No passado fim-de-semana quatro cristão coptas egípcios foram
mortos à saída de um casamento. Aparentemente este acontecimento não foi
suficientemente importante para que a nossa imprensa desse por isso.
Mas devo dizer que acho este lapso compreensível. De facto o
que são quatro mortos diante das dezenas de cristãos mortos no mês passado na
Nigéria? E quem fala da Nigéria podia falar do Quénia ou do Paquistão. Ou dos
cristãos condenado a prisão perpétua na Índia por um crime reivindicado por
maoistas e que custou a vida a centenas de católicos em Orissa.
E não foi apenas no mês passado, a situação tem anos. Por
exemplo, o que são quatro mortos diante dos 2.000 cristãos presos na Eritreia,
muitos dos quais submetidos a tortura? Ou dos 200 mil cristãos que se viram
forçados a fugir do Egipto desde a queda de Mubarak? Ou dos 5.000 cristãos vitimas de perseguição
na China em 2012? Ou os 791 cristãos mortos na Nigéria nesse ano?
De facto, quatro mortos são coisa pouca diante das
perseguições a que os cristãos hoje estão sujeitos pelo mundo fora. Percebemos
que os media não falem destes quatro
morto, uma vez que há outras centenas de mártires para falar.
O problema é que não falam destes quatro e também não falam
dos outros. O problema é que a imprensa continua a ignorar as centenas de
mortos, os milhares de prisões e os milhões de refugiados cristãos.
A decisão do parlamento Russo de proibir manifestações de
apoio aos movimentos gay dominou durante dias os nossos jornais. A perseguição
sistemática a que os cristãos são sujeitos no Egipto, na Nigéria, no Paquistão,
na Coreia do Norte, na China, na Eritreia, no Mali, no Sudão, no Vietname, na Bielorrússia,
no Laos, no Sri Lanka, na Birmânia, no Irão, no Turquemenistão, no Iémen, no
Iraque, na Síria, no Uzbequistão, na Índia e na Indonésia não consegue passar
dos pés de página dos jornais quando lá chega.
Mas a não vale a pena fingir que a indiferença é apenas dos
jornais porque também é nossa. É de todos nós, cristãos criados em países
democráticos e que vivemos como se a nossa fé não tivesse nada que ver com a
vida pública. Nossa que vivemos a nossa fé quase em segredo, como se tivéssemos
medo de criar ondas ou de incomodar alguém.
Se nós não comovemos e não nos movemos por esta multidão de
mártires como podemos ficar chocados pelos media não lhes ligar? Se diante da
morte dos nossos irmãos a única coisa que sabemos dizer é “os jornais são
indecentes porque não falam disto” ou “alguém devia fazer alguma coisa sobre
isto, onde é que anda a ONU e a União Europeia?” então não vale a pena exigir
que os outros façam alguma coisa.
Aos cristãos perseguidos pelo mundo fora, ignorados pelo
poder do mundo, silenciados pela imprensa e esquecidos por nós resta-lhes
contudo o mais importante: a certeza que o Senhor não esquece e que o seu nome
está inscrito para sempre no Livro da Vida.
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