Hoje três homens entraram na redacção do
jornal satirico Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas. Foi um acto bárbaro, sem
qualquer justificação possível.
Num Estado civilizado tem que haver
liberdade até para insultar. Ninguém deve ser morto por exprimir a sua opinião,
qualquer que ela seja. Se alguém fica ofendido pelo que o outro escreve ou
desenha tem uma solução fácil: não lê, não olha, não compra. Se mesmo assim se
sentir ofendida tem outras soluções: promove um boicote, uma campanha ou mesmo
recorre aos tribunais.
Por isso nada justifica aquilo que hoje
aconteceu em Paris. Mais grave ainda porque vem no seguimento de vários
atentados que têm vindo a ser feitos em França neste último mês. A grande
diferença é que aquilo que aconteceu hoje não foi claramente fruto de um só
homem, mas sim um operação planeada com alvos definidos.
Dito isto, não posso dizer, como na
campanha que começa a ganhar forma no facebook, que "je suis
Charlie".
O jornal em questão mais do que usar a
liberdade de expressão, abusava e travestia
a liberdade que o Estado lhe garante.
O Charlie Hebdo pegou em situações graves e
explosivas e fez com elas humor rasca, baixo e demagógico. Não hesitou em gozar
com milhões de pessoas que nada mais fizeram do que viver a sua fé em paz e
sossego.
Por isso é verdade que nada justifica os
barbáros assassinios que hoje foram feitos. Nenhum daqueles que hoje morreu
merecia isto. Não somos obrigados a viver com medo de sermos mortos pelas
ordinarices que publicamos ou dizemos. Mas os colunistas do Charlie Hebdo não são
mártires da liberdade de expressão. São vítimas injustas de terrorismo. Um
terrorismo que urge parar. Mas não mártires. Hoje houve apenas um mártir da
liberdade de expressão: o polícia que foi morto a tentar garantir que em França
continua a existir liberdade, até para insultar!
3 comentários:
Obg José Maria! António Paulo Rebelo
Identifico-me plenamente com o que disseste, Zé Maria. Abraço. Jorge
Identifico-me igualmente com as suas palavras. Não são muitas as pessoas que se têm manifestado contra o abuso de expressão que o famigerado jornal fazia porque a opinião pública não se dá ao trabalho de meditar sobre as coisas, limita-se a revoltar-se. Mas para mim liberdade de expressão nunca pode atingir os limites do próximo nem as suas crenças e valores sagrados. O Charlie Hebdo era um jornal pornográfico nesse sentido.
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