não é uma adesão puramente sentimental.
Quanto a ressurreição ser um facto histórico é inegável. Mas a minha certeza na ressurreição n provem da história. Também a conquista da Gália por César é um dado histórico mas eu não acredito tanto nisso como na Ressurreição. Isto porque eu encontro Cristo hoje, encontro uma presença na Igreja que corresponde totalmente ao meu Coração. Antes de saber o suficiente de história para falar sobre ressurreição (ainda hoje n sei) já tinha a certeza que Cristo tinha ressuscitado.
Finalizando, não há prova nenhuma histórica da Ressurreição. Há indicios, mas não certezas. Contudo eu tenho a certeza que Cristo ressuscitou, porque eu O econtro hoje.
Neste momento, estou sem tempo
Mais logo tentarei responder-lhe.
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Diz São Pio X na «Pascendi»:
«Agora, passando a considerá-lo como crente, se quisermos conhecer de que modo, no modernismo, o crente difere do filósofo, convém observar que, embora o filósofo reconheça por objecto da fé a realidade divina, contudo esta realidade não se acha noutra parte senão na alma do crente, como objecto de sentimento e afirmação; porém, se ela em si mesma existe ou não fora daquele sentimento e daquela afirmação, isto não importa ao filósofo. Se, porém, procurarmos saber que fundamento tem esta asserção do crente, respondem os modernistas: é a experiência individual. — Com esta afirmação, enquanto na verdade discordam dos racionalistas, caem na opinião dos protestantes e dos pseudo-místicos.
Eis como eles o declaram: no sentimento religioso deve reconhecer-se uma espécie de intuição do coração, que pôs o homem em contacto imediato com a própria realidade de Deus e lhe infunde tal persuasão da existência dele e da sua ação, tanto dentro como fora do homem, que excede a força de qualquer persuasão que a ciência possa adquirir.»
Tal e qual como a vossa carta. No fundo, o parâmetro de medida da verdade e do real é o coração.
E isto, por mais bonito e sublime que pareça, por mais romântico que seja, é falso e contrário à doutrina da Santa Igreja.
Se a sua certeza sobre a Ressureição não provém da história (o que é um erro lógico, porque não existem certezas que não nasçam de factos, e os factos são sempre históricos), provém donde? A minha intuição é de que me vai responder que a sua certeza provém do que encontrou, do impulso do seu coração, da sua experiência.
Mas, isso, qualquer um pode dizer sobre qualquer coisa.
Isso que você diz relativamente a si e à sua fé, di-lo exactamente da mesma forma um budista.
Não espero que me diga que, no budismo, como em qualquer religião, há um fundo de verdade. Saberá, com certeza, que, ao dizê-lo, incorrerá em heresia.
Aguardo uma resposta sua.
Luís Rebello Valente
Ainda sobre isto, recomendo-lhe a leitura deste trecho de padre Giussani, comparado com um trecho da Encíclica «Pascendi»:
Giussani - "Il senso religioso" pag. 16
«Tutte le esperienze della mia umanità e della mia personalità passano al vaglio di una "esperienza originale", primordiale, che costituisce il volto nel mio raffronto con tutto. Ciò che ogni uomo ha il diritto e il dovere di imparare è la possibilità e l'abitudine a paragonare ogni proposta con questa sua "esperienza elementare". In che cosa consiste questa esperienza originale, elementare? Si tratta di un complesso di esigenze e di evidenze con cui l'uomo è proiettato dentro il confronto con tutto ciò che esiste. La natura lancia l'uomo nell'universale paragone con se stesso, con gli altri, con le cose, dotandolo - come strumento di tale universale confronto - di un complesso di evidenze ed esigenze originali, talmente originali che tutto ciò che l'uomo dice o fa da esse dipende. Ad esse potrebbero essere dati molti nomi; esse possono essere riassunte con diverse espressioni (come: esigenza di felicità, esigenza di verità, esigenza di giustizia, ecc...). Sono comunque come una scintilla che mete in azione il motore umano; prima di esse non si dà alcun movimento, alcuna umana dinamica. Qualunque affermazione della persona, dalla più banale e quotidiana alla più ponderata e carica di conseguenze, può avvenire solo in base a questo nucleo di evidenze ed esigenze originali.»
SAN PIO X - ENCICLICA "PASCENDI"
Infatti fra i capisaldi della loro dottrina (*modernismo) vi è ancor questo, tratto dal principio dell'immanenza vitale: che le formole cioè religiose, perché tali siano in verità e non mere speculazioni dell'intelletto, è mestieri che sieno vitali e che vivano della stessa vita del sentimento religioso. Il che non è da intendersi quasiché tali formole, specie se puramente immaginative, sieno costruite a bella posta pel sentimento religioso; giacché poco monta della loro origine, come altresì del loro numero e della loro qualità; ma così, che le stesse, fatte se occorre all'uopo delle modificazioni, vengano vitalmente assimilate dal sentimento religioso. E per dirla in altri termini, fa di mestieri che la formola primitiva sia accettata e sancita dal cuore, e che il susseguente lavorio per la formazione delle formole secondarie sia fatto sotto la direzione del cuore. Di qui procede che siffatte formole, perché sieno vitali, devono essere e mantenersi adatte tanto alla fede quanto al credente. Laonde, se per una ragione qualsiasi cotale adattamento venga meno, perdono elle il primitiva significato e vogliono essere cambiate. Or tale essendo il valore e la sorte mutevole delle formole dogmatiche, non reca stupore che i modernisti le abbiano tanto in dileggio; mentre al contrario non fanno che ricordare ed esaltare il sentimento religioso e la vita religiosa. Perciò pure criticano con somma audacia la Chiesa, accusandola di camminare fuor di strada, né saper distinguere fra il senso materiale delle formole e il loro significato religioso e morale, e attaccandosi con ostinazione, ma vanamente, a formole vuote di senso, lasciar che la religione precipiti a rovina. Oh! Veramente ciechi e conduttori di ciechi, che, gonfi del superbo nome di scienza, vaneggiano fino al segno di pervertire l'eterno concetto di verità e il genuino sentimento religioso: "spacciando un nuovo sistema, col quale, tratti da una sfrontata e sfrenata smania di novità, non cercano la verità ove certamente si trova; e disprezzate le sante ed apostoliche tradizioni, si attaccano a dottrine vuote, futili, incerte, riprovate dalla Chiesa, e con esse, uomini stoltissimi, si credono di puntellare e sostenere la stessa verità" (Gregorio XVI, Lett. Enc."Singulari Nos", 25 giugno 1834).
Luís Rebello Valente
"No desenrolar deste encontro, revela-se com clareza que o amor não é apenas um sentimento. Os sentimentos vão e vêm. O sentimento pode ser uma maravilhosa centelha inicial, mas não é a totalidade do amor. Ao início, falámos do processo das purificações e amadurecimentos, pelos quais o eros se torna plenamente ele mesmo, se torna amor no significado cabal da palavra. É próprio da maturidade do amor abranger todas as potencialidades do homem e incluir, por assim dizer, o homem na sua totalidade. O encontro com as manifestações visíveis do amor de Deus pode suscitar em nós o sentimento da alegria, que nasce da experiência de ser amados. Tal encontro, porém, chama em causa também a nossa vontade e o nosso intelecto. O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d'Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente em caminho: o amor nunca está « concluído » e completado; transforma-se ao longo da vida, amadurece e, por isso mesmo, permanece fiel a si próprio. Idem velle atque idem nolle [9] — querer a mesma coisa e rejeitar a mesma coisa é, segundo os antigos, o autêntico conteúdo do amor: um tornar-se semelhante ao outro, que leva à união do querer e do pensar. A história do amor entre Deus e o homem consiste precisamente no facto de que esta comunhão de vontade cresce em comunhão de pensamento e de sentimento e, assim, o nosso querer e a vontade de Deus coincidem cada vez mais: a vontade de Deus deixa de ser para mim uma vontade estranha que me impõem de fora os mandamentos, mas é a minha própria vontade, baseada na experiência de que realmente Deus é mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio. [10] Cresce então o abandono em Deus, e Deus torna-Se a nossa alegria (cf. Sal 73/72, 23-28)."
Deus é Amor, Bento XVI
Caro José Maria,
Porque colocou aqui este excerto da Encícilia «Deus Caritas Est»?
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Porque, dps de ter escrito, percebi que o Papa explica melhor do que eu o que quero dizer.
Ou seja, de como para além da Graça de Deus é preciso a adesão do homem, que se faz através da razão, da vontade e do sentimento, aquilo a que a Igreja chama Coração.
Convém usar as palavras no seu vdd signigficado. É diferente o significado biblico de coração do significado que o mundo hoje lhe atribui.
Sim, senhor.
Percebo e concordo.
Mas não vejo no o que diz o que resolve a minha dúvida.
Não pense que estou aqui a tentar censurá-lo ou atacar a sua Fé.
Entendi que o que li neste post não era conforme com a Doutrina da Igreja. E tomei a liberdade de o interpelar.
Espero que não se importe.
Os textos de padre Giussani e de São Pio X que coloquei revelam, a meu entender, uma disparidade quase que incompatível.
Atrevo-me a dizer, respeitosamente, que, pelo que observo, o CL propõe uma fé modernista. Não quero com isto melindrá-lo, nem a si, nem aos seus amigos.
Estou apenas a instigar o debate.
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Não me sinto melindrado. E digo-lhe que a Faternidade de Comunhão e Libertação foi aprovado pelo Papa João Paulo II como caminho de Santidade e o próprio Cardeal Ratzinger celebrou a missa do enterro de don Giussani.
Para além disso, o Papa Bento XVI no dia 24 de Março confirmou mais uma vez a sua amizade pelo movimento e repetiu-nos o convite de irmos pelo mundo a espalhar a beleza e a alegria do Cristianismo, que o Papa João Paulo II já tinha feito a 11 de Março de 1984.
Digo isto n por vaidade, mas porque a confirmação do Papa tornou segura a minha pertença a Comunhão e Libertação.
Peço que me perdoe o atrevimento, mas parece me que a disparidade que encontra naquilo que don Giussani ensina e no que o Papa Pio X ensina é, e peço desculpa pela expressão mas não o digo por achar que percebo melhor, mas apenas porque o que Giussani diz foi confirmado pelo Papa, falta de compreensão sua.
Não quero ser desrespeitoso neste meu comentário, mas contra o seu racionalismo eu oponho a experiência de um encontro com um povo fiel a Cristo e a Sua Igreja cujo o carisma foi confirmado pela autoridade de Pedro.
Esta não esperava!
Racionalista, eu?
Talvez por ser alguém que estuda as leis tenha a necessidade de uma certa construção lógica, o que, aliás, só fica bem a quem se propõe estudar uma doutrina.
E se há doutrina perfeita, em que todas as premissas se conjugam a fim de formar raciocínios perfeitos, é a Doutrina Católica.
Mas, racionalista não sou, isto é, não pretendo que a minha inteligência seja a medida de tudo quanto existe, nem remeto para a minha consciência a faculdade de determinar o que existe e o que não existe. Não digo, como Descartes disse, «Cogito ergo sum» nem sou relativista.
Pelo que não há nada a opor ao meu racionalismo, uma vez que ele não existe.
O problema da disparidade entre o que condenou São Pio X e as teses de Padre Giussani diz respeito a um outro problema: o da infalibilidade.
Quando o Papa Pio X ensinou o que está exposto na Encíclica «Pascendi», fê-lo de modo infalível. Na verdade, estavam reunidos os pressupostos do exercício do carisma da infalibilidade, de acordo com o dogma estabelecido pelo Concílio Vaticano I e proclamado pelo Papa Pio IX, em 1870. Decerto saberá quais são.
A Padre Giussani não foi entregue nenhum carisma da infalibilidade.
E o problema reside em que, quando me cita o reconhecimento pontifício da Faternidade de Comunhão e Libertação, a ida de Sua Eminência o Cardeal Ratzinger ao enterro de Monsenhor Giussani ou os sucessivos convites papais ao CL para ir, como diz, «pelo mundo a espalhar a beleza e a alegria do Cristianismo», eu posso legitimamente opor-lhe que estes factos não constituem nenhum pronunciamento infalível do Papa.
Poderá opor que se trata do Papa e que este age por força do Espírito Santo, que confia n'Ele e que prefere segui-lo. Mas isso não torna a sua adesão a adesão a uma verdade.
Aos católicos não é ordenado que aceitem de olhos fechados qualquer afirmação proveniente dos seus pastores. Eles têm, aliás, o direito e o dever de alertar para possíveis erros teológicos ou afirmações contraditárias com a Doutrina revelada em que os seus pastores - inclusivé o Papa - eventualmente incorram.
O próprio Cardeal Ratzinger ensinou:
«Doutra parte, é possível e até necessário criticar os pronunciamentos do Papa, se não estiverem suficientemente baseados na Escritura e no Credo, ou seja, na Fé da Igreja universal. Onde não houver, nem a unanimidade da Igreja universal, nem o claro testemunho das fontes, não pode também haver uma definição que obrigue a crer. Faltando as condições, poder-se-á também suspeitar da legitimidade de um pronunciamento papal.»
A realidade é que a sua base de apoio é sempre a experiência individual. A própria crença na Ressureição de Nosso Senhor, diz a carta dos universitários do CL, antepõe o coração à história, o que é um absurdo.
Aliás, no início da carta diz-se:
«A História confima esta evidência, mas a certeza na ressurreição é anterior ao nosso conhecimento histórico.»
Mais tarde, no nosso diálogo, disse-me o Zé Maria:
«Finalizando, não há prova nenhuma histórica da Ressurreição. Há indicios, mas não certezas.»
Repare bem na contradição de se dizer que a história confirma algo do qual não existe prova histórica. Isto é pura e simplesmente impossível.
Por último, dir-lhe-ei o seguinte.
Conheço alguns textos de Padre Giussani. Ao longo dos últimos tempos detive-me a ler alguns dos seus escritos e pensamentos.
Impressiona-me que um Padre católico e o movimento dele nascido nada falem acerca dos Mistérios da nossa Fé.
Não encontrei até hoje uma reflexão sobre a Santa Missa como renovação do Sacrifício de Cristo, uma reflexão sobre os mandamentos da Lei de Deus, uma reflexão sobre a Santíssima Trindade ou o pecado original.
O que encontro, inevitavelmente, são comentários a obras literárias de poetas gnósticos e romancistas românticos.
Num mundo marcado pela crise religiosa e moral (e não política, como se quer fazer crer), a tarefa dos católicos é ensinar a Verdade. Num mundo afastado de Deus e da Igreja, é necessário educação religiosa verdadeira, e não dissertar sobre Thomas Stearns Eliot (um modernista convicto) ou fazer críticas sobre as sonatas de Dvorák.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Se n encontrou comentário de Giussani sobre a missa ou sobre os mistérios da nossa fé foi porque não procurou. Basta ler o "Porquê a Igreja" pra encontrar.
Quando eu digo que os indicios históricos confirmam aquilo que o nosso coração já sabia, quero dizer que todos os indicios indicam históricos indicam que Cristo ressuscitou, mas não é dai que eu retiro a minha certeza. Todos os indicios históricos apontam para que César tenha conquistado a Gália, eu acredito q César tenha conquistado a Gália, não tenho a certeza absoluta que César tenha conquistado a Gália mas é realmente o mais provavel.
Já na ressurreição eu acredito de maneira absoluta.
Quanto a palavra coração, são os próprio discipulos de Emaús que a usam ao falar do encontro com Cristo ressuscitado.
Por último: ter a pretensão de saber mais sobre a fé da Igreja do que o Papa João XXIII, o Papa João Paulo II e o Papa XVI é apenas uma pretensão. Poderá ter razão, mas eu prefiro apostar no que os Papas dizem em vez de apostar no que o Luis diz.
O «porquê a Igreja» integra o «Percurso de formação cristã». PerCurso, que li. Quando falo sobre as coisas tenho a preocupação de ser rigoroso.
Claro que li o livro confuso e obscuro de Monsenhor Giussani.
Monsenhor Giussani tem o dom de tornar obscuro os raios do sol, tanto é a nebulosidade do seu estilo.
A propósito, coloco-lhe algumas questões sobre esta obra.
Monsenhor Giussani diz no seu livro «O sentido religioso» que «a experiência ou o sentido religioso é um dado emergente no comportamento do homem de todos os tempos» (palavras aproximadas).
Portanto, é algo que acontece a todo homem. Exactamente como o modernismo definia o sentimento
religioso.
Monsenhor Giussani explica que esse sentido religioso é imanente ao homem. Exactamente como dizia o modernismo e como foi condenado na «Pascendi».
«Quando recitamos juntos as laudes, por exemplo, a comoção torna-se muito maior e penso em vós como se fossem parte do meu eu, porque o são. E não existe uma definição inteira de mim mesmo sem vós, mesmo se os não conheço no sentido psicológico ou psicanalítico do termo, porque, no sentido profundo, sou uma coisa só convosco»
(Monsenhor Giussani, «Reflexões sobre o Empenho Vivido - Conversa com um grupo de universitários», In revista CL - Comunhão e Libertação)
Será que me pode explicar, de modo não imanentista, de modo não gnóstico, como o «eu» de Monsenhor Giussani é você?
Essa fusão do eu com o tu, do sujeito com o objecto, como diziam os gnósticos do romantismo, é reforçada por Monsenhor Giussani noutra passagem desta conversa:
«A presença de Cristo, que implica uma materialidade que se chama companhia, é o início de uma emoção e de uma comoção, e então de um pedido do ser e da consumação, que investem o tempo de cada dia, originando uma homologação sublime, onde as coisas ficam na sua divina diferença umas das outras, e, assim mesmo, se tornam todas uma coisa só".
Explique-me, meu caro Zé Maria, de modo católico, como todas as coisas se tornam uma coisa só.
«Quando eu digo que os indicios históricos confirmam aquilo que o nosso coração já sabia, quero dizer que todos os indicios indicam históricos indicam que Cristo ressuscitou, mas não é dai que eu retiro a minha certeza.»
O Concílio Vaticano I definiu:
«Se alguém disser que a divina revelação não pode tornar-se crível por manifestações externas, e que, por isto, os homens não devem ser movidos para a fé senão exclusivamente pela experiência interna ou inspiração privada, seja anátema» (De Fide., can. III).
No «Lamentabili Sine Exitu», decreto do Papa São Pio X sobre os erros do «modernismo», diz-se:
«Das proposições dos modernistas condenadas pela Igreja
Decreto da Sagrada Inquisição Romana e Universal
3 de julho de 1907
(...)
FILOSOFIA RELIGIOSA DA NOVA ESCOLA
20. A revelação não podia consistir noutra coisa, senão em ter o homem adquirido consciência da sua relação para com Deus.
21. A revelação, que constitui o objecto da fé católica, não se completou com os Apóstolos.
(...)
CRISTOLOGIA DE LOISY
27. A divindade de Jesus Cristo não se prova pelos Evangelhos; é um dogma que a consciência cristã derivou da noção do Messias.
(...)
29. Pode conceder-se que Cristo, tal como história O representa, é muito inferior ao Cristo, objecto da fé.
(...)
36. A ressurreição do Salvador não é propriamente um facto de ordem histórica, mas de ordem meramente sobrenatural que não foi demostrado, nem é demonstrável, e que a consciência cristã insensivelmente deduziu de outros factos.»
O Zé Maria invoca a minha pretensão de conhecer melhor a fé do que os Papas. Engana-se.
O que eu faço é opôr documentos infalíveis do Magistério da Igreja (que têm origem no exercício do carisma da infalibilidade pelos Papas, ou seja, não estou contra os Papas, estou precisamente a obedecer aos Papas) que condenam as teses por si defendidas, aos quais você opõe opiniões pessoas suas e dos próprios Papas.
João Paulo II e Bento XVI podem incensar Monsenhor Giussani quantas vezes quiserem. Papas houve cuja história pessoal e política é assustadora. Até um pronunciamente «ex-cathedra» sobre a matéria, concedo-me a liberdade de, fundado na própria santa e imutável Doutrina da Igreja criticar os disparates e as pretensões teológicas saídas da pena de Monsenhor Giussani.
Como disse, custa-me a crer na bondade de um movimento católico cuja missão é apresentar peças de Chopin e de Mozart (que oiço diariamente em casa) e análises de quadros de Van Gogh, seguindo-se outras análises de redacções de pessoas falando dos seus desejos e anseios. De catecismo ou Doutrina da Igreja nada se fala. Quando muito, ouve-se falar de Cristo como «beleza encarnada» (onde se quer exactamente chegar?).
Aliás, é certo que a obra de Monsenhor Giussani requer uma verdadeira iniciação, de tal forma a linguagem que usa parece esotérica.
Cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Errata:
Onde se disse «Até um pronunciamente «ex-cathedra» sobre a matéria...» deve ler-se «Até surgir um pronunciamento "ex-cathedra" sobre a matéria...»
Caros Senhores
Bernardo Gomes de Castro
José Maria Duque,
Se me é permitido fazer um pedido, gostaria de ver a minha última missiva respondida. Provavelmente achar-me-ão maçador ou acharão que estou aqui contra vós, mas, de facto, a minha acção é uma tentativa, dentro do meu limite, de dar maior glória a Deus, e não denegrir ou acusar alguém.
Com os melhores cumprimentos,
Luís de Pinho e Souza Rebello Valente Álvares da Silva e Menezes
Caro Luis, n respondo por unica razão. Porque o Luis não está minimamente interessado na resposta.
Eu não tenho tempo para uma discussão teórica interminável sobre aquilo que o Luis acha que é doutrina.
Por isso dou-lhe a mesma resposta que Cristo deu a Pilatos, silêncio.
Caro Luís:
Espero com este comentário não faltar ao respeito que me merecem os que aqui comentam, nem por em causa a amizade que tenho pelo seu sobrinho.
Não sou teólogo mas não vejo nenhuma incompatibilidade entre o que diz Don Giussani e o que diz a Igreja. Aliás ele sempre a defendeu e teria preferido certamente não publicar um texto a fazê-lo contra a doutrina.
Giussani sempre defendeu a objectividade do facto cristão. Jesus contínua objectivamente presente na História através da Igreja fundada em Pedro.
Não é certamente, nem um Protestante nem um Racionalista. Muito menos Modernista.
Essa Presença é a única que responde totalmente ao meu Coração de Homem(Até santo agostinho refere a palavra coração).Responde de uma forma única ao meu desejo de Beleza, Verdade e Justiça; responde às exigências últimas de todo e cada o Homem.
A tal ponto que não aderir a Ela é "negar-me".
Deus quiz fazer-se Homem, através do sim de uma Rapariga de 15-16 anos. O seu sim foi condição necessária à salvação do mundo. Por isso Nossa Senhora é Co-Redentora da Humanidade.
Deus quiz precisar da Liberdade do Homem também hoje. Da minha Liberdade. Da sua Liberdade. Da liberdade em aderir ou não á sua Presença extraordinária em todos os tempos. Desde os primeiros discípulos até nós os dois.
O Acontecimento(facto histórico)puro dom, quer precisar, portanto da minha adesão; do meu sim; da adesão do meu Coração para se tornar Encontro e para se tornar verdadeira Companhia á minha vida.
Se ler atentamente o post. Não colocamos em causa a objectividade da Ressurreição. O que dizemos é, precisamente o contrário. Aqueles que tentam semear a confusão, negando-a através do the lost tomb of jesus ou codigo da Vinci tentam atacar exactamente o maior pilar da fé. A objectividade de jesus Ressuscitado e Presente hoje na Sua Igreja. E Isso não é ingénuo.
O sr don Manuel clemente dizia, numa conferência sobre a historicidade dos Envangelho aos universitários do CL que a maior prova da Verdade dos Envangelhos são os seus frutos, através dos Santos de ontém e hoje que o colocam em prática.
Só o posso Encontrar na minha vida se ele estiver presente. e ele só está presente se os Envangelhos não mentirem.
Esta será a minha primeira e última intervenção nesta discussão.
Se o Luís quizer, encontramo-nos um dia para falar pessoalmente sobre estes assuntos.
São Pio X, Rgai por nós!
Cumprimentos,
Bernardo
Caro Zé Maria,
Ao contrário do que julga, estou interessado na resposta. Coloquei diversos item's na esperança de receber uma resposta que me explique e desvende o significado teológico dos termos de Monsenhor Giussani.
Não estou interessado numa discussão teórica sobre doutrina. Estou interessado em comparar as expressões modernistas de Padre Giussani, que, admito, podem não ter um fundo modernista, com o Magistério da Igreja.
Não trouxe para o assunto nenhuma opinião teórica ou pessoal.
A sua resposta revela uma arrogância incrível.
Honestamente, quem perde é o Zé Maria. Não porque perde a discussão. Mas porque perde a oportunidade de me explicar o que eu presumo que saiba explicar.
E porque comparar-se a Jesus é um acto ousado. Ousado demais para quem não sabe explicar as expressões teológicas do seu pai espiritual.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Caro Bernardo,
Antes de mais, permita-me agradecer-lhe a amabilidade de me ter respondido.
Com o devido respeito, dir-lhe-ei que nada do que escreveu responde aos meus problemas. Vim aqui para ser esclarecido. Humildamente alertei para um erro existente nesta Carta dos Universitários do CL. Se ler os excertos que coloquei verá que eles contradizem a ideia de que a certeza sobre a Ressureição nasce primeiramente do coração para depois ser confirmada pela história.
Entre palavras «ex-cathedra» de um Papa e definições teológicas de quem quer que seja tenho de optar pela veracidade das primeiras.
A ideia do Zé Maria de que tenho pretensões de saber doutrina é errada. Eu tenho a legítima pretensão de obedecer aos Magistério infalível do Romano Pontífice. Mais nada.
Com os melhores cumprimentos,
Luís Rebello Valente
Caros Senhores,
Posso manter a esperança de ser respondido?
Com os melhores cumprimentos,
Luis Rebello Valente
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