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A CEE nasceu, após a II Guerra Mundial, com um propósito claro: Estabelecer uma "aliança" política estável entre os Estados europeus (principalmente entre Alemanha e França) de forma a recuperar dos traumas causados pelas duas guerras travadas no século XX e evitar futuros conflitos no Continente.
De Gasperi, Schumann e Adenauer foram os pais desta criança (a 6) que teve uma infância feliz. Numa primeira fase alarguou-se a Norte, Sul e Oeste. A pequena Europa (a 12) tinha um futuro risonho pela frente. A Comunidade passar-se-ia a chamar União (UE). A queda do muro de Berlim (1989), tornou possível o alargamento a Leste. O Santo Padre, o Papa João Paulo II, avisara-a da necessidade, para um crescimento saudável, de respirar com os dois pulmões (o ocidental e o oriental). Assim aconteceu e a nossa amiga Europa atingiu a maioridade a 27.
O que terá feito com que esta criança, com um futuro tão prometedor, esteja tão doente, agora, que se tornou adulta?
Os sintomas da sua doença são evidentes: os europeus sentem um afastamento crescente do projecto europeu. A elevada taxa de abstenção nas eleições ao parlamento europeu e o chumbo da "Contituição" do Sr. Giscard Destain na Holanda e em França confirmam-no.
A Europa é vista, pela generalidade das pessoas, como uma Tia velha que mora em Bruxelas e que manda um cheque, duas vezes por ano, no dia de anos e no Natal. Convém não a desagradar em demasia mas também não faríamos, em caso algum, uma viagem tão longa específicamente para a visitar.
Acontece que os sintomas não explicam por completo a doença. Estes limitam-se a descrevê-la. Perguntar pela sua causa e pela terapia adequada continua a ser pertinente.
Quanto à causa dir-se-á que, após uma simples análise ao sangue, se pode concluir que a nossa querida Europa foi infectada por um virus antigo, que já antes a atingira, mas que não criara nela as necessárias imunidades: O virus do totalitarismo. Este pode manifestar-se de diferentes formas.
Desta vez manifestou-se como ditadura do relativismo. Ninguém pode afirmar com segurança o que é bom e o que é mau. Esta forma subtil de ditadura torna impossível a afirmação clara de princípios e valores estruturantes.
Assim, a cultura da vida foi sendo substituida pela promoção (para usar um eufemismo) do aborto e da eutanásia. A defesa da família estável baseada no amor entre o Homem e a Mulher pela promoção de todos os tipos "(in)imagináveis" de família como igualmente desejáveis. O princípio da liberdade religiosa pelo laicismo deturpado. O princípio da subsidariedade por uma ingerência desadequada na autonomia das pessoas, das pessoas colectivas e dos estados.
A Europa perde, desta forma, uma das suas principais riquezas: a unidade na diversidade.
A nossa Tia Europa, não bastava estar velha e chata, como está metediça e autoritária. Esse é o seu principal problema. Ser velha e chata ainda se compreendia. Mas autoritária?
Acontece que este virus, que tantos danos causou internamente, começa a tornar-se perigosamente contagioso. Sinal alarmante desse contágio são as recentes pressões oficiais da União ao Estado do Nicarágua. Imagine-se! A União tem pressionado o Estado do Nicarágua para que recue num projecto de lei, em debate naquele país, por considerá-lo pró vida. Esta situação descreve bem o estado da doença. Ao mesmo tempo, silencia-se o grave problema da perseguição religiosa na China.
Mas haverá alguma terapia que elimine o virus e cure a Europa?
Parece que a terapia adequada apenas pode ser uma. O regresso às origens do projecto europeu. É necessária a afirmação clara dos valores e princípios fundadores da união. Os princípios de De Gasperi, Schumann e Adenauer. Só isso permitirá que a Europa cresça saudável e impedirá que continue a ser vista como a velha Tia autoritária.
Bernardo Gomes de Castro
A CEE nasceu, após a II Guerra Mundial, com um propósito claro: Estabelecer uma "aliança" política estável entre os Estados europeus (principalmente entre Alemanha e França) de forma a recuperar dos traumas causados pelas duas guerras travadas no século XX e evitar futuros conflitos no Continente.
De Gasperi, Schumann e Adenauer foram os pais desta criança (a 6) que teve uma infância feliz. Numa primeira fase alarguou-se a Norte, Sul e Oeste. A pequena Europa (a 12) tinha um futuro risonho pela frente. A Comunidade passar-se-ia a chamar União (UE). A queda do muro de Berlim (1989), tornou possível o alargamento a Leste. O Santo Padre, o Papa João Paulo II, avisara-a da necessidade, para um crescimento saudável, de respirar com os dois pulmões (o ocidental e o oriental). Assim aconteceu e a nossa amiga Europa atingiu a maioridade a 27.
O que terá feito com que esta criança, com um futuro tão prometedor, esteja tão doente, agora, que se tornou adulta?
Os sintomas da sua doença são evidentes: os europeus sentem um afastamento crescente do projecto europeu. A elevada taxa de abstenção nas eleições ao parlamento europeu e o chumbo da "Contituição" do Sr. Giscard Destain na Holanda e em França confirmam-no.
A Europa é vista, pela generalidade das pessoas, como uma Tia velha que mora em Bruxelas e que manda um cheque, duas vezes por ano, no dia de anos e no Natal. Convém não a desagradar em demasia mas também não faríamos, em caso algum, uma viagem tão longa específicamente para a visitar.
Acontece que os sintomas não explicam por completo a doença. Estes limitam-se a descrevê-la. Perguntar pela sua causa e pela terapia adequada continua a ser pertinente.
Quanto à causa dir-se-á que, após uma simples análise ao sangue, se pode concluir que a nossa querida Europa foi infectada por um virus antigo, que já antes a atingira, mas que não criara nela as necessárias imunidades: O virus do totalitarismo. Este pode manifestar-se de diferentes formas.
Desta vez manifestou-se como ditadura do relativismo. Ninguém pode afirmar com segurança o que é bom e o que é mau. Esta forma subtil de ditadura torna impossível a afirmação clara de princípios e valores estruturantes.
Assim, a cultura da vida foi sendo substituida pela promoção (para usar um eufemismo) do aborto e da eutanásia. A defesa da família estável baseada no amor entre o Homem e a Mulher pela promoção de todos os tipos "(in)imagináveis" de família como igualmente desejáveis. O princípio da liberdade religiosa pelo laicismo deturpado. O princípio da subsidariedade por uma ingerência desadequada na autonomia das pessoas, das pessoas colectivas e dos estados.
A Europa perde, desta forma, uma das suas principais riquezas: a unidade na diversidade.
A nossa Tia Europa, não bastava estar velha e chata, como está metediça e autoritária. Esse é o seu principal problema. Ser velha e chata ainda se compreendia. Mas autoritária?
Acontece que este virus, que tantos danos causou internamente, começa a tornar-se perigosamente contagioso. Sinal alarmante desse contágio são as recentes pressões oficiais da União ao Estado do Nicarágua. Imagine-se! A União tem pressionado o Estado do Nicarágua para que recue num projecto de lei, em debate naquele país, por considerá-lo pró vida. Esta situação descreve bem o estado da doença. Ao mesmo tempo, silencia-se o grave problema da perseguição religiosa na China.
Mas haverá alguma terapia que elimine o virus e cure a Europa?
Parece que a terapia adequada apenas pode ser uma. O regresso às origens do projecto europeu. É necessária a afirmação clara dos valores e princípios fundadores da união. Os princípios de De Gasperi, Schumann e Adenauer. Só isso permitirá que a Europa cresça saudável e impedirá que continue a ser vista como a velha Tia autoritária.
Bernardo Gomes de Castro
1 comentário:
Muito bom o texto.
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