sexta-feira, janeiro 30, 2015

O Último Samurai

Gostava de vos convidar a visitar o meu novo blog Nós os poucos...

Em princípio não voltarei a escrever neste blog, mas aqui fica o arquivo de mais de sete anos de escrita minha e dos restantes Samurais!

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Je ne suis pas Charlie.


Hoje três homens entraram na redacção do jornal satirico Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas. Foi um acto bárbaro, sem qualquer justificação possível.

Num Estado civilizado tem que haver liberdade até para insultar. Ninguém deve ser morto por exprimir a sua opinião, qualquer que ela seja. Se alguém fica ofendido pelo que o outro escreve ou desenha tem uma solução fácil: não lê, não olha, não compra. Se mesmo assim se sentir ofendida tem outras soluções: promove um boicote, uma campanha ou mesmo recorre aos tribunais.

Por isso nada justifica aquilo que hoje aconteceu em Paris. Mais grave ainda porque vem no seguimento de vários atentados que têm vindo a ser feitos em França neste último mês. A grande diferença é que aquilo que aconteceu hoje não foi claramente fruto de um só homem, mas sim um operação planeada com alvos definidos.

Dito isto, não posso dizer, como na campanha que começa a ganhar forma no facebook, que "je suis Charlie".

O jornal em questão mais do que usar a liberdade de expressão, abusava  e travestia a liberdade que o Estado lhe garante.

O Charlie Hebdo pegou em situações graves e explosivas e fez com elas humor rasca, baixo e demagógico. Não hesitou em gozar com milhões de pessoas que nada mais fizeram do que viver a sua fé em paz e sossego.

Por isso é verdade que nada justifica os barbáros assassinios que hoje foram feitos. Nenhum daqueles que hoje morreu merecia isto. Não somos obrigados a viver com medo de sermos mortos pelas ordinarices que publicamos ou dizemos. Mas os colunistas do Charlie Hebdo não são mártires da liberdade de expressão. São vítimas injustas de terrorismo. Um terrorismo que urge parar. Mas não mártires. Hoje houve apenas um mártir da liberdade de expressão: o polícia que foi morto a tentar garantir que em França continua a existir liberdade, até para insultar!

quarta-feira, outubro 15, 2014

RESPOSTA DE JOVENS CASAIS CATÓLICOS AO JORNAL I




No artigo publicado no passado dia 14 de Outubro, o jornal I quis saber como vivem e pensam os jovens casais católicos de hoje. Para ajudar a cumprir o propósito do artigo, vimos por este meio apresentar-nos: somos jovens casais católicos de hoje, unidos pelo Sacramento do Matrimónio, fiéis à doutrina da Igreja. Passamos a explicar:

1)Somos casais, homem e mulher, baptizados , que aderiram a Cristo por Amor, em total liberdade. E esta adesão é completa porque, para nós, Amar implica uma experiência de entrega total, sem reservas ou limites: por isso frequentamos regularmente os Sacramentos e participamos activamente das comunidades e Movimentos a que pertencemos.

2) Entendendo o Amor como a nossa vocação, ou seja, aquilo para que fomos chamados, e tendo como exemplo máximo Cristo que morreu por nós na Cruz, para nós o Sacramento do Matrimónio não pode significar uma entrega menor que esta. Por isso, com Deus, tornamo-nos um só, uma só carne, até que a morte nos separe.

3) Sabemos que a sexualidade é parte integrante do nosso corpo e que, tal como ele, é boa e foi criada por Deus. Sabemos que não temos um corpo, mas que somos um corpo, e o sexo para nós só faz sentido  se corresponder a uma entrega total por amor: livre, aberto a todas as suas consequências, sem reservas, uma experiência de comunhão total entre 2 pessoas. Menos do que isto não queremos.
Trocado por miúdos, dispensamos as pílulas, os preservativos e tudo o que poderia distorcer esta união livre. Não queremos ser objectos sexuais, queremos amar e ser amados. E não queremos excluir Deus desta parte da nossa vida. Para nós, o sexo tem tanto de humano como de divino. Os casais católicos de hoje são sem dúvida muito exigentes neste assunto.

4)Sim, estamos abertos à procriação, porque consideramos que a Vida é um dom. Os filhos são os frutos do nosso amor e não faria sentido negá-los, adiá-los ou planeá-los com a leveza de quem projecta umas férias ou a compra de uma casa. Viver assim, em generosidade, traz-nos uma alegria imensa. Mas sabemos que as circunstâncias da vida nem sempre são fáceis. E por essa razão procuramos conhecer o nosso corpo, estudar em casal a fertilidade da mulher, e os métodos naturais que melhor se adaptarem a nós nessas alturas difíceis. Mas a generosidade mantém-se. Os bebés, para nós, nunca são persona non grata.

5)Por último, era bom que fosse, mas nada disto veio da nossa cabeça. Veio do Novo Testamento, das encíclicas dos Papas (Humanae Vitae, Familiaris Consortio, ...), das catequeses do Papa João Paulo II que deram origem à Teologia do Corpo, e do próprio Catecismo, que estabelece inequivocamente, apesar de V.Exas. não terem publicado no fim do artigo, que: "a sexualidade é fonte de alegria e de prazer. (...) foi o próprio Criador quem estabeleceu que, nesta função, os esposos experimentassem prazer e satisfação do corpo e do espírito."


Serve esta carta aberta para dar testemunho real de casais jovens que vivem de acordo com aquilo que a Igreja lhes pede. Não faz sentido querer fazer uma entrevista a um maratonista e para tal inquirir uma pessoa que faz jogging aos sábados de manhã.

Queremos dizer que é possível e que desejamos que todos os casais sejam tão felizes como nós somos, apesar das dificuldades que possam surgir.

Pelos inúmeros casais católicos de hoje,
Catarina e Miguel Nicolau Campos, 25 e 31 anos
Sofia e José Maria Duque, 27 e 29 anos
Margarida e Bernardo Oom Sacadura, 24 e 26 anos
Maria Ana e Luís Mascarenhas Gaivão, 26 e 33 anos
Maria do Carmo e Simão Pedro Silveira Botelho, 25 e 26 anos
Joana e Tiago Rodrigues, 29 e 31 anos
Mariana e Stanislaw Biela, 32 anos
Maria e Nuno Rodrigues, 30 anos
Carolina e Rafael Souza-Falcão, 24 e 30 anos
Catarina e Hugo Lopes, 25 e 31 anos

sexta-feira, outubro 03, 2014

Resposta a "Porque não irei, este ano, à caminhada pela vida"


Caro Padre Nuno,
escrevo-lhe com dor depois de ter lido o texto onde explica as razões porque não vai à Caminhada Pela Vida de amanhã.
Dor porque tenho por si uma grande estima e admiração, fruto do trabalho que eu, desde pequeno, o vejo desenvolver na defesa da vida desde o momento da concepção. E por isso doi-me a desconfiança com que fala da Caminhada Pela Vida deste ano, da qual sou Coordenador-Geral.
Mas sobretudo dor por o Padre Nuno nunca ter procurado saber nada sobre a Caminhada, nem ter pedido nenhuma informação antes de públicamente dizer que a Caminhada quase lhe cheira a enxofre. Ainda mais porque se tivesse vontade de saber mais sobre o assunto lhe bastaria um telefonema ou um mail. Contudo preferiu atacar públicamente uma inciativa que tanto trabalho custou a tantas e tantas pessoas que durantes anos lutaram a seu lado na defesa da Vida. Que um desconhecido fale assim da Caminhada ou da Iniciativa Legislativa de Cidadãos que nela vai ser lançada ainda se pode compreender. Agora que um amigo, um sacerdote, o faça, sem ter procurado antes esclarecer o assunto é uma dor.
Penso que é também uma falta à caridade cristã e ao dever que cada um tem de corrigir o seu irmão em privado, antes de o fazer publicamente. Mas esse juízo deixo-o ao Bom Deus e à sua consciência.
Deixe-me também dizer-lhe que embore aprecie a sua posição moral clara e intransigente em relação ao aborto, ela é abstracta e por isso pouco útil. Para mim, assim como para todos os que organizam a Caminhada Pela Vida, o aborto é uma questão muito concreta: todos os dias nos hospitais e clínicas de Portugal são mortas crianças. E cada uma dessas vidas tem um valor infinito.
Por isso qualquer homem de boa vontade que queira ajudar a travar este flagelo é neste combate meu irmão e meu camarada.
O Padre Nuno não vem à Caminhada porque a ela se juntam políticos que vêm publicamente defender a Vida. Pois esses políticos, apesar do risco que correm nos seus partidos e do desdém daqueles fariseus que dão uma volta de vinte passos ao passar por eles, vão publicamente dar a cara contra o aborto.
Por isso prefiro amanhã caminhar ao lado daqueles que, tão imperfeitos e limitados como eu, se juntam para publicamente defender cada vida. Se a Caminhada de amanhã salvar uma vida, eu já fico contente. Se der força a um projecto-lei que pode diminuir o número de abortos em Portugal, mais contente fico.
Se o padre Nuno acha que a nossa companhia é indigna da sua presença, se prefere apregoar em voz alta "Senhor, obrigado por não me teres feito um pecador como estes" está na sua liberdade. Mas acredite que me entristecerá a mim, assim como a tantos que muitas vezes estiveram a seu lado, o seguiram e o apoiaram na sua luta contra o aborto.
Despeço-me, pedindo que aceite a minha filial saudação em Cristo e pedindo-lhe a Sua Benção.