quinta-feira, novembro 18, 2010

Manifesto CL

Crise: que resposta?

O desgoverno das contas públicas; a politização da administração pública que, de forma cada vez mais capilar, vai perdendo a sua competência, isenção e sentido de serviço; a instrumentalização da educação; uma administração da justiça degradada e espelho da falta de um ideal autêntico. O nosso país atravessa um momento grave, que se exprime no difundir do desânimo e numa indignação que toma sempre os outros por objecto.
Ao mesmo tempo, o diálogo político é marcado pela superficialidade e pela falta de interesse pelas pessoas. Há um multiplicar de sinais da perda de efectiva liberdade e uma diminuição do sentido da política como serviço ao bem comum.
Facilmente reduzimos esta circunstância a algo que nos é externo e estranho, de que nos podemos lamentar e distanciar. E uma posição ética acaba por se confundir com a ilusão de que podemos pelo menos salvar um canto de realidade, uma espécie de condomínio fechado onde fosse possível construir um pequeno mundo mais justo e moral.
Mas chega-nos uma voz humilde e forte, que nos indica um caminho muito diferente: “Diante desta situação do mundo e da Igreja em que nós participamos, a nossa única estratégia – diz o Papa – é a conversão”.
A situação actual ajuda-nos a posicionar-nos diante desta questão sem iludir que o que está em causa é a nossa própria mudança, como sublinhou o Papa: o que é necessário, para cada um, é “uma viagem ao centro de si mesmo e ao cerne do cristianismo para reforçar a qualidade do testemunho até à santidade.”
Não nos detenhamos no mal-estar e na acusação de insuficiência – dos outros e nossa – que é fonte de vazio e de insatisfação. É possível uma posição de trabalho e de responsabilidade pessoal, que se torna visível aos nossos olhos através do testemunho de tantas pessoas que à nossa roda não baixam os braços, e das obras que contra ventos e marés continuam a construir na sociedade. Ponto fundamental no actual quadro de dificuldades económicas é a disponibilidade para poupar e partilhar de forma exigente e radical.
Todos estamos convidados a responder ao desafio e a viver a missão que nos deixou o Papa ao despedir-se do nosso País: Continuemos a caminhar na esperança!


COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO


Novembro 2010

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