sábado, maio 05, 2007

Lenda Negra I - O caso Galileu - Conclusões



No post anterior publiquei apenas a história do julgamento de Galileu. Este post agora tem como objectivo revelar algumas das desmistificações que surgem dos factos.

A teoria heliocêntrica

Comos vimos, a Igreja não se opunha de forma alguma a esta teoria, nem aliás a nenhum dos avanços da ciência. A teoria não era nova, copérnico formula-a em 1543 (noventa anos antes do julgamento de Galileu) no livro As revoluções dos mundos celestes dedicada ao Papa Paulo III, e com um imprimatur dado por um cardeal dominicano. Daí até Galileu a Igreja conheceu onze Papas, que não só não perseguiram a tese como sempre a tiveram em consideração. Aliás a atitude da Igreja é a verdadeira atitude ciêntifica, que trata as teses como aquilo que são, hipoteses à espera ou da confirmação dos factos ou do surgimento de uma tese melhor. Este é o espirito verdadeiramente cientifico, e foi esse o espirito que Galileu não teve. A proibição da obra e do seu ensino por parte da Igreja tem base ciêntifica, é como a recusa nos nossos dias da publicação de um artigo inexacto e sem provas por parte de uma qualquer revista científica.

Perseguição à Ciência

Esta lenda de que a Igreja sempre foi "obscurantista" e contrária aos avanços cientificos perde aqui o seu maior trunfo, que passa de repente para o lado católico. Na altura do julgamento, Galileu estudava mais coisas além do movimento terrestre, e foi sempre apoiado e ajudado nos seus estudos por muitos cardeais e clérigos cientistas, aos quais dedicou muitas das suas obras.

Se sempre se falou da perseguição catóica, sempre se calou a feita pelos protestantes, e aí sim a perseguição foi dura. Logo na obra de Copérnico o perfácio é escrito por um protestante, que afirma, ele sim, que é preciso cuidado pois a teoria parecia ir contra a letra da Bíblia, coisa intoleravel para um protestante. Kepler por sua vez, protestante, defensor da teoria copernicana, foi expulso d o colégio onde ensinava pelos seus colegas protestantes que o consideravam blasfemo. Teve de abandonar a Alemanha. O mais interessante é que foi convidado para ensinar na Universidade de Bolonha, em território pontificio, ele que não só era protestante como defendia uma teoria que, segundo se diz hoje, era perseguida pela Igreja. Foi dos protestantes que surgiram as mais acérrimas criticas a todos estes cientistas e quando soube da condenação de Galileu, Lutero afirmou que se fosse com ele, Galileu tinha sido queimado.

A Igreja sempre apoiou e colaborou com todas as ciências. As Universidades são produto tipico da Cristandade. Os jesuitas, nessa época de Galileu, eram uma das grandes elites cientificas (não admira portanto que tenham sido encarregues do ensino nas escolas) Foi nessa época que o Observatório Vaticano consolidou a fama de ser um dos institutos cientificos mais prestigiados e rigorosos do mundo. Tanto que em 1870 os italianos anticlericais e maçons invadem Roma e começam a expulsar as ordens religiosas, abrem uma excepção a este instituto católico, permitindo-lhe continuar em funções.

Tudo isto porque a Igreja não tem medo da Ciência, sabe-a sua aliada, pois nada se há-de descobrir de Verdadeiro que vá contra contra aquilo que a Igreja já sabe há séculos.

1 comentário:

BGC disse...

Marcos,

Obrigado por esta belíssima série de "artigos" sobre as mentiras de que acusam a Igreja e as verdades comummente desconhecidas. São de enorme utilidade.

Espero que continues a série "lendas negras" no blog e que me emprestes o livro quando puderes.

Grande Abraço
Bernardo