quinta-feira, janeiro 25, 2007

O Retrato de Dorian Gray


No outro dia passeava-me pela FNAC quando de repente vi a venda O Retrato de Dorian Gray. Tinha-o acabado de ler há pouco tempo, mas o livro era de uma tia minha e portanto fui ver quanto custava. Depois de ver o preço, cmecei a ver se encontrava outros livros de Oscar Wilde. Comecei a vasculhar e percebi que todos os livros eram, no mínimo, estranhos. Quanto levantei os olhos percebi que estava na secção “Gay anda Lesbian” da livraria.

Irritou-me solenemente esta catologação d’ O Retrato de Dorian Gray como um livro gay. Não porque ponha em causa a homossexualidade de Oscar Wilde, ou porque seja “cego” e não tenha apercebido que Dorian Gray pretende ser um auto-retratato do próprio autor do livro. Mas porque o que define Dorian Gray, tal como o que define Oscar Wilde, não me parece que seja a sua vida sexual.

Não sou um critico literário, nem sequer um especial fã de Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray foi a única obra dele que li) e por isso a minha opinião vale o que vale. Contudo, parece-me que aquilo que mais marca o livro, tal como o que marca a vida de Oscar Wilde, é o seu desejo de ser perdoado. Mais do que sua amoralidade ou o seu aparente desprezo pelo bem, ressalta (no autor e na personagem) o seu enorme desejo de misericórdia.

Este desejo de misericórdia, esta ânsia de poder começar de novo é comum a todos os Homens, que têm em si a fractura do pecado original.

A mim o que me marca em Oscar Wilde, apesar da sua amoralidade, apesar da sua exaltação do estético, apesar do seu aparente desprezo por todos os outros, é o seu profundo drama, de querer ser santo e não conseguir. Este é o drama de cada homem, este é o meu drama.

1 comentário:

Pyny disse...

Percebo a tua indignação! Nunca li nada de Oscar Wilde, para além de um pequeno conto nas aulas de inglês no liceu, mas percebo que esse drama que dizes que ele tem seja o drama que todos nós temos! O drama de estar sempre distante da santidade!