sexta-feira, janeiro 04, 2008

Discurso de Sarkozy

Posto finalmente o discurso de Sarkozy em São João de Latrão. É grande, mas vale muito a pena ser lido.

Senhores Cardeais,
Senhoras e Senhores,
E, se me permitem, Caros Amigos,

Permitam-me dirigir as minhas primeiras palavras ao Cardeal Ruini, para Lhe agradecer muito calorosamente a cerimónia que acaba de presidir. Fiquei muito sensibilizado com as preces que ofereceu pela França e pela felicidade do seu povo. Quero agradecer-lhe igualmente pelo acolhimento que me reservou nesta Catedral de Roma, no seio da sua assembleia.

Ficar-lhe-ei igualmente agradecido, Eminência, por transmitir a Sua Santidade o Papa Bento XVI os meus sinceros agradecimentos pela abertura de seu palácio pontifical, o que nos permite a reunião desta noite. A audiência que o Santo Padre me concedeu de manhã foi para mim um momento de emoção e de grande interesse. Reitero ao Santo Padre o apreço que tenho pelo seu projecto de visita à França no segundo semestre do ano de 2008. Na qualidade de presidente de todos os franceses, contabilizo as esperanças que essa perspectiva suscita nos meus concidadãos católicos e em numerosas dioceses. Sejam quais forem as etapas de sua estada, Bento XVI será bem-vindo em França.

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Dirigindo-me esta noite a São João de Latrão, ao aceitar o título de cónego de honra desta basílica, que foi conferido pela primeira vez a Henrique IV e que se transmitiu desde então a quase todos os chefes de Estado franceses, assumo plenamente o passado da França e esse vínculo tão particular que uniu durante tanto tempo nossa nação à Igreja.

Foi por meio do baptismo de Clóvis que a França se tornou a filha mais velha da Igreja. Os factos são estes. Ao fazer de Clóvis o primeiro soberano cristão, esse evento teve importantes consequências para o destino de França e da cristianização da Europa. Em seguida, por múltiplas vezes ao longo da sua história, os soberanos franceses tiveram a oportunidade de manifestar a profundidade da sua ligação à Igreja e aos sucessores de Pedro. Um exemplo disso foi a conquista por Pepino o Breve dos primeiros Estados Pontifícios, ou a criação junto ao Papa da nossa mais antiga representação diplomática.

Além desses factos históricos, é sobretudo por a fé cristã estar profundamente penetrada na sociedade francesa, na sua cultura, nas suas paisagens, na sua maneira de viver, na sua arquitectura e na sua literatura que França mantém com a Sé Apostólica uma relação tão particular. As raízes de França são essencialmente cristãs. E França forneceu à irradiação do cristianismo uma contribuição excepcional. Contribuição espiritual, contribuição moral, com a profusão de santos e santas de alcance universal: São Bernardo de Clairvaux, São Luís, São Vicente de Paulo, Santa Bernadette de Lourdes, Santa Teresa de Lisieux, São João-Maria Vianney, Frederico Ozanam, Charles de Foucauld, etc. Contribuição literária e contribuição artística: de Couperin a Péguy, de Claudel a Bernanos, Vierne, Poulenc, Duruflé, Mauriac ou Messiaen. Contribuição intelectual, tão cara a Bento XVI, Blaise Pascal, Bossuet, Maritain, Emmanuel Mounier, Henri de Lubac, Yves Congar, René Girard, etc. Permitam-me mencionar igualmente a contribuição determinante da França para a arqueologia bíblica e eclesiástica, aqui em Roma, mas também na Terra Santa, bem como à exegese bíblica, em particular com a Escola Bíblica e a arqueologia francesa de Jerusalém.

Quero evocar entre os Senhores, esta noite, a figura do Cardeal Jean-Marie Lustiger, que nos deixou no último Verão. Quero dizer que a sua irradiação e a sua influência também atravessaram amplamente as fronteiras da França. Fiz questão de participar das cerimónias do seu funeral, pois nenhum francês, afirmo, ficou indiferente ao testemunho de sua vida, à força dos seus escritos e, permitam-me dizer, ao mistério de sua conversão. Para mim e para todos os católicos, o seu desaparecimento representou uma grande dor. Em pé ao lado do seu caixão, vi desfilarem os seus irmãos de episcopado e os numerosos padres de sua diocese e fiquei muito comovido com a emoção que via no rosto de cada um.

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Essa profundidade da inscrição do cristianismo na nossa história e na nossa cultura manifesta-se aqui em Roma com a presença jamais interrompida de franceses no seio da Cúria e nas mais eminentes responsabilidades. Quero saudar esta noite o Cardeal Etchegaray, o Cardeal Poupard, o Cardeal Tauran, Monsenhor Mamberti, cuja acção, não hesito em dizê-lo, honra a França. As raízes cristãs da França são tão visíveis nos seus símbolos, quanto nos estabelecimentos religiosos, na missa anual de Santa Lúcia e na da capela Santa Petronilla. Além disso, há a tradição que faz do Presidente da República o cónego de honra de São João de Latrão. São João de Latrão não é, sem dúvida, pouca coisa. Trata-se da catedral do Papa, da “Cabeça e Mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo”, uma Igreja cara ao coração dos romanos. França estar ligada à Igreja Católica através desse título simbólico é o traço dessa história comum, onde o cristianismo teve um grande peso para a França e a França teve um grande peso para o cristianismo. Portanto, foi muito natural que, assim como o general de Gaulle, como Valéry Giscard d’Estaing, como Jacques Chirac, eu viesse inscrever-me com felicidade nessa tradição.

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Tanto quanto o baptismo de Clóvis, a laicidade também é um facto incontornável no nosso país. Conheço os sofrimentos que a sua implementação provocou em França junto dos católicos, junto dos padres, nas congregações, antes e depois de 1905. Sei que a interpretação da lei de 1905 como um texto de liberdade, tolerância, neutralidade é, em parte – devemos reconhecê-lo, Max Gallo – uma reconstrução retrospectiva do passado. Foi sobretudo com o seu sacrifício nas trincheiras da Grande Guerra, com a partilha dos seus sofrimentos, que os padres e religiosos da França desarmaram o anticlericalismo; e foi a sua inteligência comum que permitiu a França e à Santa Sé superar as suas querelas e restabelecer as suas relações.

Portanto, já ninguém contesta que o regime francês de laicidade seja uma liberdade: a liberdade de acreditar ou de não acreditar, a liberdade de praticar uma religião e a liberdade de mudar de religião, a liberdade de não mais ser confrontado na sua consciência com práticas ostentatórias, a liberdade para os pais de transmitir aos seus filhos uma educação em conformidade com suas convicções, a liberdade de não ser discriminado pela administração pública em função de sua crença. A França mudou muito. Os cidadãos franceses possuem convicções mais diversificadas do que antigamente. Desde então, a laicidade é afirmada como uma necessidade e, eu ousaria mesmo dizer, uma oportunidade. Ela tornou-se uma condição para a paz civil. E foi por isso que o povo francês foi tão clamoroso em defender a liberdade escolar quanto para desejar a proibição dos símbolos ostentatórios na escola.

Assim, a laicidade não poderia ser a negação do passado. A laicidade não tem o poder de cortar França das suas raízes cristãs. Ela tentou fazê-lo. E não deveria tê-lo feito. Assim como Bento XVI, eu acho que uma nação que ignore a herança ética, espiritual e religiosa da sua história comete um crime contra sua cultura, contra esse misto de história, património, arte e tradições populares que impregna tão profundamente nossa maneira de viver e pensar. Arrancar a raiz é perder o significado, é enfraquecer o cimento da identidade nacional, é tornar ainda mais ásperas as relações sociais, que tanta necessidade têm de símbolos de memória.
É por essa razão que devemos manter juntas as duas pontas da cadeia: assumir as raízes cristãs da França e até mesmo valorizá-las, defendendo ao mesmo tempo a laicidade, que finalmente chegou à maturidade. Este é o sentido da iniciativa que eu quis tomar esta noite em São João de Latrão.

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Chegou agora o momento de, com um mesmo espírito, as religiões, em particular a religião católica, que é nossa religião maioritária, e todas as forças vivas da nação olharem juntos para os desafios do futuro e não apenas para as feridas do passado.

Sou da mesma opinião que o Papa quando considera, na sua última Encíclica, que a esperança é uma das questões mais importantes de nosso tempo. Desde o século das Luzes, a Europa experimentou muitas ideologias. Ela depositou sucessivamente as suas esperanças na emancipação dos indivíduos, na democracia, no progresso técnico, na melhoria das condições económicas e sociais, na moral laica. Ela foi gravemente pervertida no comunismo e no nazismo. Nenhuma dessas diferentes perspectivas – que, evidentemente, não coloco ao mesmo nível –, foi capaz de corresponder à necessidade profunda dos homens e das mulheres de encontrar um sentido para a existência.

É claro que fundar uma família, contribuir para a pesquisa científica, ensinar, lutar pelas suas ideias, em particular se estas forem a respeito da dignidade humana, dirigir um país, tudo isso pode dar sentido a uma vida. São essas pequenas e grandes esperanças que, “no dia a dia, nos mantêm no caminho”, retomando os próprios termos da Encíclica do Santo Padre. Porém, não respondem às perguntas fundamentais do ser humano a respeito do sentido da vida e do mistério após a morte. Essas questões são as mesmas em todas as civilizações e épocas e essas questões essenciais em nada perderam de sua pertinência, eu diria até que bem pelo contrário. As facilidades materiais cada vez maiores nos países desenvolvidos, o frenesim de consumo, o acumular de bens, salientam cada vez mais a profunda aspiração dos homens e das mulheres a uma dimensão que os ultrapassa, pois, menos do que nunca, elas os satisfazem.

“Quando as esperanças se realizam”, prossegue Bento XVI, “vê-se claramente que, na realidade, nem tudo se realiza. Torna-se evidente que o homem precisa de uma esperança que vá mais além. Torna-se evidente que só algo de infinito lhe pode bastar, algo que seja sempre o que nunca poderá alcançar. Se não pudermos esperar mais do que o que for acessível, ou mais do que se possa esperar das autoridades políticas e económicas, a nossa vida reduz-se a ficar privada de esperança”. Ou ainda, como escreveu Heráclito, “Se não esperarmos o inesperado, não o reconheceremos”.

Tenho a profunda convicção – o que falei especialmente nesse livro de entrevistas que publiquei sobre a República, as religiões e a esperança –, de que a fronteira entre a fé e a descrença não está e nunca estará entre os que acreditam e os que não acreditam, porque, na verdade, ela atravessa cada um de nós. Mesmo aquele que afirma não acreditar não pode garantir, ao mesmo tempo, que não se questione a respeito do essencial. O facto espiritual é uma tendência natural em todos os homens de procurar uma transcendência. O facto religioso é a resposta dos religiosos a essa aspiração fundamental que existe desde que o homem tem consciência de seu destino.

Ora, durante muito tempo a República laica subestimou a importância da aspiração espiritual. Mesmo depois do restabelecimento das relações diplomáticas entre a França e a Santa Sé, ela mostrou-se mais desconfiada do que benevolente para com os cultos. Cada vez que deu um passo em direcção às religiões, seja tratando-se do reconhecimento das associações diocesanas, da questão escolar, ou das congregações, deu a impressão de que agia porque não podia proceder de outro modo. Foi só em 2002 que a República laica aceitou o princípio de um diálogo institucional regular com a Igreja Católica. Permitam-me lembrar igualmente as críticas virulentas e injustas de que fui objecto no momento da criação do Conselho Francês do Culto Muçulmano. Ainda hoje, a República mantém as congregações sob uma forma de tutela, recusando-se a reconhecer um carácter cultual à acção caritativa, recusando-se a reconhecer o valor dos diplomas expedidos pelos estabelecimentos de ensino superior católicos, não dando o menor valor aos diplomas de teologia, achando que ela não deve se interessar pela formação dos ministros do culto.

Acho essa situação prejudicial ao nosso país. É claro que os que não crêem devem ser protegidos de toda e qualquer intolerância e proselitismo. Mas, um homem que crê é um homem que tem esperança. E o interesse da República é que haja muitos homens e mulheres que tenham esperança. A falta de afeição progressiva nas paróquias rurais, o deserto espiritual nos subúrbios, o desaparecimento da benevolência, a penúria de padres não tornaram os franceses mais felizes. Isto é uma evidência.

Além disso, quero dizer também que, se existe incontestavelmente uma moral humana independente da moral religiosa, a República tem o interesse em que exista também uma reflexão moral inspirada em convicções religiosas. Em primeiro lugar, porque a moral laica corre sempre o risco de se esgotar quando não estiver apoiada numa esperança que satisfaça a aspiração ao infinito. Em seguida e sobretudo, porque uma moral desprovida de ligações com a transcendência está mais exposta às contingências históricas e finalmente à facilidade. Como escreveu Joseph Ratzinger, na sua obra sobre a Europa, “o princípio corrente agora é que a capacidade do homem seja a medida da sua acção. O que se sabe fazer, pode-se igualmente fazer”. A longo prazo, o perigo é que o critério da ética já não seja o de se tentar fazer o que se sabe, mas de fazer o que se pode fazer. Mas esta é uma grande questão.

Na República laica, o homem político que sou não tem que decidir em função de considerações religiosas. Mas é importante que a sua reflexão e a sua consciência sejam esclarecidas especialmente por opiniões que façam referência a normas e convicções livres das contingências imediatas. Todas as inteligências, todas as espiritualidades existentes no nosso país devem participar disso. Seremos mais sábios se conjugarmos a riqueza de nossas diferentes tradições. É por isso que desejo o advento de uma laicidade positiva, ou seja, uma laicidade que, preservando a liberdade de pensamento, a de crer ou não crer, não veja as religiões como um perigo mas, pelo contrário, como um trunfo. Não se trata de modificar os grandes equilíbrios da lei de 1905. Os franceses não desejam isso e as religiões não o pedem. Trata-se, ao contrário, de procurar o diálogo com as grandes religiões de França e ter por princípio facilitar a vida quotidiana das grandes correntes espirituais, ao invés de procurar complicá-las.

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Senhores Cardeais, Senhoras e Senhores,
No final do meu discurso e a alguns dias dessa festa de Natal que é sempre um momento em que nos voltamos para o que há de mais querido na nossa vida, eu gostaria de me dirigir àqueles dentre os Senhores que estão implicados nas congregações, junto da Cúria, no sacerdócio ou no episcopado, ou que seguem actualmente uma formação de seminarista. Eu gostaria de lhes dizer simplesmente os sentimentos que me inspiram as suas escolhas de vida.

Tenho ideia do que representa uma vida inteira dedicada a servir a Deus e aos outros. Sei que o vosso quotidiano é ou será algumas vezes atravessado pelo desencorajamento, pela solidão, pela dúvida. Sei também que a qualidade da vossa formação, o apoio das vossas comunidades, a fidelidade aos sacramentos, a leitura da Bíblia e a prece lhes permitem superar as provações.

Saibam que temos pelo menos uma coisa em comum: a vocação. Não se pode ser padre pela metade, mas em todas as dimensões da vida. Creiam que não se é também presidente da República pela metade. Compreendo que se tenham sentido atraídos por uma força incontrolável vinda do interior, porque eu mesmo nunca me sentei para me perguntar se faria o que fiz, eu fi-lo. Compreendo os sacrifícios por que passam para responder a sua vocação, porque eu mesmo sei os que fiz para realizar a minha.
O que quero dizer esta noite, na qualidade de presidente da República, é a importância que atribuo ao que os Senhores fazem e, permitam-me dizer, ao que os Senhores são. A vossa contribuição para a acção caritativa, para a defesa dos direitos humanos e para a dignidade humana, para o diálogo inter-religioso, para a formação das inteligências e dos corações, para a reflexão ética e filosófica, é fundamental. Ela está enraizada na profundeza da sociedade francesa, numa diversidade muitas vezes insuspeita, assim como ela se espalha pelo mundo. Quero saudar especialmente as nossas congregações, os Padres do Espírito Santo, os Padres Brancos e as Irmãs Brancas, os filhos e filhas da caridade, os franciscanos missionários, os jesuítas, os dominicanos, a Comunidade de Santo Egídio, que possui um ramo em França, todas essas comunidades que, no mundo inteiro, sustentam, cuidam, fomentam, acompanham, consolam o próximo na aflição moral e material. Ao dar, em França e no mundo, o testemunho de uma vida dedicada aos outros e preenchida pela experiência de Deus, os Senhores criam esperança e fazem crescer sentimentos nobres. Isto é uma sorte para nosso país, e o presidente que sou considera-o com muita atenção. Na transmissão dos valores e na aprendizagem da diferença entre o bem e o mal, o professor jamais poderá substituir o padre ou o pastor, embora seja importante que se aproxime dele, porque sempre lhe faltará a radicalidade do sacrifício de sua vida e o carisma de um empenho levado pela esperança.

Quero evocar a memória dos monges de Tibhérine e do Monsenhor Pierre Claverie, cujo sacrifício um dia dará frutos de paz, estou convencido disso. A Europa voltou demais as costas para o Mediterrâneo, enquanto uma parte de suas raízes nela se encontram mergulhadas e uma parte dos países que estão nas margens desse mar se situam no cruzamento de um grande número de desafios do mundo contemporâneo. Eu quis que França tomasse a iniciativa de criação de uma União Mediterrânea. A situação geográfica, assim como o passado e a cultura francesas exacerbam muitas vezes as paixões, onde o choque entre civilizações pode permanecer no estado de fantasma ou oscilar para a realidade mais trágica. Devemos conjugar os nossos esforços para alcançar uma coexistência pacífica, que respeite todos sem renegar nossas convicções profundas, numa zona de paz e prosperidade. Essa perspectiva vai ao encontro, ao que me parece, do interesse da Santa Sé.

Mas o que desejo ainda mais dizer é que, neste mundo paradoxal, obcecado pelo conforto material ao mesmo tempo em que se procura cada vez mais sentido e identidade, França precisa de católicos convictos, que não temam afirmar o que são e em que acreditam. A campanha eleitoral de 2007 mostrou que os franceses tinham vontade de política, por pouco que lhes fossem propostas ideias, projectos, ambições. A minha convicção é a de que eles também esperam por espiritualidade, valores e esperança.

Henri de Lubac, esse grande amigo de Bento XVI, escreveu “A Vida Atrai, Assim como a Alegria”. É por isso que França precisa de católicos felizes que dêem mostras de sua esperança.

França resplandece, desde sempre, pelo mundo pelas suas generosidade e inteligência. É por isso que tem necessidade de católicos plenamente cristãos e de cristãos plenamente actuantes. A França precisa acreditar novamente que não tem que se submeter ao futuro, porque tem que construí-lo. É por isso que precisa do testemunho daqueles que, levados por uma esperança que vá para além deles, se façam novamente todos os dias à estrada para construir um mundo mais justo e mais generoso.
Ofereci esta manhã ao Santo Padre duas edições originais de Bernanos. Quero concluir com ele: “O futuro é algo que se supera. Não nos submetemos a ele, nós o fazemos. O optimismo é uma falsa esperança para uso dos covardes. A esperança é uma virtude, uma determinação heróica da alma. A mais elevada forma de esperança é o desespero superado”. Como compreendo o apreço do Papa por esse grande escritor que é Bernanos.

Em todo lugar onde os Senhores agirem, nos subúrbios, nas instituições, junto aos jovens, no diálogo entre religiões, nas universidades, eu vos apoiarei. França precisa da vossa generosidade, da vossa coragem, da vossa esperança.
Muito obrigado.

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