sábado, fevereiro 02, 2008

Regicidio


Passaram ontem cem anos sobre o regicídio. Foi no dia 1 de Fevereiro de 1908 que o Rei Dom Carlos desembarcou no Terreiro do Paço com a sua família, regressada de Vila Viçosa. Contrariando a prudência (apenas três dias tinham passado sobre a última tentativa de revolução) decidiu seguir numa carruagem aberta. Decidiu seguir junto do seu povo, daqueles a quem servia. Esta coragem contrasta com a cobardia daqueles que, através de dois fantoches despostos a sacrificarem-se, decidiram vilmente que o rei devia morrer.

Foi na esquina do Terreiro do Paço com a Rua do Arsenal que o Rei e o príncipe herdeiro foram abatidos a tiro. Dois atiradores (consta que haveriam mais) abateram o rei, como se fosse um toiro no matadoiro. Mataram-no sem aviso, sem hipótese de defesa, mataram-no com toda a cobardia típica dos terroristas.

Mas não chegava a morte do suserano, mataram também o príncipe Luís Filipe, que tão galhardamente defendera seu pai. Alia jazia o passado, o presente e o futuro da monarquia. O que sobrava era uma criança assustada, ferida no ombro, que num instante tinha perdido o pai e o irmão.

O regícido não foi o começo do fim da monarquia, esse já tinha começado 80 anos com a vitória do usurpador brasileiro, mas seguramente acelarou o seu fim. Assim, através do sangue de dois inocentes, se construiu uma républica ainda mais sangrenta. Da morte do rei nasceram 16 anos de ditadura, de mortes, de perseguição religiosa, enfim, de ética républicana.

O dia 1 de Fevereiro não devia ser celebrado apenas pelos monárquicos. Os verdadeiros republicanos deviam celebra-lo como o dia da sua vergonha, o dia em que a sua causa ficou para sempre manchada com sangue do rei e de seu filho.

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