Qual é a diferença entre Little
Lion Man e todos os outros discursos desesperados que prevalecem na música,
sobretudo no Rock contemporâneo?
Encontramo-nos aqui perante
palavras que com certeza, mesmo se de forma menos poética, já todos ouvimos: o
discurso cínico de alguém mais velho (tornado mais cínico por serem as palavras
dirigidas ao próprio filho), a tentar mostrar à geração seguinte que nada vale
a pena.
Mas reparemos no refrão: A culpa não foi tua, foi minha, e era o teu
coração que estava em jogo. A culpa foi minha, pois com estas palavras que
te dirigi, neguei o desejo do teu coração (You’ll
never be what is in your heart.)
As palavras que dizemos têm peso.
Quantas vezes dizemos coisas sem pensar, ou mais interessados no nosso discurso
sobre a realidade que naqueles que temos à nossa frente.
É esta a originalidade de Little
Lion Man, não um discurso cínico sobre a vida, mas o reconhecimento do erro desse
discurso, que procura abafar o desejo infinito do coração do homem, a única
coisa importante que está sempre em jogo.
Little Lion Man/ Pequeno Leão
Chora por ti, meu homem,
Nunca hás-de ser o que tens no
coração
Chora, meu pequeno leão
Não és tão corajoso como no
principio
Avalia-te, sonda-te
Recolhe toda a coragem que te
sobra
Desperdiçada em resolver todos os
problemas criados pela tua cabeça
A culpa não foi tua, foi minha
E era o teu coração que estava em
jogo
Eu estraguei tudo desta vez,
Não estraguei, meu querido?
Treme por ti, meu homem
Tu sabes que já viste tudo isto
Treme, meu pequeno leão
Nunca vais resolver nenhuma das
tuas disputas
A tua graça é desperdiçada na tua
cara
A tua bravura está só no meio das
ruínas
Agora aprende com a tua mãe, ou
então passarás o resto dos teus dias a morder o próprio pescoço
A culpa não foi tua, foi minha
E era o teu coração que estava em
jogo
Eu estraguei tudo desta vez,
Não estraguei, meu querido?