Observador
Ao Director
Emo. Sr.
Dr. David Dinis
Lisboa,
18 de Agosto
Senhor Director
Foi com muito interesse que li a
reportagem do Observador sobre a destruição do zoo de al-Bisan na Faixa deGaza. A peça da jornalista Vera Novais está muito bem-feita, com bastantes e
interessantes pormenores desde o número de animais mortos (oito primatas e uma
avestruz) até à descrição das terríveis condições que estes animais enfrentam.
Ficámos também a saber como os animais chegaram aquele zoo e o porquê da sua
existência.
Esta reportagem aliás demonstra
mais uma vez o interesse com que o Observador segue o conflito em Gaza, onde
agora se juntam aos 2000 mortos estes oito animais. É de realçar de facto a
atenção que o vosso jornal tem demonstrado por este conflito entre um Estado
Democrático e um grupo terrorista que tantas mortes tem provocado.
Também pela qualidade da
cobertura que o Observador tem dispensado a este conflito não me pode deixar de
espantar o facto de, aparentemente, o vosso jornal ignorar que neste momento no
Iraque se encontra em curso uma perseguição sem quartel aos cristãos.
Perseguição essa que já tinha sido levada a cabo pelo ISIS na Síria.
De facto, pesquisando pela palavra Iraque na vossa página só se encontra uma referência à perseguição aos cristãos no Iraque e nenhuma notícia sobre a expulsão de mais de cem mil pessoas da cidade de Mossul por serem cristãos.
De facto, pesquisando pela palavra Iraque na vossa página só se encontra uma referência à perseguição aos cristãos no Iraque e nenhuma notícia sobre a expulsão de mais de cem mil pessoas da cidade de Mossul por serem cristãos.
Eu percebo que milhares de casas marcadas
com a letra “N” (de Nazarenos, ou seja cristãos) não tenha tanto interesse jornalístico
como a morte de oito primatas. Ou que uma população pobre obrigada a pagar um
imposto de 450 Dólares para poder ficar em sua casa não seja de facto tão
relevante como as más condições que os animais do Jardim Zoológico de al Bisan
enfrentam. Ou que a morte de mulheres, crianças e homens desarmado por
terroristas não mereça a mesma cobertura jornalística que a discussão se o
ataque de Israel ao zoo foi ou não justificado.
Porém não posso deixar de lhe
perguntar: se em vez de crucificarem cristãos as forças do ISIS crucificassem
macacos o vosso jornal publicaria a notícia? Ou se em vez de violarem mulheres
violassem avestruzes? Ou se em vez de ocuparem igrejas ou mosteiros milenares
ocupassem jardins zoológico? Será que assim o silêncio do Observador seria
rompido?
Se for esse o caso gostaria que
Vossa Excelência mo dissesse para começar uma campanha para construir um Zoo em
Mossul, na esperança de que assim os nossos media começassem a noticiar as
barbaridades que se passam no Iraque neste momento.
Com os melhores cumprimentos,
José Maria Seabra Duque
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