“(…) aquilo que mais me toca e tocará, aquilo que mais me
afecta e afectará, é o empenho dos excelentes e a miséria dos medíocres(…).”
Esta frase é tirada do quarto livro da série Primeiro Homem de Roma e é posta pela
autora no discurso de encerramento do consulado de Júlio César. Durante o seu
ano como cônsul César teve por colega Bibulo, que, para impedir as reformas de
César, se retirou para casa a observar os astros. Por isso esse ano ficou
conhecido, não pelo nome dos dois cônsules como habitualmente, mas pelo ano do
consulado de Júlio e César.
Lembrei-me deste episódio por causa da polémica à volta das
declarações da Dra. Isabel Jonet num debate na SIC Noticias. Nos últimos dias
temos assistido aos ataques mais baixo e mais vis possíveis à Presidente do
Banco Alimentar Contra a Fome.
Não tenciono fazer aqui a defesa da Dra. Isabel Jonet. O seu
trabalho fala por si e não precisa para nada das minhas palavras. Contra as
ofensas de alguns cobardes erguem-se as 350 mil pessoas que todos os meses
recebem comida do Banco Alimentar.
Escrevo estas linhas porque me tem impressionado muito a
venenosidade dos ataques dirigidos a Isabel Jonet. Ataques coordenados por
pessoas para quem a pobreza e a fome são apenas palavras que ajudam no discurso
político.
O Estado Social é uma coisa bonita. E vociferar contra a
pobreza também. Mas enquanto alguns se dedicam a discursar ou tweetar sobre o
assunto, a Dr. Isabel Jonet ajuda a por comida na mesa daqueles que têm pouco.
Existe uma grande diferença entre a grandeza de Isabel Jonet
e a pequenez de quem a ataca. É que para chegar a essa grandeza é preciso
trabalhar muito, sacrificar o seu tempo, arriscar dar a cara.
Para a pequenez basta um “gosto” no facebook ou postar num
blog. E assim se acalma uma consciência farisaica, com a ilusão de que se fez
alguma coisa de útil.
Como eu dizia este post não serve para defender a Dra.
Isabel Jonet, a sua obra faz isso melhor que eu. Serve simplesmente para lhe
agradecer.
Obrigado Dra. Isabel Jonet por ajudar quem mais precisa.
Obrigado por me educar na caridade. Obrigado pelo tempo oferecido ao país e aos
mais pobres. Obrigado por não responder a quem a ataca como eu faria, dizendo
simplesmente “não gostam, então façam vocês”. Obrigado pela simplicidade com
que faz a sua missão. Muito obrigado por estes vinte anos de voluntariado. Que
Deus a mantenha por muitos e bons anos à frente do Banco Alimentar. Eu agradeço
e penso que o país real, aquele que existe para além das redes sociais e dos
media, também!