Anda por aí uma petição para salvar um cão, de seu nome
Zico, que matou uma criança de 18 meses. Segundos os peticionário o animal não
pode ser culpado de nada e merece uma segunda oportunidade.
Antes de mais é preciso esclarecer que é evidente que o cão
não é culpado de coisa nenhuma. Para se ser culpado é necessário ter consciência,
coisa que os animais não têm. A decisão de abater o cão não é um castigo por
ele se ter portado mal, mas uma mera questão de segurança. Não se pode deixar
vivo um animal agressivo correndo o risco de ele voltar a atacar humanos. A
questão é tão simples quanto isto.
Esta petição, tal como as várias reacções dos defensores dos
animais a este caso, vieram mais uma vez demonstrar quão perigosas estas
instituições se estão a tornar. Segundo os defensores dos animais não há nenhuma
diferença entre homens e animais a não ser o facto de o homem ter uma razão
mais desenvolvida que os restante animais. Por isso matar um animal é mais ou
menos o mesmo do que matar um homem. Estes animalistas tem aliás uma expressão
de que muito gostam: o espéciecismo, ou seja a discriminação com base na espécie,
igual ao racismo ou à xenofobia. Lembro-me que num debate sobre corridas de
toiros um jovem defensor dos animais chegou a comparar as Praças de Toiros a
campos de concentração.
Claro que esta personalização dos animais nem sempre se
traduz em níveis de alucinação tão grandes. Muitas vezes fica-se apenas por
anúncios de adopção de cães onde os cachorros são tratados por bebés ou então
campanhas de indignação contra os animais do circo.
Contudo a tendência de esbater a linha que separa os homens
dos animais é cada vez maior. Cada vez é mais comum tratar os bichos como se de
pessoas se tratassem. Na base desta ideologia está a recusa de Deus. Não a
recusa de um vago ente superior, que tem uma vaga existência. Mas do Deus que
criou o céu a terra e tudo o que nela existe e que no centro da criação colocou
o homem.
A partir do momentos em que os homens se recusam a
reconhecer-se como criaturas de Deus, a partir do momento em que a sociedade
recusa a ordem da criação, então o valor do homem já não está no simples facto
de ser homem, criado à imagem e semelhança de Deus, mas no valor que a
sociedade lhe atribui. Se nós somos de facto apenas um acaso da evolução, então
é pouca a diferença entre um homem e um macaco.
A centralidade do homem na criação de Deus não é uma carta
branca para tratar os animais da maneira que nós queremos. Também eles fazem
parte da criação e por isso deve ser respeitados e bem tratados. Mas como
aquilo que são: animais, criados para servir o homem.
Por isso é que um cão que ataca uma criança deve ser
abatido. Mesmo que tenha sido muito maltratado, mesmo que vivesse em más
condições, mesmo que a criança tivesse metido a cabeça dentro da boca do cão
enquanto lhe puxava o rabo, mesmo assim tem que ser abatido. Não por uma questão
de culpa, mas porque a sua vida vale menos do que o mero risco de atacar um ser
humano.