segunda-feira, agosto 31, 2009

Martino e l'Imperatore - Claudio Chieffo

Hoje, enquanto ouvia esta música que Claudio Chieffo escreveu para o seu filho Martino, pensava como ela é importante neste momento de eleições. Porque é sempre tentador depositar a nossa esperança num facto humano: na derrota de alguém, na vitória de um político, na eleição de um certo deputado.

Chieffo recorda-nos que a nossa esperança está toda em Nosso Senhor. Não está na sociedade, nem na honra, nem sequer no amor que pode ser outra forma de redução do desejo do nosso coração a uma ideia nossa. Todos este factos, que podem ser bons, tornam-se asfixiantes se os transformamos na nossa esperança. "Crê só em Nosso Pai, que veio e que virá, a trazer a justiça contra a maldade".



La, la ,la ,la ,la...

Ti diranno che tuo padre
era un personaggio strano
un poeta fallito, un illuso di un cristiano.

Ti diranno che tua madre
era una sentimentale
che pregava ancora Dio mentre si dovrebbe urlare.

Tu non credere mai all’imperatore
anche se il suo nome è società
anche se si chiama onore
anche se il suo nome è popolo
anche se si chiama amore.

Credi solo in nostro Padre
che è venuto e che verrà
a portare la giustizia contro la malvagità.

No non credere mai all’imperatore...
anche se il suo nome è società
anche se si chiama onore
anche se il suo nome è popolo
anche se si chiama amore.

No non credere alla scimmia
e alla sua casualità,
tieniti stretto alla mia mano
anche se non ci sarà.

La, la, la, la, la...

Dir-te-ão que o teu pai era uma personagem estranha, um poeta falido, um cristão iludido. Dir-te-ão que a tua mãe era uma sentimental, que rezava a Deus nos momentos em que se deveria berrar. Tu, não acredites nunca no imperador, mesmo que o seu nome seja sociedade, mesmo que se chame honra, mesmo que o seu nome seja povo, mesmo que se chame amor. Acredita só no nosso Pai, que veio, e que virá, trazer a justiça contra a maldade. Não, não acredites nunca no imperador, mesmo que o seu nome seja sociedade, mesmo que se chame honra, mesmo que o seu nome seja povo, mesmo que se chame amor. Não, não acredites no macaco e na sua casualidade, agarra-te à minha mão, mesmo que ela não exista.

domingo, agosto 30, 2009

Chega de Saudade - Caetano Veloso



Vai minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz-lhe numa prece
Que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade
A realidade é que sem ela
Não há paz não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim
Não sai de mim
Não sai

Mas, se ela voltar
Se ela voltar que coisa linda!
Que coisa louca!
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos
Que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços, os abraços
Hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim,
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio
De você viver sem mim
Não quero mais esse negócio
De você longe de mim
Vamos deixar esse negócio
De você viver sem mim

Letra: Vinicius de Moraes, Música: Tom Jobim

Eu Não Existo Sem Vocês - Leila Pinheiro e Rui Veloso




Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você


Letra: Vínicius de Moraes, Música: Tom Jobim.


P.S: Das versões que encontrei no YouTube esta era a melhor.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Concordata.

Corre por aí há uns tempos uma petição on-line, embora só agora me tenha chamado à atenção, contra a Concordata. Os proponentes da mesma falam de laicidade, escondendo atrás destas belas palavra o seu anti-clericalismo.

Antes de mais cabe dar aqui um argumento puramente jurídico. A razão pela qual é impossível haver um tratado internacional entre o Estado Português e outra religião é o facto só a Santa Sé ser pessoa de direito internacional público. Ou seja, para simplificar, é impossível o Estado fazer um tratado com o Islão, porque não há nenhuma autoridade que represente o Islão.

Mas este argumento é menor nesta questão. De facto não é possível o Estado acordar um tratado com mais nenhuma religião, mas isso não é razão para ter um com a Santa Sé.

Convém também estabelecer outro ponto antes de explicar porque razão se justifica a Concordata. Quase todos os direitos concedidos à Igreja pela Concordata são também atribuídos às outras religiões pela lei portuguesa.

Mas também este argumento não é suficiente para justifica a concordata, muito pelo contrário. Porque se a lei já reconhece certos direitos a todas as religiões aparentemente não haveria necessidade de um tratado especial com a Igreja Católica.

O que justifica a Concordata é o facto de a Igreja Católica é a sua presença ímpar na sociedade portuguesa. Existem inúmeras circunstâncias onde a Igreja se cruza com o Estado. Na educação, na saúde, na caridade, na cultura. Basta pensar que mais de metade das instituições de solidariedade social são católicas (sem contar com aquelas onde os fundadores ou membros são católico, mas que institucionalmente são laicas e abertas a todas as pessoas, como por exemplo o Banco Alimentar Contra a Fome).

Para além disso, Portugal é um país com raízes católicas, um país onde grande parte da população é baptizada, onde a maioria se diz católica e onde existem pelo menos milhão e meio de praticantes.

Ora, a igualdade é tratar de maneira igual o que é igual e de maneira desigual o que não é igual. Existe de facto uma necessidade de regular as relações entre a Igreja e o Estado, que não existe com as outra religiões. Seria ridículo em nome de uma suposta igualdade, não regular situações específicas da relação entre a Igreja e o Estado.

Por isso quem quer tratar Igreja da mesma maneira que os outros credos está a lutar pela desigualdade.

in memoriam

Fez dia 19 dois anos sobre o a morte do cantor Claudio Chieffo. Deixo as palavra de don Julian Carron sobre a sua partida para a casa do Pai:

"Caros amigos, rezamos por Claudio Chieffo, que agora vê cara a cara o rosto bom do Mistério que faz todas as coisas e que ele desejou e cantou por toda a vida.

A poesia das suas canções exprimiu a paixão pela presença de Cristo como Aquele que revela a cada um de nós o significado do drama da vida, fazendo-se companheiro do caminho para o Destino.

O nosso povo, educado nos seu canto, continua a caminhar na certeza que «é a bela a estrada que leva a casa», onde agora don Giussani e don Ricci acolhem Claudio"



Io vorrei volerti bene come ti ama Dio
con la stessa passione, con la stessa forza
con la stessa fedeltà che non ho io.

Mentre l'amore mio
è piccolo come un bambino
solo senza la madre
sperduto in un giardino.

Io vorrei volerti bene come ti ama Dio
con la stessa tenerezza, con la stessa fede
con la stessa libertà che non ho io.

Mentre l'amore mio
è fragile come un fiore
ha sete della pioggia
muore se non c'è il sole.

Io ti voglio bene e ne ringrazio Dio
che mi dà la tenerezza, che mi dà la forza
che mi dà la libertà che non ho io.

Mas que Deus se tenha feito homem é uma coisa do outro mundo!

Vi hoje no público uma pequena entrevista de quatro minutos a José Saramago por causa do seu novo livro. Parece que o nosso Nobel vai lançar um livro sobre Caim.

Na entrevista o escritor diz que Deus é uma invenção do homem e que a fé nasce do medo. Estes dois disparates não são novos, há séculos que dizem isto. Mas o que mais me espanta é que este senhores, que falam tanto de razão e experiência, nunca tenham perdido tempo suficiente a testemunhar o fenómenos religioso.

Digo isto, porque se o tivessem feito saberiam que a fé não nasce do medo. Desde de sempre os homens adoraram aquilo que era bom e que os espantava e demonizaram o que era mau. Os egipicios adoravam os gatos porque caçavam os ratos, as íbis porque comiam os insectos, as vacas porque davam leite e carne. Os azetecas adoravam o sol porque lhes dava luz.

A fé nasce do espanto por algo que nos é dado e que vai para além da nossa compreensão. Um facto inteiramente novo, uma presença excepcional. Ninguém segue a Cristo por medo do inferno, mas por desejar o reino dos Céus e o cêntuplo aqui na terra.

Por outro lado dizer que Deus é uma invenção do homem é não conhecer o cristianismo. Existiram no tempo diversas coincidências que possibilitaram a vida na terra. Do espanto por essas coincidências nasce no homem a consciência de que é provável que alguém tenha criado a terra. As coisas estão tão bem feitas que é difícil acreditar que foi um mero acaso. É assim que nasce a consciência de que deve existir um Deus.

Mas eu percebo que isto possa parecer uma invenção. Mas que esse Deus que criou todo o mundo e tudo submeteu ao homem, se tenha feito um de nós é demasiado absurdo. É totalmente impossível que um homem possa ser Deus Todo o Poderoso Criador do Céu e da Terra. Para além disso é completamente ridículo dizer que Deus são três pessoas mas um Só Deus.

Estude-se toda a mitologia, toda a história das religiões comparadas e veja-se como é impossível que o homem tenha inventado uma história assim. Vai contra toda a lógica, toda a razão até mesmo contra toda a imaginação.

Por isso Cristo, Deus feito Homem, é a prova que Deus não é uma invenção do homem. Se não pelo simples facto da sua presença, pelo menos pela impossibilidade de alguém inventar tal história.

quinta-feira, agosto 27, 2009

Ditadura na Bolívia.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou que a Igreja é um símbolo do colonialismo europeu e que portanto deve desaparecer da Bolívia. Acrescenta que com o seu programa de governo, mesmo que não desapareça deve ficar submetida ao Estado porque todas as instituições devem ficar submetidas ao Estado.

Pretende este discípulo de Chavéz acabar com a disciplina de moral das escolas pública e privadas (sendo que 93% dos bolivianos se dizem católicos) e substitui-la por uma cadeira obrigatória onde se ensine as línguas nativas aos jovens.

Este é o exemplo perfeito que uma democracia não são só eleições. Há um limite para o poder democrático, existem certos direitos que não estão disponíveis. Direitos tal como a liberdade de ensino e a liberdade de religiosa.

Um Estado que elimina estes direitos é um Estado totalitário. Mesmo que tenha 50% + 1 dos votos.

Veto às uniões de facto.

O Presidente da Republica vetou a nova lei das uniões de facto.

Antes de mais devo dizer que sou contra qualquer lei das uniões de facto. Se duas pessoas não querem vincular-se perante o Estado, se acham que o Estado não têm nada a ver com o que eles fazem ou deixam de fazer, se não querem os deveres que os Estado impõem as pessoas casada então o Estado não têm nada que lhes conceder direitos. Aliás o Estado não têm que lhes reconhecer nada, porque é isso que eles querem.

Quem quer que o Estado reconheça a sua união com outra pessoa tem um instituto muito simpático, com alguns milhares de anos, que se chama casamento. Se não querem assumir esse compromisso, então não devem ter as regalias do mesmo. Não pode haver direito sem deveres.

Em relação a este diploma em concreto, que quase que equipara as uniões de facto ao casamento têm dois objectivos claros. O primeiro é esvaziar o casamento. Se é possível ter todos os privilégios do mesmo, sem a burocracia, então porque é que alguém se há de casar? Se já era tão fácil acabar com um casamento, com a nova lei do divórcio, com um união de facto ainda é mais. Esta lei é mais um ataque à família. Porque não há família sem casamento. A união de facto, por definição, são duas pessoas que não se comprometem a viver em comunhão de casa, mesa e leito para o resto da vida. Ora, uma família é para a vida, não apenas para o momento em que dura o sentimento.

O segundo objectivo é, enquanto não conseguem aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, equiparar já a união de duas pessoas do mesmo sexo ao casamento. Mais do que um paliativo para os grupos de maricas, este documento cria uma ideia de que é igual a união de duas pessoas de sexo diferente a de duas pessoas do mesmo sexo. De um certo modo é dar a impressão, falsa, de que a sociedade olha de maneira igual para as duas coisas.

Não há dúvida que o PS trava uma guerra sem quartel contra o casamento e a família. Esperemos que sofram uma derrota dia 27 de Setembro.

terça-feira, agosto 25, 2009

Harry Potter




Estou agora a acabar de reler a saga de Harry Potter. Fiz o percurso ao contrário, não por um qualquer método, mas simplesmente porque comecei a ler o sétimo (que é sem dúvida o meu preferido) e fui lendo os outros com o entusiasmo, estando a agora a ler a Pedra Filosofal.

De cada vez que leio a história de Harry Potter gosto mais dela. Não apenas por causa de um ou outro pormenor. Claro que gosto de ver defendida a liberdade de educação, como acontece em "A Ordem de Fénix" ou da constante promoção que J.K. Rowling faz à família nos livros (é brilhante a discussão entre Lupin e Harry no último livro, quando o herói explica ao seu professor que mais importante que ir com eles lutar contra Voldemort é tomar conta da mulher e do filho).

Também não é apenas por os livros serem bem escritos. Com uma história emocionante, que vai amadurecendo, tal como as personagens. É aliás das coisas mais bem feitas da série é a maneira como as personagens vão de facto crescendo com o tempo. Não é que fiquem apenas mais poderosas ou aprendam novos feitiços. Vão de facto crescendo, com todos os dramas e todas as felicidade.

O que realmente me comove na saga de Harry Potter é a sua humanidade. Porque o ponto da história não é a magia. O mundo dos feiticeiros é um mundo imaginário, como Narnia ou a Terra Média, mas o que conta é a história das personagens, especialmente de Harry. E toda a história é feita para a escolha final entre a dar ou perder a sua vida.

Mas para esta escolha final, há todo um caminho feito pelo protagonista. O encontro com Albus Dumbledore, a amizade com Ron, Hermione, Hagrid, Sirius, Lupin e a descoberta de Hogwarts como o lugar onde está o seu coração ("Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração").

De todos estes pontos o que mais me impressiona é a relação de Harry com Dumbledore. Harry segue Dumbledore porque descobriu nele algo de grande. O momento essencial desta amizade é no último livro, quando se descobre que em tempos o director tinha sido amigo de um feiticeiro negro. No momento crucial, quando Harry têm que escolher entre o seu impulso ou seguir Dumbledore, quando todas as evidências exteriores apontam contra o seu mestre, Hermione confronta-o: "Tu conheceste-o". O instinto, o impulso, até a razão podem-se enganar. Mas o coração é o critério que não engana. Por isso Harry escolhe seguir Dumbledore, apesar de todos os defeitos deste. Porque o conheceu.

J.K. Rowling não está ao nível de C.S. Lewis ou de Tolkien. Mas a verdade é que os seus livros seguem a tradição dos mitos destes autores. Ela própria admite que Lewis é uma das suas inspirações. Apesar de alguns disparates que diz, a verdade é que a história que conta têm uma moral cristã: "aquele que quiser ganhar a sua vida há de perdê-la, mas a aquele que a der há de a ganhar".

quarta-feira, agosto 12, 2009

May the Force be with you



As reacções a este vídeo vieram provar uma coisa: os portugueses não têm sentido de humor. Lembro-me de há uns tempos estar a participar num torneio de futebol entre amigos e olhando para a quantidade de discussões ter dito que eles levavam aquilo demasiado a sério. Um amigo respondeu-me: "levam a vida a sério". Mas o problema, tanto naquele momento como agora, não é que levem a vida a sério, é que se levam a eles próprios demasiado a sério.

Prova disto é o artigo de Rui Tavares hoje no Público, que tenta disfarça o seu ultraje com alguma ironia. Diz ele que os Monárquicos prestaram vassalagem à Republica porque trocaram a bandeira monárquica pela bandeira municipal.

Ora se Rui Tavares levasse a vida a sério não fingiria não saber que a razão porque os Vaders fizeram a troca de bandeira nos Paços do Concelho é porque foi ali que foi proclamada a Republica. Se não se levasse tão a sério não dedicaria toda uma coluna a uma graçola!

terça-feira, agosto 11, 2009

"Uma aventura para Mim"

Voltei ontem das férias dos Universitários de Comunhão e Libertação em Vilarinho das Furnas. Após ter estado onze dias no Minho (primeiro na zona de Cerveira, depois Gerês) não posso deixar de reconhecer que é a região mais bela de Portugal. As montanhas, os rios, o mar, as Igrejas, os mosteiros. Não sendo essencial, toda esta beleza faz-nos sempre pensar no Autor da Criação, que nos concedeu tudo isto.

Os cinco dias que passei na companhia dos meus amigos de Comunhão e Libertação foram mais um momento de provocação e, sobretudo, de misericordia de Cristo que assim se oferece de maneira ainda mais clara a um pecador como eu. Olhando para a beleza dos cantos, para a grandeza dos testemunhos de cada um daqueles que viveu estes dias comigo, para o divertimento dos jogos, é impossível não reconhecer Cristo.

De todas as coisas que aconteceram nestes dias o que mais me impressionou foi o testemunho que o Nuno Santos, um amigo nosso que está na Alemanha a doutorar-se nos Instituto Max Planck, nos deu. Impressionou-me sobretudo a certeza com que ele falava da presença de Cristo. Como se nada fosse mais evidente que a Sua Presença na loiça que ele tem que lavar no fim do jantar.

Mas enquanto pensava nisto, ocorreu-me um segundo pensamento: como é que posso dizer que Ele está presente e depois falar dele de outra maneira? Eu quando falo da minha namorada não tenho dúvidas, não falo com cuidado. Digo ela é assim, chama-se assado, estuda isto. Quem de facto reconhece que aquela presença extraordinária que encontrámos na Igreja e que corresponde ao nosso coração é Cristo não pode falar dele de outra maneira.

Foram muito boas e sobretudo muito úteis estas férias. Foi um chamada de atenção para relembra que Cristo está sempre presente, eu é que nem sempre estou.